SENADORES CONDENAM AGRESSÕES A RUTH CARDOSO



Os nove senadores que solicitaram apartes no pronunciamento de Artur da Távola condenaram explicitamente as agressões sofridas por Ruth Cardoso no Rio de Janeiro e registraram sua solidariedade. O senador Pedro Simon (PMDB-RS) disse que Ruth Cardoso "honra o Brasil como primeira-dama, pela cultura, pela vida própria e pela dedicação no combate à fome", e ressaltou que o incidente - "injustificável" - foi ruim para a Universidade Federal do Rio de Janeiro e para todo o país. "Ruth Cardoso é merecedora de felicitações pela coragem e firmeza demonstradas", acrescentou.Dizendo-se contra toda forma de agressão - "só como ato de legítima defesa, e olhe lá, melhor se se puder correr" -, Marina Silva (PT-AC) afirmou que Ruth Cardoso é digna de respeito por seu compromisso com questões importantes do país, como os problemas dos índios, das mulheres e da pobreza. A seu ver, ela "é uma primeira-dama adequada, capaz de ir a um palácio da nobreza e a uma tribo indígena". Assim, atribuir ao PT uma ação orientada para a agressão, como o fez o senador Artur da Távola (PSDB-RJ), é ignorar o respeito que o partido tem pela primeira-dama e não reconhecer que, como exige o tratamento democrático das diferenças políticas, cabe ser oposição apresentando propostas, "o que o PT tem feito", assegurou Marina.Jefferson Péres (PSDB-AM), por sua vez, declarou-se chocado com o fato de "o espetáculo degradante" envolvendo a esposa do presidente da República ter ocorrido dentro de uma universidade, "espaço de debate de idéias e de humanismo". Na sua opinião, se a direção da UFRJ e o próprio corpo discente não repudiarem o episódio de ontem, "a universidade ficará manchada".Também indignado com as agressões, Djalma Falcão (PMDB-AL) pediu a Artur da Távola a mesma generosidade que ele atribuiu às origens das esquerdas, para "não bater tanto no lombo dessa juventude". Insistindo no repúdio a atos semelhantes, Falcão disse que é preciso "respeitar o ponto de vista dos estudantes, contra a privatização do ensino público". Para Djalma Bessa (PFL-BA), Ruth Cardoso "não saiu nada mal do episódio. Ela se houve com a maior dignidade", avaliou. Afirmando que a manifestação de Távola foi "justa e correta", Bessa salientou que o trabalho desenvolvido pela primeira-dama "é um modelo para outros países".O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) ratificou a posição de Marina Silva: "O PT tem o maior respeito por Dona Ruth". Quanto a ele próprio, Suplicy manifestou sua certeza de que, se o presidente da República ouvisse um pouco mais sua esposa, "provavelmente estaríamos muito melhor, pois nem sempre o presidente tem tomado as decisões mais sábias". O senador por São Paulo também classificou as acusações contra o PT como "um exagero". A seu ver, o sentimento dos estudantes e da população em relação ao que está acontecendo com o país "decorre de problemas concretos".Contrariamente a Suplicy, o líder do governo, Elcio Alvares (PFL-ES), rejeitou qualquer atribuição do incidente aos estudantes e à sociedade brasileira de modo geral. "Alguns poucos não podem falar em nome de todos", afirmou, registrando sua solidariedade pessoal a Ruth Cardoso. Roberto Freire (PPS-PE) considerou que, mais que solidarizar-se com a primeira-dama, Távola trouxe à baila uma reflexão que deve ser feita por todas as esquerdas: "Há setores que pensam fazer oposição ao governo como se ainda estivéssemos na ditadura". Sérgio Machado (PSDB-CE) observou que o incidente "não fez bem à democracia", demonstrando intolerância em relação a uma pessoa acostumada ao diálogo.

01/12/1998

Agência Senado


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