Serra bate em Ciro no guia









Serra bate em Ciro no guia
No primeiro dia do horário eleitoral gratuito, o candidato tucano partiu logo para atacar o pós-comunista e mostrou foto ao lado do petista Lula, líder nas pesquisas

O candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, abriu fogo contra Ciro Gomes (PPS) no primeiro dia do horário eleitoral na televisão. Serra reservou o último minuto do seu guia para mostrar declarações contraditórias do pós-comunista e uma filmagem com Ciro chamando um eleitor de burro, em um programa de rádio. O programa tucano foi encerrado com uma foto de Ciro e a pergunta: “mudança ou problema?”. No guia veiculado à tarde, o candidato não atacou nenhum adversário.

Além de atacar Ciro, Serra se apresentou como “o menino pobre da Moóca (bairro da periferia de São Paulo)”, e “o melhor ministro da Saúde do mundo”. O guia tucano ainda contou com as presenças do presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e de
artistas como Xitãozinho e Xororó e Elba Ramalho.

Os outros três guias adotaram o tom propositivo. Anthony Garotinho (PSB) se comparou aos ex-presidentes Juscelino Kubitschek e Getúlio Vargas. “Sou acusado, como o foram Juscelino e Getúlio, de ser demagogo, populista, de estar só preocupado com os pobres”, disparou. O socialista prometeu, se eleito, repetir os feitos dos dois. O ex-governador do Rio de Janeiro também contou sua história, lembrou que é evangélico e prometeu aumentar o salário mínimo para R$ 280 em maio do próximo ano.

No programa da Frente de Esquerda, Lula apresentou os principais componentes da equipe responsável pelo seu programa de Governo e tentou explicar didaticamente as linhas gerais de seu projeto. O petista convidou os empresários brasileiros a participarem de sua gestão e atacou a atual política econômica. “Este será o País da produção, não o da especulação.” Lula ainda exaltou a importância de seu candidato a vice-presidente, José Alencar (PL).

O programa de Ciro Gomes começou com o depoimento do arquiteto Oscar Niemeyer em favor do candidato. Em seguida, Ciro apresentou seu currículo e destacou o problema da moradia como prioridade do seu Governo, caso eleito. O pós-comunista prometeu construir 300 mil casas populares por ano, com prestações de 10% do salário mínimo. No fim do seu guia Ciro afirmou que “quando o Brasil precisa, até os adversários se unem”, justificando as alianças com antigos desafetos políticos, como Antônio Carlos Magalhães (PFL) e Leonel Brizola (PDT).

NO RÁDIO – O histórico da vida pública dos candidatos à Presidência foi a grande marca do primeiro dia de campanha eleitoral no rádio. Três dos principais presidenciáveis, Garotinho, Ciro e Serra, lembraram sua história pessoal e sua atuação política. Já Lula priorizou o programa de Governo e falou do encontro dele (e dos demais candidatos) com o presidente Fernando Henrique Cardoso.

Os presidenciáveis e os candidatos a deputado federal voltam às rádios amanhã, seguindo a divisão da propaganda eleitoral que estabelece as terças, quintas e sábados como dias para a campanha. Nos outros dias, exceto o domingo (quando não há guia eleitoral), o espaço fica reservado aos candidatos a governador, senador e deputado estadual.


Apenas Lula sobe no Ibope
Na última pesquisa realizada pelo instituto antes do início do guia eleitoral, o candidato do PT subiu um ponto. Ciro, Serra e Garotinho caíram também um ponto

SÃO PAULO - Pesquisa Ibope divulgada ontem mostrou um quadro eleitoral estável com ligeiro aumento na taxa de eleitores sem candidato para presidente da República.

O levantamento foi feito dos dias 16 a 19 e é o último de um grande instituto a ser concluído antes do início do horário eleitoral gratuito. Em relação à pesquisa anterior, feita dos dias 10 a 12, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) passou de 34% para 35% das intenções de voto, Ciro Gomes (PPS), de 27% para 26%, José Serra (PSDB), de 12% para 11%, e Anthony Garotinho (PSB), de 11% para 10%.

