ROCHA ATRIBUI AUMENTO DOS JUROS À "FROUXIDÃO" DA POLÍTICA FISCAL



Se houve um grande malogro do Plano Real, que foi capaz de debelar a inflação crônica em que o Brasil vivia, este foi o da incapacidade de produzir taxas de juros civilizadas, afirmou o senador João Rocha (PFL-TO) em discurso sobre a crise financeira mundial. O senador disse que hoje há um consenso de que as taxas de juros altas devem-se "à frouxidão da política fiscal". Para ele, isso ocorreu devido à incapacidade de o governo central manter os gastos públicos dentro dos limites do que o Estado, em seus três níveis de administração, arrecada.Apesar dos aumentos de impostos nesses quatro anos de Plano Real, destacou João Rocha, o déficit público atingiu a cifra de 7% do PIB.- Um péssimo resultado. Junte-se a isso um déficit de 4% do PIB nas contas- correntes do balanço de pagamentos, e temos um quadro exato da inconsistência da atual política econômica.Em sua análise sobre a crise financeira mundial, João Rocha sustentou que, para o Brasil ultrapassar esta conjuntura desfavorável, é preciso que o governo resista à tentação tanto de desvalorizar a moeda a curto prazo quanto de criar controles à saída de capitais estrangeiros. Ele explicou que essas medidas, tomadas no meio de uma crise cambial e com base em exemplos de outros países, só fazem piorar a situação.- Desvalorizações, mesmo pequenas, nesse contexto, saem facilmente do controle do país que as pratica, resultando em desvalorizações muito maiores do que se pretendia no início, em função do pânico que causam entre os investidores e a população em geral. Quanto ao controle de saídas de capital, além de ineficaz, ocasiona a diminuição dos fluxos desses capitais ao país, uma vez normalizada a situação - declarou João Rocha. Para corroborar a sua avaliação sobre a crise financeira e a entrada dos capitais especulativos, o senador citou pronunciamento que fez em maio de 1995, que, conforme disse, mantém a atualidade.- Continuamos a receber capital sem nenhuma restrição, sem nenhuma regulamentação. Estamos trocando as facilidades que eles nos proporcionam, no curto prazo, em relação ao equilíbrio financeiro de nossas contas externas, por um futuro incerto. Em outras palavras, estamos jogando com a sorte. Mais ainda: estamos sendo irresponsáveis! João Rocha afirmou ainda que o perigo de depender "excessivamente" de poupança externa para financiar o desenvolvimento é uma lição que o Brasil parece não conseguir aprender, apesar dos fartos exemplos apresentados nesse sentido pela história recente.- E quero deixar bem claro que não me alinho entre os nacionalistas à moda antiga, que têm horror ao capital estrangeiro e querem fazer do Brasil uma autarquia, afastado da economia internacional e virado de costas para ela.

28/10/1998

Agência Senado


Artigos Relacionados


SARNEY ATRIBUI CRISE À POLÍTICA DE JUROS ALTOS

Ademir Andrade critica política de aumento dos juros

Aelton elogia queda nos juros e atribui decisão a José Alencar

Aprovado projeto que atribui valor de identidade à Carteira Fiscal de Tributos Estaduais

Inácio Arruda atribui críticas da oposição à política externa do governo à inveja

Presidente da ANA atribui dificuldade de implementação da política de recursos hídricos à diversidade nacional