SENADO LAMENTA MORTE DE FLORESTAN FERNANDES



O plenário do Senado Federal observou hoje (dia 10) um minuto de silêncio pela morte do ex-deputado e professor Florestan Fernandes, ocorrido ontem. "Florestan nos deu constantemente uma lição de vida através de sua força de vontade e capacidade de procurar construir um dia-a-dia sob a perspectiva de mudar o Brasil, de torná-lo um país sem excluídos, um país mais justo, um país socialista", disse a senadora Benedita da Silva (PT-SP). A pedido do presidente José Sarney, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) representao Senado nos funerais de Florestan Fernandes.

Os senadores Bernardo Cabral (PP-AM), Sebastião Rocha (PDT-AP), Lúcio Alcântara (PSDB-CE) e Esperidião Amin (PPR-SC) apoiaram as homenagens propostas e lamentaram a perda do intelectual, homem público e educador. Bernardo Cabral lembrou que Florestan Fernandes "marcou de forma indelével" sua atuação na Assembléia Nacional Constituinte e que é "uma dessas pessoas que não morrem", permanecendo viva no sentimento de toda a sociedade.

Lúcio Alcântara disse que Florestan Fernandes destacou-se por sua integridade, idéias e fidelidade aos princípios que nortearam sua vida. Esperidião Amin assinalou que esse é o momento de "começarmos a reverenciar a vida e a obra do educador".

A senadora Benedita da Silva destacou a coerência de Florestan Fernandes com a causa que abraçou, lembrando de quando o PT decidiu não participar da reforma constitucional e não apresentar emendas. "Todos concordamos e acatamos a decisão do partido, mas Florestan Fernandes foi o único que, em nome do compromisso que tinha com a causa, apresentou emenda sobre o problema racial, não foi a Benedita da Silva nem qualquer outro parlamentar negro", relembrou, emocionada, a senadora.

A vida de Florestan Fernandes foi relatada por Benedita da Silva desde o tempo de menino, quando trabalhou como engraxate, garçom e barbeiro para sustentar a si e sua mãe, uma empregada doméstica. Para entrar na universidade, prestou exames de madureza, que correspondiam aos primeiro e segundo graus de ensino. Foi classificado entre os primeiros em um grupo de 29 candidatos e escreveu o primeiro de seus 57 livros aos 25 anos de idade.

10/08/1995

Agência Senado


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