De acordo com o Ibope, a taxa dos eleitores que pretendem votar em branco ou nulo foi de 5% para 6%, e a dos indecisos, de 10% para 12%. Zé Maria (PSTU), que havia obtido 1% na pesquisa anterior, não atingiu 1% nesta. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais para mais ou para menos. Na simulação de 2º turno da semana anterior, Ciro vencia Lula por 47% a 42%. Agora, há empate técnico: 44% a 43% para Ciro.


FHC diz que vai atuar como um magistrado no segundo turno
MONTEVIDÉU – O presidente Fernando Henrique Cardoso disse ontem, ao desembarcar em Montevidéu, que atuará como um magistrado no segundo turno das eleições presidenciais, caso o candidato do Governo, José Serra (PSDB-PMDB), não supere a primeira fase do pleito, no dia 6 de outubro. “Minha predisposição é de que Serra vá para o segundo turno”, disse, garantindo que deverá apoiá-lo. ”Se por acaso não acontecer, eu sou o presidente do Brasil e vou atuar como pessoa magistrada, com equilíbrio”, disse.

O presidente está no Uruguai para uma curta visita oficial e deve regressar ainda hoje ao Brasil. Ao chegar, foi questionado sobre a disposição de apoiar o candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, no segundo turno, como vem sendo comentado nas rodas políticas, num eventual embate do petista com Ciro Gomes, da Frente Trabalhista.

Segundo os rumores, Fernando Henrique considera que Lula “tem mais flexibilidade para se acomodar às necessidades da política e do mercado” do que Ciro, que seria “mais imprevisível”, respondeu Fernando Henrique. Em seguida, disse que, dependendo do resultado, vai avaliá-lo com equilíbrio.


Collor vira ‘saco de pancadas’ no programa de todos os adversários
MACEIÓ – No primeiro dia de propaganda eleitoral gratuita, o ex-presidente Fernando Collor foi o saco de pancadas. Praticamente todos os candidatos a deputado federal que apareceram no guia bateram no candidato do PRTB ao Governo do Estado, que foi chamado de aventureiro, pára-quedista e fujão – por não ter participado do debate entre os candidatos ao Governo de Alagoas. A reação faz parte de uma campanha contra o ex-presidente, capitaneada pelo governador Ronaldo Lessa, candidato à reeleição.

O único a defender e pedir votos para Collor foi o deputado federal Augusto Farias (PPB), irmão de PC Farias. “Precisamos eleger uma bancada federal forte para ajudar o governador Fernando Collor, em Brasília, aprovando as emendas necessárias ao desenvolvimento de Alagoas”, afirmou Augusto, que disputa o terceiro mandato consecutivo.

Dos candidatos do PMDB e do PSDB, o destaque foi a advogada Cléia Cunha, candidata tucana a deputada federal. Ela disse que luta para dar continuidade ao trabalho da sua irmã, Ceci Cunha, na Câmara Federal. Ceci foi assassinada junto com mais três parentes em 16 de dezembro de 1998, no dia em que recebeu o diploma do Tribunal Regional Eleitoral, como deputada federal reeleita. O ex-deputado federal Talvane Albuquerque, apontado como o autor da chacina, ainda não foi julgado e responde pelo crime em liberdade.


PALANQUE ELETRÔNICO
A VOLTA DO MANÉ CHINÊS – O destaque no programa da Frente Trabalhista para os proporcionais no Estado foi a aparição ator Valmir Chagas – o Mané Chinês nas eleições para a PCR, em 2000. Ele ressurgiu acompanhado de um diabo e de um anjo.

No seu ouvido direito, o diabo enaltecia o Governo Jarbas. “O Governo está trabalhando, você não vê TV não?”. O anjo, no outro ouvido, protestava: “Que nada. O que acaba primeiro, o mês ou o teu salário?”. A resposta do personagem foi um peteleco no diabo.

