Sarney denuncia “manobras sujas” e bate em Serra







Sarney denuncia “manobras sujas” e bate em Serra
O líder do governo no Senado, Artur da Távola, defendeu o governo, e disse que o ex-presidente reage porque não aceita a queda de uma oligarquia da qual é um dos chefes

O ex-presidente José Sarney conseguiu constranger politicamente o presidente Fernando Henrique Cardoso e o pré-candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, que estrategicamente ausentou-se do plenário do Senado na tarde de ontem. Em mais de uma hora de discurso, sem permitir apartes de nenhum colega senador, Sarney afirmou, com a devida diplomacia, que o governo federal permitiu que a disputa presidencial fosse contaminada por "manobras sujas", que colocam em risco a democracia e os direitos individuais. Ele afirmou que se sente "amargurado" diante dos fatos e disse que pedirá a organismos internacionais, como a ONU e a OEA, que as eleições no Brasil sejam monitoradas por observadores.

Sarney afirmou não ter dúvidas de que foi montada uma operação para afastar a sua filha, a governadora do Maranhão, Roseana Sarney, da disputa presidencial. Ele afirmou que a ação da Polícia Federal no escritório da empresa Lunus, de Roseana e do marido dela, Jorge Murad, foi arbitrária e ilegal, e comparou o atual governo com ditaduras, como a de Alberto Fujimori. "Uma eleição não é fraudada somente nas urnas. O processo pode começar fraudado”, frisou.


Simon poderá recuar e concorrer ao governo do RS
Cézar Schirmer admite que a desistência de Itamar Franco descarta candidatura própria do partido à Presidência e reforça a campanha para convencer Simon a concorrer no Estado

O Prefeito de São Leopoldo, Waldir Schmidt, diz que o senador Pedro Simon poderá não resistir por muito tempo ao apelo das bases e vir a ser o candidato do PMDB ao governo do Estado, o partido não vai promover prévias, mas a militância, diz o Prefeito, é unânime nesse sentido. “A pré-convenção municipal decidiu por unanimidade tentar persuadir Simon a aceitar essa candidatura. Ele é o único nome para fazer frente ao PT", afirma.

Em 2000, quando era deputado federal, Schmidt recebeu apelo semelhante de Simon para disputar a prefeitura de São Leopoldo, "já que era a vontade do partido".

Agora, diz, “tem a volta”. Vou convencê-lo a concorrer.”


PDT: resistência a Britto continua
As resistências que existem no PDT em relação ao ex-governador Antônio Britto podem "melar" a frente trabalhista no RS. Dirigentes do PDT, PPS e PTB estão se reunindo freqüentemente para discutir a política de alianças e a escolha de nomes para disputar as eleições de outubro deste ano.

O deputado estadual Vieira da Cunha relata que as reuniões são informais, mas adianta que o PDT não abrirá mão da candidatura do vereador José Fortunati ao governo do Estado. "O PDT foi o único partido que realizou convenção para a escolha do candidato. O PPS já tem candidato à Presidência e nós estamos apoiando. Esperamos que o PPS apóie Fortunati aqui", salientou.

Sobre a possibilidade de o ex-governador Antônio Britto concorrer, Vieira lembra que "o ex-governador já afirmou que não será candidato" e que a sua candidatura "inviabilizaria a frente trabalhista". Argumentou que Britto, apesar de liderar as pesquisas de opinião, "tem um índice de rejeição muito forte. Já Fortunati tem baixa rejeição e um grande potencial para crescer", afirmou.

Pesquisaas - O deputado federal e presidente estadual do PPS, Nelson Proença, afirmou que os partidos estão tentando criar um clima de entendimento e, em parte, concorda com Vieira. "O argumento de Vieira é bom, mas o que nos levará a uma decisão será a viabilidade eleitoral dos candidatos". Proença acha que os partidos têm ótimos nomes.

O presidente estadual do PTB, Iradir Pietroski, acredita que a aliança está muito próxima e que o presidente da Assembléia, Sérgio Zambiasi, "deverá concorrer ao Senado". Pietroski concorda com Proença e destaca que "a escolha do candidato para concorrer ao governo depende das pesquisas de opinião".


