SENADORES ANALISAM AUMENTO DA VIOLÊNCIA EM BRASÍLIA
Para Lauro, a violência é parte de um cenário que deve ser mudado radicalmente. O senador entende que a criminalidade faz parte de uma sociedade mafiosa que construímos. Para alguns setores, os mais marginalizados e desesperados, o problema se agrava com o desemprego, considerado por ele, como "o mais desgraçado do mundo".
Ele critica a adoção de políticas do tipo "tolerância zero", que propõem acabar com a violência pelo uso da violência. A proposta do senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) de usar o Exército para cuidar da segurança pública nas áreas de maior delinqüência, também, na opinião de Lauro, não resolve a situação. Da mesma forma, ele entende que a solução encontrada pelos mais ricos, de se fecharem "em verdadeiras fortalezas", é apenas uma ilusão.
- O problema fica remediado, mas volta assim que a repressão for reduzida. Em vez de exército e polícia, está na hora de oferecermos amor à sociedade. Devemos oferecer pelo menos um salário digno. O antídoto à violência é o amor, a compaixão, o alimento. Uma sociedade reprimida só pode ter como resposta a agressão - avalia.
Outro problema, o inchaço de Brasília, na opinião do senador, pode ser minorado, desde que o governo local assuma posição diferente da atual, com a doação eleitoral de lotes e benefícios populistas.
- Assim, a criminalidade só aumenta. À medida que a violência se agrava, nós vamos considerando normal a barbárie. É a normalização da barbárie - afirma Lauro, que já foi assaltado oito vezes, incluindo uma tentativa de seqüestro.
CRESCIMENTO ARTIFICIAL
O senador José Roberto Arruda também aponta o crescimento artificial da cidade como uma das causas da violência em Brasília. Programas como a doação de lotes e a Bolsa Escola que, avalia Arruda, atraem pessoas para o Distrito Federal, pois, em vez de serem utilizadas como políticas compensatórias, de combate à pobreza, são oferecidas como formas de sustentação econômica. Esse inchaço, acredita, leva ao aumento do desemprego e da violência.
Além disso, para Arruda, existe uma questão cultural envolvendo a adolescência de Brasília, que se ressente da falta de raízes, de estrutura familiar e de perspectiva profissional. Esses fatores, na visão do senador, são mais graves em Brasília que em outros centros urbanos. O senador também condena a politização da polícia do DF, que compromete a profissionalização. Assim, continuou, a disciplina e a hierarquia não são respeitadas e dão lugar à desordem, fazendo com que a polícia passe a ser corretiva, em vez de preventiva.
Arruda sugere que a sociedade brasiliense se organize em um grande movimento como o "Basta, eu quero paz!", promovido pelo Viva Rio. Ele anunciou que está doando o tempo a que tem direito no horário eleitoral gratuito para entidades que lutam pela paz.
- Não podemos mais achar normal a morte de um jovem de 20 anos, espancado na porta de uma boate - disse.
15/08/2000
Agência Senado
Artigos Relacionados
Senadores analisam medidas para conter violência nas escolas
Rollemberg critica governo do DF por aumento da violência em Brasília
LAURO CAMPOS ANALISA AUMENTO DA VIOLÊNCIA EM BRASÍLIA
Senadores preocupados com aumento da violência
Juristas analisam possibilidade de aumento de pena para crimes de homicídio
Senadores analisam contratações do governo