NINGUÉM É DESTAQUE – Apesar da quantidade de candidatos à Câmara Federal apresentada na noite de ontem, Ninguém se destacou. “Nin guém” foi o nome escolhido por José Everaldo dos Santos, do PST (Frente de Esquerda), para disputar a vaga de deputado federal. Ele apareceu por menos de 15 segundos, mas chamou a atenção convocando os eleitores para um voto de protesto. O bordão do candidato à Câmara Federal é “Ninguém dá jeito na situação. Meu nome é Ninguém”.


Guerra: “Recurso é vacina contra baixaria”
O candidato da União por Pernambuco ao Senado Federal Sérgio Guerra (PSDB) classificou, ontem, como uma “vacina contra a baixaria” a iniciativa de pedir, previamente, proteção ao TRE contra a vinculação de sua imagem ao “escândalo dos anões do orçamento”. Segundo Guerra, os recursos de ofensas pessoais são “usuais nas eleições de Pernambuco”, por isso a prevenção de sua equipe jurídica. O tucano negou que esteja, diante da iniciativa, “fugindo do debate”.

“Eu estou fugindo da baixaria. Isso (representação) foi uma vacina contra a baixaria.

Ninguém quer ser objeto desse tipo de coisa”, defendeu-se.

O tucano teve os dois pedidos de representação negados pela Comissão de Desembargadores Auxiliares do TRE, que entendeu como “censura prévia” as solicitações do candidato. Os advogados de Guerra ingressaram com um agravo ao Pleno do TRE.

Sem a garantia de proteção prévia da Justiça Eleitoral, contra a vinculação de sua imagem ao “escândalo do orçamento”, Sérgio Guerra procurou se proteger com apelos e um certo tom de ameaça aos adversários.

“Acho que não vai ter isso (vinculação de sua imagem ao “escândalo do orçamento”), porque não pode haver calúnia no guia eleitoral. É uma ação ilegal que afeta o andamento correto do processo eleitoral”, alertou.

O “escândalo do orçamento” foi como ficou conhecido o esquema, formado por parlamentares federais, de desvio de recursos públicos. O caso foi investigado por uma Comissão Parlamentar de Inquérito da Câmara. O deputado Sérgio Guerra, um dos envolvidos no caso, foi inocentado.


Artigos

Uma saudade atroz
Arthur Carvalho

Manoel Quirino morava em Mamanguape, interior da Paraíba. Em Mamanguape ele tinha roça de macaxeira, inhame, milho e feijão. Casado na Igreja Católica, constituiu família de três filhos e duas filhas. O sítio era pequeno - cerca de quatro hectares - mas seu. Vício brabo, nenhum, a não ser um cigarrinho de palha que ele mesmo preparava, sentado no batente de casa, nas noites enluaradas, quando o compadre José de Nina vinha tocar viola, contar potoca.

De riqueza mesmo, Santinho, um jumento manso pra carregar o que plantava e vender na feira, a duas léguas de distância, a vaquinha Baronesa, dez galinhas de capoeira, um galo valente, duas cabras, o vira-lata Parrudo. Quando a seca apertava, se desfazia da criação. Sua saga se arrastava assim, na monotonia pachorrenta dos acontecimentos irrelevantes e repetitivos, sem perspectiva de futuro melhor. Época de eleição, ia aos comícios na cidade, na esperança de dias melhores, mas as promessas dos políticos nunca se concretizavam - conversa pra boi dormir.

Certo dia, o carreteiro Nelson Preto passou por Mamanguape, pegou uma carga de abacaxi e chamou Quirino pra tomar conta da granja de um ricaço do Recife, em Carpina. Uma granja bonita, com vinte hectares, açude, piscina e confortável residência de caseiro. Localizada perto do centro de Carpina, era uma oportunidade para Quirino botar os meninos, já taludos e ainda analfabetos, na escola, e aceitou o convite. Na semana seguinte, vendeu o sítio a José de Nina, de porteira fechada, quase de graça, arrumou os troços na carreta de Nelson Preto e embarcou pra Carpina com a família.

