Senadores e embaixadores debatem comércio exterior do Brasil



A partir de pergunta do senador Rodolpho Tourinho (PFL-BA), os senadores e diplomatas presentes à reunião da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) promoveram nesta quinta-feira (10) um debate acerca de soluções para que o Brasil amplie sua participação no comércio exterior, a exemplo de países como a Irlanda, a Coréia do Sul e o Chile. O Brasil responde por menos de 1% do total das trocas comerciais internacionais, percentual considerado baixo pela unanimidade dos presentes à CRE. Para melhorar a situação, os diplomatas defenderam uma atuação mais ordenada do governo na definição de um modelo de produção que leve em consideração mercados externos.

Para o diplomata Carlos Augusto Rego Santos Neves, indicado para chefiar a Embaixada do Brasil na Rússia, as exportações brasileiras estão estacionárias porque o país vem se transformando em um exportador de produtos naturais ou minimamente elaborados. Nas últimas décadas, afirmou, o Brasil deixou de, por exemplo, executar obras de engenharia em outros países e, diferentemente do que acontece com a Coréia do Sul, não se inseriu nas cadeias globais de produção.

Com a venda de produtos naturais, afirmou Santos Neves, o país fica em situação vulnerável nas trocas. Assim, continuou, só haverá possibilidade de melhoria nas exportações por meio da incorporação de terras agricultáveis à produção nacional. Ele defendeu um papel mais agressivo para o Estado no fomento às exportações e na transformação do perfil da produção nacional.

Essa também foi a posição manifestada pelo diplomata Pedro Paulo Pinto de Assumpção. Ele disse entender que o governo deve apoiar empresas em áreas estratégicas a se organizarem de forma moderna e eficaz, sem clientelismo. Ele apresentou a Coréia do Sul como modelo de dinamismo nas trocas comerciais, com possibilidades de fechar contratos comerciais via Internet, eliminando burocracias ou a necessidade de viagens onerosas.

Na mesma linha, o diplomata Luiz Tupy Caldas de Moura, indicado para substituir Pinto de Assumpção na embaixada brasileira no Panamá, disse que falta ao país um modelo de desenvolvimento que leve em consideração a competitividade do país no comércio exterior. Para ele, o Brasil enfrenta muitas desvantagens com relação a outros países, especialmente no que diz respeito ao financiamento das exportações, o que dificulta as negociações e retira a agilidade das empresas nacionais.

Consulado

Ao final da reunião, o presidente da CRE, senador Eduardo Suplicy (PT-SP), agradeceu a contribuição dos diplomatas para um melhor desempenho do país na área comercial. Apesar de o Itamarati não ser responsável por fechar contratos, Caldas de Moura destacou o papel dos diplomatas na aproximação de empresas brasileiras com os mercados externos.

O senador Hélio Costa (PMDB-MG) se mostrou preocupado com a pirataria de produtos com origem na Coréia. Ele também pediu que o indicado para a embaixada na Rússia acompanhe a possibilidade de realização de negócio com aquele país envolvendo aviões militares e a respectiva transferência de tecnologia.

O vice-presidente da CRE, senador Marcelo Crivella (PL-RJ), sugeriu que o Brasil amplie os investimentos nos serviços consulares. Ele argumentou que entre 2 milhões e 2,5 milhões de brasileiros moram fora do país e são responsáveis por remessas de US$ 5 bilhões para o Brasil. Como o Banco Central fica com 1% desse valor, Crivella entende que parte desses recursos podem servir para reforçar o apoio aos brasileiros que estão em outros países.

Os senadores Gilberto Mestrinho (PMDB-AM) e Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) elogiaram o preparo e o desempenho dos diplomatas e disseram acreditar que os nomes aprovados pela CRE têm condições de engrandecer a imagem do país no exterior.



10/04/2003

Agência Senado


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