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O senador José Sarney (PMDB-AP) analisou, nesta sexta-feira (12), as raízes da recente insatisfação popular que tem levado milhares de brasileiros a protestar nas ruas do país. Se o aumento das passagens de ônibus despertou as mobilizações de massa pelas redes sociais, Sarney também creditou ao atual sistema político-eleitoral uma parcela da "crise da vontade popular" em questão.

– O voto proporcional é destruidor dos partidos, do Congresso, da classe política e tem sido responsável pela incompreensão do povo, o que só tem diminuído o prestígio da instituição representativa. Sem partidos fortes não há parlamentos fortes. O atual sistema eleitoral e partidário chegou ao fim – constatou.

José Sarney ressaltou a tradição do Congresso brasileiro de crescer em momentos turbulentos, embora reconheça que situações de crise geram abatimento.

– Vi muitas crises no país e a atual revela grande transformação da sociedade. Seu agente é a opinião pública mobilizada, apaixonada e instantânea. O Congresso tem tentado reagir com uma agenda positiva que procura identificar a demanda difusa das manifestações. Nossa tradição é estabelecer soluções em momentos de crise para salvar o país – avaliou.

O senador reconheceu o esforço do Congresso em votar leis importantes sob o ponto de vista institucional nas últimas semanas. E essa reação pronta, segundo Sarney, responde a uma provocação popular dos novos tempos, onde o indivíduo, por meio das redes sociais, passa a interferir na coletividade e a cobrar maior participação nas instâncias decisórias.

O "empoderamento" dos cidadãos via redes sociais - onde expressam seus desejos, suas frustrações e vontade de ser protagonistas do processo político - surgiu na esteira dos protestos mundiais contra a globalização, segundo afirmou a senadora Ana Amélia (PP-RS) em aparte.

– Quanto mais estivermos atentos a estas manifestações, melhor vamos corresponder aos anseios. Os parlamentos do mundo inteiro são vistos com visão crítica - observou Ana Amélia.

O senador Pedro Simon (PMDB-RS) também se disse "encantado" com "a grande plataforma" política lançada por Sarney em Plenário.

– Nestes 20 dias, o Senado está tendo uma atuação de primeira grandeza. Este é o momento que poderíamos aproveitar para dar uma mexida. A gente tinha que reunir algumas pessoas, com a presidente de um lado e vossa excelência do outro, em um grupo para analisar e aprofundar (essa discussão) - defendeu Simon.

Em resposta a essa convocação, Sarney afirmou que, nessas horas, a união é tudo, principalmente dentro do Congresso.

– Só os idealismos justificam nossa vida pública e a capacidade de nos entusiasmarmos - comentou o representante do Amapá.

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