Saturnino descarta arquivamento da investigação sobre painel de votações



O senador Roberto Saturnino (PSB-RJ) descartou nesta quinta-feira (dia 10) qualquer possibilidade de arquivamento das investigações sobre a participação do senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) na violação do painel eletrônico de votações do Senado. O arquivamento foi pedido ao relator do processo no Conselho de Ética pelos advogados de Antonio Carlos, Luiz Vicente Chernichiaro e Márcio Thomaz Bastos.

- Os argumentos dos advogados são de natureza jurídica, mas este não é um julgamento judiciário, e sim uma questão política. As provas judiciárias têm valor, mas não um valor decisivo - ponderou Roberto Saturnino.

O relator do processo disse que a defesa feita pelos advogados, em que eles argumentam que não houve alteração dos votos durante a sessão que cassou o ex-senador Luiz Estevão, em 28 de junho do ano passado, é bem construída. Os advogados afirmam ainda que não existem provas do envolvimento de Antonio Carlos na violação do painel e, por isso, entendem que não houve quebra do decoro parlamentar, o que justificaria o pedido de arquivamento da investigação.

Roberto Saturnino garantiu que irá propor punições em seu relatório, a ser divulgado na quarta-feira (dia 16). "Tem gente dizendo que nesta fase não cabem as propostas de punição, mas eu discordo e vou apresentá-las", disse. O gabinete do senador José Roberto Arruda (sem partido-DF) informou que a defesa que ele vem preparando será entregue ao relator na segunda-feira (dia14).

O Conselho de Ética foi acionado pelas oposições para investigar se o senador Antonio Carlos Magalhães feriu o decoro parlamentar em sua conversa com três procuradores da República, em fevereiro passado. No encontro, ele disse que conhecia os votos dados na sessão secreta, o que levou inclusive o Senado a contratar a Universidade de Campinas para investigar os computadores do painel - seus peritos confirmaram a violação.

Funcionários do Centro de Informática e Processamento de Dados do Senado (Prodasen) admitiram que foi retirada uma lista de votação do painel e a ex-diretora do Prodasen Regina Célia Borges sustentou ao Conselho de Ética que agiu assim a pedido do senador José Roberto Arruda. Este, por sua vez, teria dito a Regina Borges que falava em nome de Antonio Carlos Magalhães, à época presidente do Senado.

10/05/2001

Agência Senado


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