Em Carpina, Quirino se deu bem. Seu patrão, próspero industrial, criava gado e tinha uma frota de caminhões frigoríficos. Gentil, educado, gostava de receber amigos nos fins de semana, com festas de arromba. Quirino, que fora fazer um teste de adaptação na chácara, passar, quem sabe, cinco, seis meses, já estava abarrancado, com 18 anos. Tinha seu rebanho de carneiros, desfilava, vaidoso, pelas ruas de Carpina, montado num cavalo baio, de passo ligeiro, os rapazes concluíram os estudos, estavam empregados.

Tudo ia bem com Quirino, menos aquela saudade atroz que não o deixara um minuto sequer, desde que fora morar em Carpina: saudade de Mamanguape, sua terra natal.

Saudade de seu sítio, pobre sítio, castigado pelas estiagens, sua casinha de massapê, coberta de palha de buriti, seu alpendre com a rede de agave, seu vira-lata sonolento, preguiçoso e magro. Saudade maior do ponteado da viola de José de Nina, a embalar antigas toadas nas luas cheias, em pleno terreiro. Do canto comprido e triste de seu galo pescoço-de-sola, o mugido rouco e prolongado de Baronesa, varando as madrugadas frias de junho.

Não havia comparação entre o céu estrelado de Mamanguape e o de Carpina, e agora que o proprietário queria negociar a granja, Quirino ia realizar o grande sonho: voltar definitivamente pra Mamanguape. Recebeu polpuda indenização trabalhista, deixou os filhos em Carpina, já realizados, e regressou a Mamanguape com Júlia, sua velha e inseparável companheira. Recuperou seu sítio das mãos da viúva de José de Nina e abriu mercearia no comércio de Mamanguape, seu projeto de vida. Sete meses depois, com freguesia consolidada e fiel, sentia-se feliz, aos 70 anos de idade. Só restava mesmo conhecer o Amazonas, dizia a Júlia.

Numa tarde chuvosa de São João, três homens encapuzados invadiram sua venda, roubaram o dinheiro do cofre e deram dois tiros de rifle papo-amarelo nos peitos de Quirino, que caiu sobre o balcão, vomitando sangue, para não mais levantar. No bar defronte, a vitrola de ficha tocava, a todo volume, “O Canto da Ema”, na magistral interpretação de Jackson do Pandeiro.


Colunistas

PINGA FOGO – Inaldo Sampaio

Um mal necessário
Num de seus artigos para “O Globo”, dois ou três anos antes do seu falecimento, Roberto Campos bateu forte nos que criticam o FMI. O Fundo Monetário Internacional, dizia ele, é um banco como outro qualquer. Existe para socorrer países em dificuldade, como é o caso, hoje, do Brasil, mas só empresta dólares mediante certas condições. Se o frequês interessar, bem, senão, recorra ao agiota da esquina.

Pela terceira vez nos oito anos de reinado de FHC o Brasil pediu socorro ao FMI. E, pelo que disseram Ciro Gomes, Lula da Silva, Anthony Garotinho e José Serra, o socorro se deu na hora exata. O Brasil está precisando de uma injeção de dólares para honrar compromissos externos e a imprevisibilidade do resultado da eleição assusta os investidores internacionais e causa turbulência no “mercado”, por mais que o candidato Ciro Gomes queira manter-se distante dele.

Foi, pois, para explicar isso aos candidatos que FHC os reuniu, anteontem, separadamente, no Palácio do Planalto. Pouco importa o que conversaram e o teor das propostas levadas a ele por Lula, Ciro Gomes e Garotinho. O que FHC queria mesmo, e conseguiu, era mostrar ao tal “mercado” que, seja qual for o próximo presidente, continuará encarando o FMI tal qual ele encarou: como um “mal necessário”.

