ROBERTO SATURNINO DESTACA PASSAGEM DO DIA DO JORNALISTA



A passagem do Dia do Jornalista, comemorado nesta sexta-feira (dia 7), foi o tema de discurso pronunciado na tribuna pelo senador Roberto Saturnino (PSB-RJ). O senador afirmou que a imprensa, "um quarto poder desta e de qualquer república ou país em todo o mundo", é vista por muitos com uma força maior do que a dos outros três, por ter papel determinante na definição da agenda de discussão do país. Ele salientou que o jornalista, no desempenho de sua função, sofre "pressões extremamente fortes, às vezes irresistíveis". O senador citou a instabilidade no emprego e a extrema rotatividade na profissão.Roberto Saturnino falou sobre três responsabilidades dos trabalhadores da informação. Destacou, em primeiro lugar, o fato de os jornalistas serem profissionais da palavra.- Eles pertencem ao conjunto de trabalhadores que lidam com a língua, este patrimônio inestimável de qualquer nação - afirmou o senador.Essa responsabilidade, destacou parlamentar, carrega em si a obrigação de preservar o idioma de deturpações. Estas, para ele, se acumulam com as influências externas que, na globalização, "tendem a descaracterizar sua raiz legítima".Em segundo lugar, o senador ressaltou o compromisso dos jornalistas com a verdade. Lembrou que, muitas vezes, a verdade "é obtida na clandestinidade, sem poder se revelar a fonte, o que faz parte da ética profissional". Roberto Saturnino ressalvou, porém, que esse compromisso constitui também a maior fonte de críticas à profissão, devido ao tráfico da informação que, "infelizmente, existe". Lembrou que informações falseadas publicadas na imprensa podem trazer prejuízos irreparáveis.Como exemplo de tais prejuízos, o senador mencionou o caso de Jó Resende, que foi seu vice-prefeito na cidade do Rio. Pessoa de "posses modestas", ao final da gestão vendeu uma pequena propriedade em Teresópolis e, com dois sócios, comprou uma pequena fazenda, dedicando-se à pecuária leiteira. "Um dia, foi surpreendido com uma manchete, de primeira página, com fotografia, no jornal O Globo, que o apontava como grande proprietário. Ele teria saído da prefeitura, tendo-se locupletado, para adquirir um latifúndio." Roberto Saturnino disse que Jó Resende entrou na Justiça, ganhou direito de resposta, mas a matéria saiu numa página interna. "Aquela manchete ficou para o resto da vida. Um prejuízo irreparável", afirmou. Por último, o representante do Rio de Janeiro citou a responsabilidade do jornalista com o desenvolvimento político e com a democracia no país. Para ele, "é preciso tratar a verdade com uma forma que não seja destruidora do processo político no país". O senador disse haver formas edificantes de apresentar a verdade, mas seu tratamento de modo escandaloso não serve para consolidar a democracia. Ao finalizar seu pronunciamento, o senador leu nota publicada pelo Sindicato dos Jornalistas no Distrito Federal protestando contra o aumento da arbitrariedade e da impunidade no país.Em aparte, o senador Carlos Patrocínio (PFL-TO) fez um apelo aos parlamentares para que acelerassem a tramitação do projeto que regula a lei de imprensa. Afirmou que a lei poderá ser uma proteção contra "os maus profissionais que dizem meias verdades, conturbando a sociedade". Já a senadora Heloísa Helena (PT-SP) parabenizou a categoria, lembrando especialmente os profissionais que são vítimas de perseguição por conta de seu trabalho. Mencionou, como exemplo, o jornalista Ricardo Noblat, que vem denunciando intimidações contra sua família por conta da postura adota pelo jornal em que trabalha, o Correio Braziliense.Na oportunidade, o senador Romero Jucá (PSDB-RR) denunciou que vem sendo vítima em seu estado de uma "má imprensa, de uma imprensa que deturpa". Lembrou, ainda, que os jornalistas enfrentam dificuldades ao cumprir seu dever de isenção e seu papel de transformador e investigador "por conta de limitações econômicas, pressões e ameaças".

07/04/2000

Agência Senado


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