ROBERTO REQUIÃO PREVÊ DISCUSSÃO DO IMPEACHMENT



"Talvez em um ano o Congresso Nacional possa estar discutindo o impeachment do presidente da República". O diagnóstico é do senador Roberto Requião (PMDB-PR), que voltou a condenar o que ele considera a deliberada disposição do presidente Fernando Henrique Cardoso de internacionalizar o Brasil. O parlamentar acha pouco útil discutir os ajustes tributários propostos pelo governo, porque está certo de que eles não levarão o país a lugar nenhum.Em sua análise, a raiz do problema enfrentado pelo Brasil é a dependência em que o país se encontra em relação ao mundo desenvolvido. Na opinião de Requião, essa sujeição foi preconizada na própria obra acadêmica do presidente Fernando Henrique Cardoso, onde se encontra o livro Dependência e Desenvolvimento na América Latina, escrito em parceria com o chileno Enzo Faletto. "Temos então um anúncio antigo do encaminhamento do Brasil para uma globalização absolutamente dependente", afirmou o parlamentar.Como exemplo dessa sujeição, ele aponta o fato de que o Brasil se esforça para conseguir um empréstimo de US$30 bilhões do FMI, mas paga mais de R$2 bilhões por semana em juros da dívida mobiliária. O senador recomenda que o Congresso aborde definitivamente o modelo econômico adotado pelo governo, até porque, conforme disse, economistas credenciados anunciam o risco de uma explosão em duas ou três semanas. "Chamarão isso de um "ataque à nossa moeda". Nada tem de ataque à deliberada disposição do presidente da República de internacionalizar o Brasil", comentou Requião. Em sua opinião, desse ataque resultaria a venda da Petrobrás e do Banco do Brasil, daí porque ele sugere que se acabe logo com essa proposta política de dependência externa, sustentada pelo presidente Fernando Henrique Cardoso.Ironicamente, o parlamentar também disse que o presidente da República "não se esqueceu do que escreveu - propôs a dependência e está realizando uma política que coloca o Brasil de joelhos diante do mundo". Para Requião, o governo brasileiro é o único que acredita atualmente na globalização, pois todos os outros países estão defendendo o emprego interno, suas indústrias e o desenvolvimento autônomo. - O presidente da República se afundou nos seus compromissos e não tem mais condição política de renegociar um outro modelo de desenvolvimento, tal a ordem e a profundidade dos seus compromissos. Estamos entrando em uma entaladela definitiva, afirmou o senador.

04/11/1998

Agência Senado


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