Ágil no gatilho
Menos de 24 horas após o sepultamento do seu filho, Júnior, que era candidato a deputado estadual e morreu na madrugada da sexta para o sábado, num acidente automobilístico, o deputado Severino Cavalcanti (foto), 1º secretário da Câmara Federal, reuniu na churrascaria “O Laçador”, em Boa Viagem, os seis prefeitos que o apoiavam. Foi para apresentar a filha, Ana Cristina (PSC), irmã do falecido, como a nova candidata do grupo à Assembléia Legislativa.

Força Sindical 1
A união do “trabalho” com o “capital”, representado por Lula (PT) e José Alencar (PL), está presente tam bém na Força Sindical. Anteontem à noite, na inauguração do comitê de campanha de Marco Aurélio (PFL), o candidato a vice de Ciro Gomes, Paulinho, pediu votos para ele, Marco, e para o presidente eleito da CNI (Armando Monteiro Neto).

Força Sindical 2
Aliás, ecletismo é o que não faltou na abertura do comitê de Marco Aurélio (PFL), que apóia Ciro Gomes para presidente, Jarbas pra governador e Marco Maciel e Carlos Wilson para o Senado. Maciel não compareceu para não se deixar fotografar ao lado de Paulinho, que é o vice de Ciro Gomes. Mas foi representado na ocasião pelo assessor Roberto Pereira.

Joaquim não faz campanha para Sérgio Guerra
Os primeiros “outdoor” de campanha de Joaquim Francisco (PFL) omitem a candidatura de Sérgio Guerra. Apresentam Ciro, Jarbas, Maciel, e até Mendonça Filho. Mas sobre o candidato a senador pelo PSDB... nenhuma linha.

Tribunal libera imagens na “TV Assembléia”
O TRE já respondeu à consulta de Romário Dias (PFL) sobre a veiculação de imagens dos deputados estaduais na “TV Assembléia”. O Tribunal decidiu que elas devem restringir-se apenas a debates e discursos no plenário.

Mal entendido
Segundo o vereador Waldemar Borges (PPS), coordenador da campanha de Ciro em Pernambuco, está “tudo bem” entre o candidato a presidente e Roberto Freire. “Houve um mal entendido por parte de Ciro em razão de uma declaração de Roberto sobre o FMI, mas o episódio já foi superado”, disse o coordenador.

Isento de culpa
Para o sociólogo Antonio Lavareda, “não há nada mais injusto do que debitar a derrota de Roberto Magalhães (no pleito passado) ao marketing político. Até porque, a duas semanas da eleição, ele ganhava no primeiro turno com mais de 10 pontos de vantagem”. Conclusão: o candidato teria se autoderrotado.

Até o final do mês de julho, calculava-se que o “chapão” elegeria entre 22 e 23 deputados estaduais. Mas com a desistência de Antonio Mariano, Orisvaldo Inácio, José Marcos, Sérgio Pinho Alves e Gilberto Marques Paulo, a ida de Teresa Duere para o TCE e a morte de Severino Cavalcanti Júnior, talvez faça 20. E olhe lá!

Pela quantidade de pastores evangélicos que se apresentou ontem no guia do rádio, como candidatos a deputado, até parece que ser “pregador” da Bíblia é pré-condição inegociável para se entrar na vida pública. A grande maioria tem a ilusão de que pode direcionar a “alma” e também o “voto” dos irmãos.

Albenes Lima, vice-presidente do PPS de Timbaúba, perdeu um emprego na prefeitura porque negou-se a fazer campanha para o deputado Inocêncio Oliveira (PFL), que é apoiado no município pelo prefeito Antonio Galvão Filho, o “Galvãozinho” (PMDB). Isso só faz reforçar a tese de que não cabe todo mundo de um lado só.

Os redatores do perfil de Sérgio Guerra, veiculado ontem no guia do rádio, lembraram direitinho de todos os cargos que ele ocupou: líder do MDB, secretário de projetos especiais de Jarbas, etc. Só esqueceram da passagem dele pelo secretariado de Arraes, como se se pudesse apagar a história com borracha.


