Roberto Saturnino não acredita na dolarização da economia argentina



Ao afirmar que a Argentina atingiu seu ponto crítico no caminho que leva à insolvência, o senador Roberto Saturnino (PSB-RJ) disse não acreditar que o país dolarizará a sua economia. Ele argumentou que dificilmente a população aceitará renunciar à sua soberania. O país, disse entende o senador, terá que caminhar para a desvalorização de sua moeda, "ainda que passando por algumas etapas e enfrentando grandes sacrifícios".

A situação atual da Argentina, na avaliação do senador pelo Rio de Janeiro, mostra o quanto pode ser danosa para um país a política do câmbio fixo atrelado ao dólar. Ele lembrou que o Brasil também sofreu prejuízos ao ancorar sua moeda ao dólar americano, no primeiro governo do presidente Fernando Henrique Cardoso. A adoção do câmbio flexível, quando o economista Francisco Lopes assumiu a presidência do Banco Central, salvou o país de seguir o caminho argentino, na avaliação de Saturnino.

Mesmo ressaltando que a situação do Brasil hoje é diferente da vivida pela Argentina, Saturnino manifestou sua preocupação com os destinos da economia brasileira. Para ele, a vulnerabilidade causada pela dependência do capital externo coloca o país numa situação de quase impossibilidade de tomar resoluções soberanas sem que haja a concordância das autoridades do mercado financeiro internacional.

Saturnino disse que o governo brasileiro não conseguirá honrar seus compromissos apenas apostando no crescimento das exportações. Ele defendeu a necessidade de uma atenção diária e constante sobre o câmbio e o estabelecimento de um maior controle nas saídas de capital nacional, para evitar que a economia brasileira chegue a um ponto de ruptura.

Outra medida defendida por Saturnino foi o país passar a encarar a possibilidade de renegociar sua dívida externa. Neste sentido, ele criticou declarações dadas pelo ministro da Fazenda, Pedro Malan, contrárias à sugestão da vice-diretora do Fundo Monetário Internacional (FMI), Anne Krueger, de que deveria haver uma reestruturação da dívida dos países emergentes.

Em aparte, o senador José Alencar (PL-MG) concordou com a necessidade do Brasil sentar à mesa para renegociar sua dívida. "Não é nenhum pecado", disse, registrando que as autoridades financeiras mundiais conhecem a situação brasileira e sabem que terão que negociar não só os prazos para pagamento como as taxas atualmente utilizadas.

Já o senador Lindberg Cury (PFL-DF) informou que os resultados da 4ª Conferência Ministerial da Organização Mundial do Comércio (OMC), realizada no Qatar - na qual ele representou o Senado - apontam para a possibilidade de o Brasil ampliar suas exportações na área da agricultura. O motivo, segundo ele, é que a França aceitou uma redução gradativa nos subsídios que oferece aos seus agricultores.

03/12/2001

Agência Senado


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