Senado decide votar reforma do Judiciário ainda este ano



A proposta de emenda à Constituição (PEC) da reforma do Judiciário será votada ainda este ano pelo Senado. O Plenário rejeitou nesta quarta-feira (20) requerimento adiando a votação para 13 de dezembro. Na prática, o requerimento, proposto pelo senador Eduardo Suplicy (PT-SP) levaria a votação da PEC para a próxima legislatura, que se inicia em 1º de fevereiro de 2003, uma vez que não haveria tempo hábil para a tramitação ainda este ano. Os senadores votam na próxima quarta-feira (27) 114 destaques ao texto da reforma.

- A Casa está debruçada sobre esta matéria que é de transcendental importância. Vamos começar a votar, mas não precisamos necessariamente concluir a votação ainda este ano, mas vamos avançar e podemos inclusive votar toda a matéria esse ano ainda - explicou o presidente do Senado, Ramez Tebet.

O relator da reforma do Judiciário, senador Bernardo Cabral (PFL-AM), criticou em discurso a proposta de adiamento. Como principal argumento, ele destacou o grande número de debates sobre o assunto, promovidos pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) e os mais de dois anos de tramitação da PEC no Senado - antes, a matéria foi discutida por oito anos na Câmara dos Deputados.

O senador relembrou detalhes da tramitação da proposta, da discussão na CCJ à apresentação de 133 emendas de Plenários. Bernardo Cabral frisou que em todo o processo houve ampla participação dos senadores, concessão de vista para melhor análise da proposta, além da realização de diversas audiência públicas para discutir o assunto, com a participação de juristas, representantes de entidades de classe de operadores do direito e membros dos tribunais superiores. A existência de discordâncias sobre o texto, disse Cabral, é fruto da gravidade da crise do Judiciário.

- Não se pode conceber que um trabalho deste vulto pudesse vir à lume sem que houvesse pontualmente oposição. A não ser que se optasse por um texto pífio. E a gravidade da crise do Judiciário não comporta soluções deste tipo - afirmou.

Bernardo Cabral também atacou possíveis interesses de governos no teor da proposta.

- A reforma do Judiciário não pode ser contaminada pelo ponto de vista governamental. Não consigo aprisionar razões que façam a reforma avançar mais sob um novo governo - disse.

Apesar de reconhecer o esforço de Bernardo Cabral na elaboração do texto da reforma, o senador Tião Viana (PT-AC) citou o posicionamento de entidades como a Ordem dos Advogados do Brasil e a Associação dos Juízes Federais para justificar o adiamento da votação da matéria.

- A Justiça do Trabalho ficará inviabilizada caso absorva todas as competências propostas pelo texto da reforma do Judiciário - afirmou o senador, citando texto da Associação dos Juízes Federais.




20/11/2002

Agência Senado


Artigos Relacionados


SENADO DISCUTE REFORMA DO JUDICIÁRIO AINDA ESTE ANO

Reforma do Judiciário deve ser aprovada ainda este ano, defende Francelino Pereira

Sarney quer votar reforma administrativa ainda este ano

Tebet diz que Senado deve votar redução de IR ainda este ano

Reforma administrativa do Senado pode ser votada ainda este ano

Governo decide fazer ajuste fiscal ainda maior este ano