Saturnino diz que Brasil não tomará medida hostil contra Bolívia



Em dois pronunciamentos nesta quarta-feira (3) - um deles pela liderança do PT -, o senador Roberto Saturnino (PT-RJ) afirmou que o governo brasileiro não tomará nenhuma medida hostil ou enérgica contra o governo boliviano, pela nacionalização da exploração de petróleo e gás naquele país, que prejudicaram a Petrobras. De acordo com Saturnino, tal medida favoreceria a desagregação sul-americana:

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- Obviamente, há um desejo, um propósito de transformar todo esse acontecimento em uma enorme crise sul-americana, que solape definitivamente o grande projeto de integração sul-americana, porque esse é o desejo da grande potência do norte, que sabe perfeitamente que só com a unidade sul-americana será possível resistir às imposições da política economia neoliberal, ditada pelos Estados Unidos da América - afirmou Saturnino, acrescentando que o governo brasileiro considera o projeto de integração sul-americano essencial ao próprio desenvolvimento do país.

Saturnino manifestou otimismo para que seja encontrada uma solução para o problema, na reunião agendada para esta quinta-feira (4) entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os presidentes Néstor Kirchner, da Argentina, Evo Morales, da Bolívia, e Hugo Chávez, da Venezuela.

O parlamentar fluminense acusou a oposição brasileira de fomentar a crise ao falar em "expropriação", quando o decreto boliviano que determinou a nacionalização prevê a compensação pelos investimentos feitos pelas empresas estrangeiras, motivo de negociação pelos próximos seis meses. Ele enfatizou que a decisão do povo boliviano, ao eleger Morales, foi pela nacionalização dos hidrocarbonetos, principal ponto de sua campanha.

- Ele, obviamente, tinha de decretar (a nacionalização), porque senão se desmoralizaria, perderia completamente a autoridade sobre seu povo - afirmou.

Saturnino considerou legítimo o direito do povo boliviano de decidir pela nacionalização, lembrando que atitude semelhante foi tomada pelo Brasil há 50 anos. Também lembrou que a Bolívia foi espoliada em suas reservas de prata e cassiterita, havendo, portanto, "uma lógica" na crise boliviana, ao procurar resguardar suas reservas de gás para delas extrair maiores benefícios para o povo daquele país. Afirmou ainda que, enquanto Brasil for governado por Lula, haverá o maior respeito pelas decisões soberanas do povo boliviano.

Nacionalização da exploração do petróleo e do gás na Bolívia movimenta o Plenário



03/05/2006

Agência Senado


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