Senadores criticam política econômica do governo FHC



Com um nível de dívida interna equivalente a 53% do Produto Interno Bruto (PIB), a realização de superávits primários de R$ 32 bilhões e sistemáticos déficits na balança comercial, a atual política econômica do governo está conduzindo o país para o caos, disse o senador Ademir Andrade (PSB-PA) ao ministro da Fazenda, Pedro Malan. O ministro evitou discutir em profundidade a política econômica, alegando estar na reunião da CAE e CFC desta quinta-feira (31 de maio) para esclarecer notícias, segundo ele falsas, que apontavam seu envolvimento na operação de socorro montada pelo Banco Central para salvar dois bancos da bancarrota em janeiro de 1999 (Marka e FonteCindan).

Vários outros senadores insistiram em arrancar do ministro explicações sobre os critérios de formulação da política econômica e sobre as atitudes do governo impedindo a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar casos de corrupção no Executivo.

Malan voltou a defender a não-instalação de uma CPI, alegando que ela serviria de "palanque" para as oposições e ainda paralisaria o Congresso, no que foi contestado por Pedro Simon (PMDB-RS), Eduardo Suplicy (PT-SP), José Alencar (PMDB-MG) e Ademir Andrade.

Segundo Malan, não há porque se criar uma CPI para apurar 20 casos que já estão sendo apurados pela Justiça, Ministério Público, Polícia Federal, Receita Federal e outros órgãos. Ouviu do senador Pedro Simon, que o sucesso das CPIs no Brasil se deve exatamente à inapetência demonstrada por outros órgãos na apuração de vários casos, principalmente do Ministério Público, aproveitando para sugerir ao presidente Fernando Henrique que aposente logo o procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, "recordista mundial em arquivamento de processos", segundo disse.

A Justiça não apura e nem pune os casos de corrupção e desvios do dinheiro público, segundo Simon. Para ele, se não fosse a CPI do Judiciário, o juiz Nicolau dos Santos Neto estaria solto até hoje.

O senador Lauro Campos (sem partido-DF) criticou duramente a ação do governo para salvar bancos falidos. Para o senador, o atual governo desconhece que o risco é inerente ao capitalismo e lembrou que o próprio pai do neoliberalismo, Milton Friedman, aconselhava "deixar os bancos quebrarem".

Ele disse que na operação do Proer o governo desembolsou R$ 10 bilhões para salvar o Banco Nacional, beneficiando Ana Lúcia Magalhães Pinto, da família dos proprietários do banco, e nora do presidente Fernando Henrique Cardoso.

31/05/2001

Agência Senado


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