Senadores pedem prioridade a projeto que regula acesso à biodiversidade



Em audiência pública promovida nesta terça-feira pela Comissão de Educação (CE), o senador Geraldo Mesquita Júnior (PSB-AC) e o presidente da comissão, senador Osmar Dias (PDT-PR), pediram que o governo procure agilizar a votação na Câmara de projeto de autoria da senadora licenciada Marina Silva, atual ministra do Meio Ambiente, que disciplina o acesso à biodiversidade brasileira. O ministro da Ciência e Tecnologia, Roberto Amaral, que participou da audiência, apoiou o pedido e afirmou que fará o possível para agilizar a aprovação da matéria.

Para o ministro, falta interesse da elite brasileira em proteger as riquezas naturais do Brasil. -Somos vítimas de uma elite perversa desvinculada dos interesses de seu país-, afirmou Roberto Amaral.

Durante o debate na comissão, Amaral disse que o problema do país não são os juros altos, e sim a falta de investimento em ciência e tecnologia. Em resposta conjunta a questionamentos dos senadores Flávio Arns (PT-PR), Ideli Salvatti (PT-SC) e João Capiberibe (PSB-AP), ele observou que o orçamento atual do ministério, de R$ 3,2 milhões, é -o possível-, mas que o ministério está -adaptando o orçamento herdado do governo anterior para prioridades da atual administração-.

O ministro defendeu a promoção de investimentos maiores em recursos humanos, envolvendo uma política séria de salários, de laboratórios e de recuperação da universidade pública brasileira. Ele observou que em países como Estados Unidos, Inglaterra e França, a grande maioria dos alunos estuda em universidades públicas.

- No Brasil 65% dos alunos estão em escolas particulares, 35% em públicas. Pode ser que todo o resto do mundo esteja errado. Mas acontece que, no Brasil, investimentos em recursos humanos e em ciência são feitos na escola pública. E não há ciência aplicada e tecnologia sem a ciência básica, pura., sem laboratório. Ou enfrentamos essa realidade ou não vamos resolver os problemas do país - afirmou Amaral.

O ministro destacou que a publicação de artigos científicos tem conseqüências diretas na sociedade. Citou como exemplo a Coréia, que investiu pesado em ciência e tecnologia e ganhou maior espaço na economia mundial. -Nós não temos nenhuma marca internacional-, observou Amaral. -A Coréia hoje está anos à frente do Brasil-, comparou.

Em resposta ao senador Rodolpho Tourinho (PFL-BA), o ministro afirmou que a criação dos fundos de incentivo à pesquisa foram importantíssimos para o país e que devem ser defendidos, fortalecidos e ampliados. O senador Flávio Arns externou sua preocupação com o impacto que a reforma da Previdência pode ter no setor de ciência e tecnologia, uma vez que a pesquisa é incentivada principalmente pelo governo.

Em resposta ao senador Aelton Freitas (PL-MG), o ministro afirmou que o governo já aumentou o número de bolsas de estudo oferecidas ao mundo acadêmico. Ele informou que os objetivos futuros de sua gestão são os de aumentar os valores das bolsas e, em seguida, desconcentrar geograficamente e por faixas etárias a concessão desses incentivos.



03/06/2003

Agência Senado


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