Koutzii diz a Tarso que Rosseto deve ser o vice
Depois de alvejar o prefeito com duras críticas durante as prévias, o habilidoso chefe da Casa Civil faz visita de cortesia

O chefe da Casa Civil, Flávio Koutzii, anunciou ontem que a reunião que teve com o candidato da Frente Popular ao Governo estadual, Tarso Genro, junto com integrantes de sua corrente, a Esquerda Democrática, afirmou que “Miguel Rosseto é o nome da ED para ser o vice-governador”.

Acrescentou que, além disso, levou seu apoio incondicional à campanha de Tarso, onde vai atuar como um militante ativo. “Houve algumas discussões diretas entre nós, que fazem parte de uma etapa já resolvida. Aproveitei para convidá-lo a minha festa de aniversário, que acontecerá amanhã à noite, onde lançarei oficialmente minha candidatura”, completou ele.


Fazenda de Inocêncio não possui escravos
O Ministério do trabalho divulgou nota oficial desmentindo notícia de ontem no jornal Folha de S. Paulo de que a fiscalização teria encontrado a existência de trabalho escravo, como a coação moral ou física, na fazenda Caraíbas, de propriedade do líder do PFL na Câmara, deputado Inocêncio Oliveira.

A nota do Ministério confirma a fiscalização, que continuará sendo feita, respeitando o princípio de sigilo da ação. Esclarece ainda que a quebra desse sigilo só ocorreu em função das notícias veiculadas pela imprensa.

Inocêncio chegou ontem ao Congresso e afirmou que as denúncias de contratação de trabalhadores em condições semelhantes ao trabalho escravo em sua fazenda no Maranhão não iriam influenciar “em nada” a sua disposição e a do PFL de aprovar a CPMF. Não respondeu às perguntas e disse esperar que “se aprofundem as investigações e cheguem à verdade”.


Garotinho critica petistas
O governador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho, acirrou suas críticas ao PT e fez comentários sobre as administrações da prefeita petista de São Paulo, Marta Suplicy, e do governador gaúcho Olívio Dutra. “O PT não tem feito outra coisa a não ser difamar candidatos; quando vai administrar (governos) é um desastre”, disse, irritado. Garotinho citou pesquisa DataFolha que apontavam os governos de Marta e Olívio entre os piores do Brasil. Considerou que o PT deve prestar mais atenção a esses dados.

A possibilidade de aliança do PSB com o PT para a sucessão presidencial foi descartada. “Não existe a menor chance”, disse, acrescentando que não pretende ser vice em nenhuma chapa para a sucessão.


Editorial

UNIVERSIDADE E BUROCRACIA

O argumento de que o ensino nas universidades públicas tem tido prejuízos de qualidade por causa da falta de dinheiro para investir em equipamentos e em melhores salários de professores é uma justificativa até certo ponto aceitável. Também fazem sentido os movimentos contrários à cobrança pelo ensino nessas universidades (assunto que volta a meia ronda o meio acadêmico), porque, bem ou mal, elas dão oportunidade a quem não pode pagar os preços cobrados pelas particulares. Se não houve até hoje nenhuma confirmação oficial do Ministério da Educação de que exista algum projeto sobre cobrança de mensalidades nas universidades mantidas pelo governo, também não houve nenhum desmentido sobre esses rumores.

Mas analisando mais profundamente os problemas por que passam atualmente as universidades públicas, conclui-se que não é apenas a escassez de recursos que tem contribuído para comprometer sua reputação – a exemplo do que já aconteceu com o ensino público fundamental em relação ao oferecido por escolas privadas. O problema vai além . Antes do racionamento financeiro, o que entrava o ensino público superior é a burocracia em que está enredado. Atreladas ao Regime Jurídico Único, as 61 instituições federais de ensino superior do Brasil obedecem a diretrizes nem sempre condizentes com suas necessidades particulares, que podem ser determinadas, entre outros fatores, pelas localidades em que são instaladas. Sem autonomia, seguem normas que poderiam ser compatíveis com a realidade de uma ou de outra, mas não com a de todas elas. Isso se reflete, por exemplo, na questão dos salários dos professores, que evidentemente não poderiam ser os mesmos de Sul a Norte do país. Deveriam ser levadas em conta diferenças como a variação do custo de vida de uma região para outra, assim como as oportunidades profissionais em cada uma delas.

A burocracia vai de encontro também à qualificação do ensino pela competência de quem trabalha nele. Como em todo o serviço público, a universidade padece da dificuldade de mandar embora aqueles que não desempenham sua função com a capacidade que deveriam ter. O que não ocorre numa universidade ou numa empresa particular.


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03/21/2002


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