Editorial

FORÇA-TAREFA EM PERNAMBUCO

Até o final do ano, uma força-tarefa da Polícia Federal estará operando em Pernambuco, segundo a sua Coordenação Nacional. Trata-se de nova estratégia do Governo, na tentativa de firmar sua presença em áreas nas quais o crime organizado e o narcotráfico vêm desafiando há anos o poder.

A força-tarefa a ser deslocada para este Estado concentrará suas baterias nas regiões sertanejas em que o plantio e o tráfico da maconha vêm pontificando há décadas.

Muitos pensaram que o problema já estava resolvido, depois das últimas operações realizadas na área do São Francisco. Mas, o fato de Pernambuco ter sido escolhido, ao lado do Rio de Janeiro e do Espírito Santo, como um dos três lugares a precisar do reforço de uma força-tarefa da PF mostra que a alardeada vitória alcançada pela “Operação Mandacaru” precisa ser avaliada em seus precisos termos. Relatórios posteriores à operação anterior informam que a produção da “canabis sativa” teria sido reduzido em 50%, graças ao esforço inter-institucional que envolveu as polícias estadual e federal. Resta a outra metade, que não foi eliminada.

Como o chamado Polígono da Maconha foi considerado a área de maior produção daquele entorpecente, 50% dessa produção ainda a tornam merecedora de um esforço especial das autoridades. Consta que houve o deslocamento de plantio para outros estados do Nordeste, inclusive o Maranhão, mas há indícios de que em novas áreas do próprio sertão pernambucano, como também no agreste, surgiram pontos de cultivo.

A nova operação agora prevista para Pernambuco incluirá a participação da PM e da Polícia Civil, do Exército, da Aeronáutica, da Capitania dos Portos e até da Receita Federal. Em seu organograma, não difere substancialmente da “Operação Mandacaru”, realizada há três anos. É de esperar, no entanto, que seus organizadores estejam preocupado com os problemas de prevenção e de investigação, e não só com os que exigem repressão. Uma ação repressiva, quando realizada com estardalhaço e anúncio prévio de lugar e horário, pode servir apenas de aviso para que os criminosos se afastem e não sejam apanhados de surpresa, ou para que não haja os confrontos, que exigem muita coragem dos agentes da lei.

É bom lembrar, também, que a cúpula do narcotráfico, no Brasil, não é formada apenas pelos bandidos mais citados pela mídia carioca, como Fernandinho Beira Mar ou Elias Maluco. Até agora, não foram apresentados à imprensa brasileira os grandes financiadores, ou os poderosos chefões que comandam o plantio e a comercialização, no sertão pernambucano. Se a Força-Tarefa que começará a agir neste Estado, ainda este ano, chegar até eles, uma grande vitória contra o crime organizado poderá ser festejada em nossa região.

Força-tarefa é, caracteristicamente, uma operação de segurança pública e, em razão disso, está previsto o prazo de sua duração, de um ano. Pode-se repetir a velha tradição policial brasileira de ações transitórias, também comum em outras áreas sociais, como as chamadas campanhas contra o cólera, a dengue e outros agentes de doenças produzidos pelo permanente desastre que é o saneamento básico em quase todo o País.

Em segurança, como na saúde, é preferível uma ação menor, mas contínua, do que um grande esforço temporário. Agora, estamos às vésperas de um pleito eleitoral, e a partir de janeiro do próximo ano muita coisa poderá ser modificada na forma de atuação das autoridades. Tal como está definida atualmente, a força-tarefa, depois de encerrada a sua operação no sertão de Pernambuco, deixará uma base de operações aéreas no Recife, para agilizar pousos e decolagens de aeronaves ligadas à segurança, e dois núcleos de polícia marítimas, um no Porto do Recife e outro em Suape. Isso seria muito importante, para a continuidade do trabalho, nos próximos anos.


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08/21/2002


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