Senadores da base do governo dizem que BC foi independente ao reduzir a Selic
Apesar da desconfiança do mercado financeiro, os senadores da base governista defenderam a atual política monetária do Banco Central. Vários deles apoiaram, durante audiência realizada nesta terça-feira (27), a decisão adotada em 31 de agosto de baixar a taxa de juros básica de 12,5% para 12% ao ano. Já para os que criticam a medida, houve, além de precipitação frente aos riscos inflacionários, indícios de que a presidente Dilma Rousseff interferiu na decisão - em detrimento da independência da instituição.
Para os senadores que defendem o Banco Central, a redução da taxa básica - também conhecida como taxa Selic - seria justamente um sinal de independência. Ao apoiar a medida, Eduardo Suplicy (PT-SP) citou artigos de diversos economistas, como Yoshiaki Nakano, que foi secretário da Fazenda de São Paulo no governo de Mario Covas. Em artigo publicado no jornal Valor Econômico, ele disse que o Banco Central "finalmente tornou-se independente do mercado financeiro" e ressaltou que a atual diretoria da instituição não conta com ex-funcionários de bancos privados, ao contrário do que ocorria até recentemente.
Já Francisco Dornelles (PP-RJ), ao apoiar a queda da Selic, disse que a decisão foi "forte e independente". Ele também apontou o peso dessa taxa sobre as contas do Tesouro. Lindbergh Farias (PT-RJ) utilizou argumento semelhante ao frisar que a redução dos juros representa um "alívio fiscal tremendo", já que a Selic é referência para os juros cobrados sobre a dívida pública.
Armando Monteiro (PTB-PE) disse que as altas taxas de juros resultam em um "imenso custo fiscal" para o governo. Ele sugeriu que, no que se refere à dívida pública, a taxa Selic seja substituída por outro indicador.
Por outro lado, um dos sinais de que o mercado financeiro desconfia da eficiência da atual política monetária foi o Boletim Focus divulgado nesta semana. De acordo com esse boletim, que divulga pesquisa semanal feita pelo Banco Central com representantes do mercado financeiro, há uma expectativa de que a inflação deste ano fique acima da meta fixada pelo governo. O levantamento apontou uma projeção de 6,52% (a sexta alta consecutiva registrada por essa pesquisa), acima do teto da meta, que é de 6,5%.
Para ver a íntegra do que foi discutido na comissão, clique aqui.
27/09/2011
Agência Senado
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