Saturnino alerta para crise no setor elétrico



O senador Roberto Saturnino (PSB-RJ) disse nesta segunda-feira (dia 12) que o setor elétrico brasileiro está vivendo uma "grande crise", que atingirá seu auge em 2002, segundo dados da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan). O senador disse que a crise foi motivada pela política de privatização e lamentou o anúncio da retomada da privatização de empresas estatais de eletricidade, feito na semana passada pelo presidente da República.

- A crise está limitando a possibilidade de crescimento econômico do Brasil. Enquanto a economia brasileira cresce a uma taxa de 4% ao ano, a demanda por energia elétrica cresce de 5% a 6% ao ano. Além disso, em 2003 as tarifas serão liberadas. Embora a economia brasileira e, principalmente, os salários não sejam mais indexados, as tarifas dos setores elétrico e de telecomunicações estão indexadas - alertou.

Saturnino observou que a atividade de geração e distribuição de energia elétrica não combina com a lógica de mercado. Ele explicou que o mercado produz para atender a uma demanda, mas determinados serviços básicos precisam estar disponíveis antes da existência da demanda. "A lucratividade do setor elétrico deve ser baixa e um setor estratégico como esse deve andar sempre na frente da demanda", afirmou.

O senador alertou, ainda, para o fato de que, uma vez que as unidades geradoras são gigantescas, a principal característica do modelo seja o monopólio. Segundo Saturnino, as empresas estrangeiras que comprarem as estatais vão querer remeter lucros, em dólares, para a matriz, o que vai afetar negativamente o Brasil.

Saturnino acredita que, para dar tudo certo como anuncia o governo, é preciso que se inicie o programa de construção de usinas termelétricas, que utilizarão o gás natural exportado pela Bolívia. "O Senado tem que convocar o ministro das Minas e Energia para saber o que é esse programa, que carece de explicações", sugeriu. O senador revelou que, até o momento, de 35 projetos de usinas termelétricas, apenas 15 saíram do papel, "e assim mesmo por causa do apoio da Petrobras", que paga pelo gás boliviano, utilizado ou não.

12/03/2001

Agência Senado


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