Roberto Requião critica ‘liberalismo de jabuticaba’



Em discurso no Plenário nesta segunda-feira (9), o senador Roberto Requião (PMDB-PR) criticou o que chamou de “liberalismo de jabuticaba” do Brasil. O senador lembrou que o jornalista Luís Nassif passou a chamar assim o pensamento político da elite brasileira e de grupos da imprensa como as Organizações Globo, e os grupos Folha e Estadão.

- Justiça eleitoral, diploma para jornalista e jabuticaba só existem no Brasil – exemplificou.

Requião criticou a visão dos liberais brasileiros sobre o processo de impeachment de Fernando Lugo, ex-presidente do Paraguai. Para ele, “o golpe” no país vizinho não pode ser diminuído com o uso de eufemismos. Na visão do senador, “a farsa” de agora no Paraguai pouco se difere da que ocorreu no Brasil, em 1964. Ele traçou um paralelo entre as duas situações e disse que foi dentro da legalidade da época que os militares brasileiros chegaram ao poder.

Nos dois episódios, disse Requião, os presidentes Lugo e João Goulart, presidente do Brasil em 1964, desafiaram as forças militares e estimularam a agitação no campo. O senador acrescentou que tanto Jango quanto Lugo incentivaram inovações industriais. Ele disse que, como ocorreu no golpe no Brasil, no Paraguai a imprensa também se tornou um partido político.

- Até hoje, Jango é visto com reservas, tanto na direita quanto na esquerda – lamentou.

Requião também criticou a posição dos “liberais de jabuticaba” em relação à questão racial. Ele disse que, desde os tempos da escravidão, a posição liberal não tem colaborado para o fim do preconceito. O parlamentar criticou a omissão da Igreja Católica quanto à escravatura, dizendo que “nunca um padre condenou as senzalas ou criticou o leilão de negros”.

O senador disse, ainda, que setores da imprensa também colaboram com o “liberalismo de jabuticaba”, com uma cobertura pouco isenta. Ele citou a manifestação pelas eleições diretas em 1984, quando cerca 300 mil pessoas se reuniram na Praça da Sé, em São Paulo (SP), e a TV Globo retratou o evento como sendo a comemoração do aniversário da cidade.

- Faz falta ao país um pensamento autenticamente liberal. Não esse liberalismo midiático, que apoia golpe no Paraguai e participa de movimentos que gritam ‘basta’, ‘chega’ e ‘fora’ – declarou.

Em aparte, o senador Paulo Paim (PT-RS) elogiou o pronunciamento do colega e lembrou que Requião, quando foi governador do Paraná, usou a política de cotas raciais. Segundo Paim, a medida é sucesso tanto entre negros quanto entre brancos.



09/07/2012

Agência Senado


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