Sarney: Saramago foi personagem mitológico que dividia literatura com política



O presidente do Senado, José Sarney, lamentou a morte do escritor português José Saramago, ocorrida na manhã desta sexta-feira (18) em sua residência, na ilha espanhola de Lanzarote. Por meio de nota oficial, Sarney, que é membro da Academia Brasileira de Letras, disse que "Saramago tornou-se um personagem mitológico, um centauro que dividia a literatura com a política, sempre em posições críticas sobre a sociedade atual".

Leia a íntegra da nota do presidente do Senado.

"A perda de um escritor do porte de José Saramago abre um espaço na literatura de língua portuguesa. Autor de estilo difícil e provocador, trabalhava seus personagens sempre com características psicológicas.

Quando foi escolhido Nobel, achei que tinham preterido Jorge Amado, maior do que ele.Mas Saramago tornou-se um personagem mitológico, um centauro que dividia a literatura com a política, sempre em posições críticas sobre a sociedade atual.

Tínhamos uma convivência estreita e carinhosa. Mas ele me conquistou definitivamente quando visitou o Maranhão, em 1989, e deslumbrou-se com a arquitetura colonial portuguesa de São Luís. Ao olhar as ruínas de Alcântara, disse que aquele era o lugar ideal para se passar os últimos dias da vida. Tive a honra de ser escolhido para saudá-lo quando, em 1997, recebeu o título de Doutor Honoris Causa da Universidade de Brasília.

Saramago morreu no ápice de sua produção literária. Prova disso é o seu último livro intitulado "Caim", onde repete a temática exuberante e uma jovialidade que enganava a idade cronológica. Deixa marca indelével."

José Sarney



18/06/2010

Agência Senado


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