Seminário sobre Livro Branco amplia discussão sobre papel do Brasil no subcontinente sulamericano



Cerca de 1.200 participantes, entre acadêmicos, pesquisadores, militares, profissionais liberais e alunos do ensino médio e superior reuniram-se na quinta-feira (2), no auditório da Universidade Federal do Amazonas, em Manaus, para debater ideias e insumos no 3º Seminário do Livro Branco de Defesa Nacional (LBDN).

Foi o maior público verificado até agora em um seminário do LBDN, cujas primeiras edições foram realizadas em Campo Grande (MS) e Porto Alegre (RS), nos meses de março e abril, respectivamente. O objetivo do evento é gerar subsídios para elaboração do Livro Branco de Defesa Nacional, documento que conterá a política estratégica e as prioridades da defesa do País num horizonte de médio e longo prazos.

Sob o tema “O Ambiente Estratégico do Século XXI: o Brasil no cenário regional de defesa e segurança”, os participantes abordaram a necessidade de o Brasil estreitar os laços e ampliar a colaboração com países vizinhos, não só em assuntos de defesa, como também em cooperação econômica.

Mantendo o nível de debates verificado nos seminários anteriores, os conferencistas pautaram suas palestras com propostas para que o País continue valorizando o entorno regional e aplicando políticas que estimulem a confiança dos países vizinhos.

Enumerando riquezas de cada país do subcontinente – minério de ferro (Brasil), gás (Bolívia), carvão (Colômbia), petróleo (Venezuela), bauxita (Suriname), cobre (Chile) –, o diretor do Departamento da América do Sul II do Ministério das Relações Exteriores, ministro Clemente de Lima Baena Soares, afirmou que todos os países da área, especialmente o Brasil, devem aproveitar “o enorme potencial de complementariedade e avançar em busca da integração”.

Baena Soares defendeu a política que vem sendo implementada pelo Brasil, nos últimos anos, em busca de uma maior aproximação com as nações do subcontinente, não só por meio de ações em cada país como também por intermédio da proposta de criação do Conselho Sul-Americano de Defesa. Segundo ele, a atuação do Brasil vem quebrando nos últimos anos o isolamento das nações sul-americanas, que já durava vários séculos.


Vulnerabilidades

Já o assessor especial do Ministério da Defesa, José Genoíno Neto, defendeu em sua palestra que o maior papel a ser desempenhado pelo Brasil, no futuro, é diminuir suas vulnerabilidades. “Defesa é o elo entre a nação e as Forças Armadas e, no que diz respeito ao Brasil, a preservação da Amazônia é um componente fundamental desse elo”, disse.

O assessor destacou a necessidade de que os brasileiros tenham mais conhecimentos sobre a Amazônia, região que não deve ser discutida pelo seu aspecto exótico, mas sim pelo seu caráter político. Para Genoíno, o envolvimento da sociedade fortalece a percepção de que o debate sobre a defesa prioriza a Amazônia, e coloca essa região em destaque em um projeto nacional.

Genoíno faltou também sobre o caráter dual (utilização do conhecimento de maneira ampla no desenvolvimento econômico) da indústria da indústria de defesa, ressaltando a necessidade de desenvolvimento da tecnologia em projetos de grande importância para o Brasil. Citou, como exemplo, a necessidade de o Brasil aplicar mais recursos no desenvolvimento de um satélite geoestacionário sobre o território brasileiro.

Alguns palestrantes, entre eles o comandante Militar da Amazônia, general Luis Carlos Gomes Mattos, ressaltaram também a necessidade de o Brasil desenvolver formas de coibir ilícitos nas fronteiras e manter um diálogo permanente com os governos das demais nações que compõem a Amazônia sul-americana para a defesa da região.

O professor Paulo Delgado, da Universidade de Juiz de Fora, defendeu que o Brasil deve inserir no Livro Branco a importância da água, que se tornará um dos mais valiosos ativos do século XXI.  Na mesma linha, o chefe do Departamento de Ensino da Escola de Guerra Naval, almirante Reginaldo Gomes Garcia dos Reis, destacou em sua palestra a importância do Atlântico Sul como bacia estratégica para a exportação de produtos brasileiros, principalmente petróleo.


Fonte:
Ministério da Defesa



03/06/2011 20:38


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