Senadores aprovam retaliação brasileira a produtos norte-americanos em defesa do algodão



A decisão do governo de sobretaxar por 30 dias, a partir de sete de abril, uma lista de 102 produtos importados dos Estados Unidos, como retaliação aos subsídios norte-americanos ao algodão made in USA, está encontrando importante apoio no Senado. Mesmo sendo da oposição, o presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), disse que a medida veio no tempo certo e na dose apropriada. Ele lembrou que o Brasil ganhou esse direito junto à Organização Mundial do Comércio (OMC) há quatro anos, depois de uma disputa de oito anos. A decisão do governo não precisa ser submetida ao Congresso Nacional.

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O senador Francisco Dornelles (PP-RJ) disse que os subsídios dos norte-americanos aos seus produtores de algodão são "ilegais e desleais". "A OMC julgou os argumentos apresentados pelo Brasil e decidiu que os Estados Unidos deveriam retirar os subsídios concedidos aos seus produtores de algodão. Como não o fizeram, o Brasil foi autorizado a retaliar", disse o senador. Segundo ele, retaliação não é nem o nome apropriado porque, na realidade, o que o governo brasileiro fez foi tomar medidas que levassem a uma negociação, o que está de fato acontecendo, acrescentou.

Na última terça-feira (9), o secretário de Comércio dos Estados Unidos, Gary Locke, veio ao Brasil e acenou até mesmo com a possibilidade de retirar a taxa que seu país impõe ao etanol brasileiro. Locke disse também que os Estados Unidos não querem uma guerra comercial. Ele prometeu negociar e reconheceu até mesmo o direito que o Brasil tem de retaliar. Nos próximos dias, uma delegação norte-americana virá ao Brasil tentar um acordo definitivo.

Para Francisco Dornelles, o que o Brasil fez, na verdade, foi provocar uma negociação que, ele acredita, vai acontecer com bons resultados.Por sua vez, o senador Eduardo Azeredo informou que o alardeado encarecimento de produtos para os brasileiros, devido às sobretaxas da retaliação, não será tão assustador. "Não vai haver encarecimento significativo, nada que vá muito além de 1% em média". Azeredo disse também que a lista é quase toda formada por artigos sofisticados, boa parte já produzida no Brasil ou em mercados alternativos.

O senador Osmar Dias (PDT-PR) considera absurdas as notícias de que o pãozinho vai aumentar porque o trigo importado dos EUA terá alíquota de importação aumentada de 10% para 30%. "Eu não consigo entender por que o pão e as massas vão aumentar se, só no Paraná, há 800 mil toneladas de trigo da safra passada, que os produtores não conseguem vender", disse Osmar Dias. Segundo ele, o Brasil importa quatro milhões de toneladas de trigo, sem qualquer necessidade, porque poderia estar produzindo muito mais do que isso para consumo próprio. Quem também apóia a retaliação é o senador Renato Casagrande (PSB-ES), presidente da Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA). Segundo ele, o Brasil está exercendo um direito, reconhecido em um fórum internacional legítimo e formado pelos principais países do mundo.

Cezar Motta / Agência Senado



12/03/2010

Agência Senado


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