SENADORES DEBATEM PROGRAMAS MAIS EFETIVOS PARA ERRADICAR POBREZA



No debate nesta quinta-feira (dia 23) com o economista Paul Singer, os parlamentares da Comissão Mista para Erradicação da Pobreza dividiram-se entre preocupações macroeconômicas e o interesse de aprofundar a análise de programas específicos de combate à pobreza. Um destes, de erradicação do trabalho infantil nas áreas de economia canavieira, coordenado por Vanda Engel, secretária de Assistência Social do Ministério da Previdência, será objeto de audiência pública em data a ser marcada pelo presidente da comissão, senador Maguito Vilela (PMDB-GO). Requerimento propondo que Vanda Engel colabore com os parlamentares foi apresentado pelo relator, deputado Roberto Brant (PFL-MG), e aprovado hoje (dia 23) pelo plenário.
O relator considerou que, com as audiências já realizadas, a comissão teve acesso a vários critérios de medição da pobreza e, para efeitos legislativos, deverá adotar um deles. Brant concordou com Paul Singer quanto à necessidade de garantir uma redistribuição dos três pré-requisitos destacados pelo economista e defendeu a "universalização do instrumento conhecido com bolsa-escola".
O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) quis identificar quem se beneficia com o pagamento de R$ 50,1 bilhões feito pelo governo em 1999 a título de juros e encargos. Segundo Paul Singer, não há estatísticas para assegurar uma identificação adequada, mas, no Brasil, a riqueza é ainda mais concentrada que a renda: ganha proporcionalmente mais quanto mais riqueza financeira já tenha, resumiu. O deputado Coriolano Sales, por sua vez, salientou a importância de mudar a legislação vigente relativa às cooperativas de crédito, de modo a facilitar a sua disseminação e ampliar suas funções, como a de suprir cerca de 2 mil municípios brasileiros sem agências bancárias.
Ao senador Pedro Simon (PMDB-RS) - interessado em entender o que deu errado para que toda uma geração de economistas que se iniciou na vida pública militando no MDB oposicionista "virasse a casaca", como também teria acontecido com o presidente da República -, Singer respondeu que houve, de fato, uma profunda mudança de convicções. Ele a situou historicamente "após o fracasso do Plano Cruzado" e disse que o próprio Plano Real revela uma "mudança de posição teórica".
O economista admitiu, no entanto, que errou ao avaliar, de início, que o real não daria certo como os planos de estabilização anteriores e afirmou que há dados demonstrando que, nos anos de 95 e 96, 12 milhões de brasileiros tiveram efetivo aumento de renda. A partir de 97, número aproximadamente igual de brasileiros foram jogados na pobreza pela recessão, desindustrialização, abertura do mercado às importações e desemprego. Os senadores Djalma Bessa (PFL-BA) e Agnelo Alves (PFL-RN) também debateram com Paul Singer.

23/09/1999

Agência Senado


Artigos Relacionados


MAGUITO DEFENDE PROGRAMAS SOCIAIS PARA ERRADICAR POBREZA

Especialista diz que programas de distribuição de renda são insuficientes para erradicar pobreza

TEBET SUGERE GERAÇÃO DE MAIS EMPREGOS PARA ERRADICAR A POBREZA

ACM APRESENTA PROPOSTA PARA ERRADICAR POBREZA

APROVADA EMENDA PARA ERRADICAR A POBREZA NO BRASIL

Conferência ressalta importância do Suas para erradicar extrema pobreza