SENADORES DEFENDEM PROPOSTA DE RESTRIÇÃO À PUBLICIDADE DO FUMO



Os senadores Eduardo Suplicy (PT-SP) e Artur da Távola (PSDB-RJ) defenderam o projeto que proíbe a propaganda de derivados do tabaco durante a audiência pública sobre o tema nas comissões de Assuntos Sociais e de Constituição e Justiça. Suplicy (PT-SP) citou a proposta do veterano publicitário Carlito Maia, doente pelos longos anos de consumo de álcool e de cigarros. Carlito propôs que os anúncios destes produtos sejam seguidos por outros, informando dos males que causam à saúde.

O presidente do Instituto Nacional do Câncer, José Kogut, afirmou que o hábito de fumar não é dosado, e por isso não se pode determinar após quanto cigarros haverá uma mutação genética que dará origem a um tumor maligno. Já o álcool, usado com moderação, é bom para a saúde, disse Kogut. Segundo ele, populações européias que bebem vinho há dezenas de gerações não têm alterações hepáticas significativas.

Kogut lembrou que a produção de tabaco utiliza uma quantidade muito grande de agrotóxicos e que, por isso, são muito altas as incidências de câncer entre os trabalhadores na indústria fumígera. Para o representante da Associação Médica Brasileira, José Rosemberg, o problema do alcoolismo é muito diferente do tabagismo. A inclusão de álcool e fumo em uma mesma legislação pode ser benéfica a uma e prejudicial a outra. O presidente da Associação dos Fumicultores do Brasil, Hainsi Gralow, respondeu que a lucratividade do tabaco é muito maior que das outras culturas.

O senador Artur da Távola (PSDB-RJ) afirmou que o projeto que restringe a publicidade de cigarros é de alto interesse público e envolve a própria cidadania e formação dos jovens. Para ele, o projeto é absolutamente constitucional, já que a matéria se refere à vida, o primeiro direito estabelecido na Constituição.

Artur da Távola é de opinião que os parlamentares devem votar a restrição da propaganda de cigarros com total isenção. Para ele, a vida dos brasileiros deve estar em primeiro lugar. O senador lembrou que, ao lado do cigarro, a bebida alcóolica também vem preocupando as autoridades. Ele informou que no Brasil existem cerca de 12 milhões de alcóolatras, ou seja, um pouco menos que 10% da população.

O senador Júlio Eduardo (PV-AC) protestou contra algumas campanhas denominadas Verde é Vida, patrocinadas pela Associação dos Fumicultores do Brasil. O único representante do Partido Verde no Senado informou que, por ironia, grande parte dos agricultores que trabalham na lavoura de fumo está intoxicada, em virtude dos produtos usados na produção.

18/10/2000

Agência Senado


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