Roberto Rodrigues diz que etanol não vai tomar lugar dos alimentos



 O ex-ministro da Agricultura, coordenador da Comissão Interamericana do Etanol e presidente do Conselho Superior do Agronegócio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Roberto Rodrigues, negou, durante audiência pública realizada nesta quarta-feira (18), que o plantio da cana-de-açúcar destinado ao etanol vá tomar o lugar da produção de alimentos, como temem alguns setores da pesquisa e até da política.

- Não é verdade que a produção de cana vá se chocar com a alimentação. Temos milhões de hectares de pastagens que podem ser utilizados para a agricultura - disse.

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Rodrigues afirmou, durante a audiência pública conjunta da Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA) e de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA) que debateu a produção e exportação de etanol e biocombustíveis, que "é uma "bobagem" a idéia de que a Amazônia será derrubada para a plantação de cana, já que é "agronomicamente impossível" o plantio em uma região de chuvas intensas.

Com um discurso na mesma linha, o atual ocupante da pasta da Agricultura, ministro Reinhold Stephanes, lembrou que quase 50 milhões de hectares no país atualmente são destinados à produção de grãos, além de o produtor brasileiro vir aumentando sua produtividade por hectare.

- Com o etanol, ocupamos hoje pouco mais de 10% [da área plantada], algo em torno de seis milhões de hectares - acrescentou.

Stephanes revelou ainda que o Ministério calcula existirem entre 30 milhões e 50 milhões de hectares de áreas degradadas no Brasil que deveriam ser recuperadas, e a produção da cana poderia ser uma boa forma, disse. Sendo assim, é possível aumentar a produção do etanol respeitando condições socioeconômicas e ambientais, acrescentou.

Agroenergia

Em sua palestra, Roberto Rodrigues defendeu a utilização do termo "agroenergia" para definir o que chamou de novo paradigma agrícola se desenhando no mundo: a produção de energia a partir da agricultura, energia democrática, não finita que pode mudar a posição de países hoje considerados miseráveis. Disse que o Brasil pode liderar um projeto mundial voltado para a melhoria das condições ambientais com sustentabilidade, gerando emprego, riqueza e renda, mas, para isto, é necessário projeto e estratégia.

- O Brasil precisa exportar a usina completa - disse

Além disso, argumentou, é preciso resolver uma série de impasses, como investimento em tecnologia, transporte da produção, estocagem e melhoria tributária. Além disso, é preciso levar em conta a questão da mão de obra, pois, se a colheita for mecanizada, causará desemprego. Rodrigues defendeu a criação de um capítulo na Organização Mundial do Comércio (OMC) sobre o tema e sugeriu também que se crie uma Secretaria Especial de Agroenergia, comportando os oito ministérios que lidam com o tema, como o de Meio Ambiente e o de Ciência e Tecnologia, mais Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Agência Nacional de Águas (ANA) e Petrobrás, entre outras.

- É preciso uma estratégia público-privada para o setor - afirmou.



18/04/2007

Agência Senado


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