SATURNINO DEFENDE REATIVAÇÃO DA MARINHA MERCANTE BRASILEIRA
Saturnino lembrou que o Brasil já teve uma Marinha Mercante importante com a empresa de navegação Lloyd, que foi responsável pelo transporte marítimo de 30% das mercadorias importadas e exportadas pelo país. Além disso, continuou o senador, todo o setor de cabotagem era mantido por empresas de capital nacional.
- Todas desapareceram. Hoje, temos apenas os navios da Petrobrás, uma ou outra companhia com apenas um navio e a Vale do Rio Doce, que não tem navios com bandeira brasileira e utiliza bandeira de conveniência - lamentou.
Ressalvando que a manutenção do Lloyd "seria um crime contra o país", pois o que restou da empresa estatal foi apenas "um cabide de empregos", o senador Edison Lobão (PFL-MA) defendeu a recuperação da Marinha Mercante, mas nunca através de uma estatal. Saturnino esclareceu que não estava pretendendo recuperar o Lloyd brasileiro, mas sim sugerindo a reconstrução de um setor importante para economia do país e lembrou que, além do Rio de Janeiro, existiam e ainda existem estaleiros nos estados de Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Ceará.
DESIGUALDADESSaturnino também criticou a falta de políticas e programas de redução das desigualdades regionais e as recentes declarações dos dirigentes do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial (Bird) em defesa de investimentos em políticas sociais e a criação de programas de erradicação da pobreza. "Tudo tem ficado ao sabor do mercado, uma espécie de divindade que toma todas as decisões, favorece apenas a quem tem dinheiro e poder e não promove o desenvolvimento em países atrasados", avaliou.
O senador Eduardo Suplicy (PT-SP), que também apoiou a criação de um fórum para o setor de marinha mercante, criticou a "ausência de vigor" do governo de Fernando Henrique Cardoso em relação às desigualdades sociais. Suplicy observou que o FMI e o Bird resolveram detonar uma campanha de combate à pobreza no mundo, baixando novos mandamentos e metas de erradicação da miséria. Para o senador, seria o momento oportuno para o governo brasileiro negociar o escalonamento do pagamento da dívida que tem com esses organismos.
O senador Gerson Camata (PMDB-ES) destacou a atuação do presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães, quando apresentou projeto de lei para erradicar a miséria no Brasil. "Logo atrás veio o FMI", afirmou. O senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE) também destacou a iniciativa de ACM, o apoio que recebeu do Bloco Oposição e a criação de uma comissão mista para avaliar todos os projetos e ações já realizadas com o propósito de erradicar a miséria. O senador também disse estar surpreso com o que chamou de "conversão do FMI" e lembrou que o diretor-geral do fundo, Michel Camdessus, disse que é preciso ouvir o grito dos pobres.
A mudança de opinião do FMI e do Bird também recebeu críticas da senadora Heloísa Helena (PT-AL). Para ela, a postura se deve à crise do capitalismo internacional. Heloísa disse que agora tem ouvido frases que, há poucos meses, "eram ditas por nós, os dinossauros", e lembrou que países como a China e a Malásia, que não seguiram a cartilha da globalização, foram os que obtiveram os melhores resultados.
29/09/1999
Agência Senado
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