SENADORES ANALISAM AUMENTO DA VIOLÊNCIA EM BRASÍLIA



O assassinato de um rapaz, espancado à saída de uma boate; o estupro seguido de estrangulamento de uma menina de três anos; a morte de um jovem folião no carnaval fora de época são fatos que indicam o aumento da violência na capital federal. Os senadores de Brasília Lauro Campos (PT) e José Roberto Arruda (PSDB) apontam como uma das principais causas o crescimento artificial da cidade, com a concessão de lotes e a legalização de ocupações sem qualquer regra.
Para Lauro, a violência é parte de um cenário que deve ser mudado radicalmente. O senador entende que a criminalidade faz parte de uma sociedade mafiosa que construímos. Para alguns setores, os mais marginalizados e desesperados, o problema se agrava com o desemprego, considerado por ele, como "o mais desgraçado do mundo".
Ele critica a adoção de políticas do tipo "tolerância zero", que propõem acabar com a violência pelo uso da violência. A proposta do senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) de usar o Exército para cuidar da segurança pública nas áreas de maior delinqüência, também, na opinião de Lauro, não resolve a situação. Da mesma forma, ele entende que a solução encontrada pelos mais ricos, de se fecharem "em verdadeiras fortalezas", é apenas uma ilusão.
- O problema fica remediado, mas volta assim que a repressão for reduzida. Em vez de exército e polícia, está na hora de oferecermos amor à sociedade. Devemos oferecer pelo menos um salário digno. O antídoto à violência é o amor, a compaixão, o alimento. Uma sociedade reprimida só pode ter como resposta a agressão - avalia.
Outro problema, o inchaço de Brasília, na opinião do senador, pode ser minorado, desde que o governo local assuma posição diferente da atual, com a doação eleitoral de lotes e benefícios populistas.
- Assim, a criminalidade só aumenta. À medida que a violência se agrava, nós vamos considerando normal a barbárie. É a normalização da barbárie - afirma Lauro, que já foi assaltado oito vezes, incluindo uma tentativa de seqüestro.
CRESCIMENTO ARTIFICIAL
O senador José Roberto Arruda também aponta o crescimento artificial da cidade como uma das causas da violência em Brasília. Programas como a doação de lotes e a Bolsa Escola que, avalia Arruda, atraem pessoas para o Distrito Federal, pois, em vez de serem utilizadas como políticas compensatórias, de combate à pobreza, são oferecidas como formas de sustentação econômica. Esse inchaço, acredita, leva ao aumento do desemprego e da violência.
Além disso, para Arruda, existe uma questão cultural envolvendo a adolescência de Brasília, que se ressente da falta de raízes, de estrutura familiar e de perspectiva profissional. Esses fatores, na visão do senador, são mais graves em Brasília que em outros centros urbanos. O senador também condena a politização da polícia do DF, que compromete a profissionalização. Assim, continuou, a disciplina e a hierarquia não são respeitadas e dão lugar à desordem, fazendo com que a polícia passe a ser corretiva, em vez de preventiva.
Arruda sugere que a sociedade brasiliense se organize em um grande movimento como o "Basta, eu quero paz!", promovido pelo Viva Rio. Ele anunciou que está doando o tempo a que tem direito no horário eleitoral gratuito para entidades que lutam pela paz.
- Não podemos mais achar normal a morte de um jovem de 20 anos, espancado na porta de uma boate - disse.

15/08/2000

Agência Senado


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