Senadores protestam contra declaração de Lula



A rejeição, nesta quarta-feira (15), da recondução de Bruno Pagnoccheschi para o cargo de diretor da Agência Nacional de Águas (ANA) foi criticada pelos senadores que integram a base do governo, que atribuíram a decisão a um protesto dos oposicionistas a declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que teria chamado os senadores de pizzaiolos em entrevista à imprensa.

A recondução de Bruno Pagnoccheschi já havia recebido parecer favorável da Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle.

A senadora Marina Silva (PT-AC) foi a primeira a lamentar a rejeição ao nome de Pagnoccheschi. Ela destacou a competência profissional do diretor da ANA e disse que ele fez um trabalho sério na agência desde a sua fundação.

- Tem espírito público, é competente e por razões políticas foi rejeitado. Não se soube fazer a separação - disse a senadora, acrescentando que Pagnoccheschi fez um grande trabalho na direção da ANA.

- Lamento profundamente a injustiça cometida aqui. Ele não merece o que foi feito - afirmou.

A rejeição também foi lamentada pelo senador Renato Casagrande (PSB-ES), que durante a votação lembrou que Pagnoccheschi é um ambientalista com profundo conhecimento na área de recursos hídricos.

- Registro meu inconformismo. É uma pena que isso tenha acontecido - disse. 

Protesto formal

Vários senadores repudiaram, em Plenário, a declaração do presidente Lula. Presidindo a sessão, o vice-presidente do Senado, Marconi Perillo, acolheu requerimento do senador Cristovam Buarque (PDT-DF), pedindo explicações de Lula.

- Estou ficando cansado. O presidente da República fazer uma coisa dessas, corrompendo o que os brasileiros pensam da democracia! - criticou o senador, sublinhando que Lula apenas estaria tentando se somar ao que pensa a opinião pública, sem, no entanto, "fazer nada para ajudar o Senado".

Para Álvaro Dias (PSDB-PR), Lula "é o maior pizzaiolo do país", já que não teria punido nenhum de seus assessores envolvidos em escândalos.

O senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) concentrou suas criticas à expressão que teria sido usada por Lula. Para ele "é incrível" que o Senado ainda se surpreenda com declarações do presidente da República, que teria "o intuito de desmoralizar a instituição e levá-la ao fundo do poço em que já está e vai ainda mais".

- A declaração tira proveito da desmoralização do Senado. Vai ser difícil o Senado se levantar com essas chicanas que estão aqui dentro, com essa gente brincando com os mandatos. Isso aqui vai ficar irrespirável, no estado de decomposição em que se encontra. Lula não tem princípios e é pior que o pior dos generais da ditadura - afirmou.

Marconi Perillo afirmou que Lula não tem "autoridade moral" para criticar o Senado, enquanto o senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) disse estar "constrangido" com a crise na instituição.

- Continua montada a máquina de chantagem e de corrupção aqui dentro. Tenho fundadas razões para dizer isso. Não imagino que a crise tire recesso. A crise recrudescerá. As explicações não vêm e, quando vêm, são inconvincentes, vêm com errata ou são insuficientes - lamentou o senador.

A senadora Marisa Serrano (PSDB-MS) disse que a declaração de Lula exigia uma "revolta coletiva" de seus pares. E o senador Demostenes Torres (DEM-GO) responsabilizou o presidente da República pela crise no Senado.

Por sua vez, o senador Almeida Lima (PMDB-SE) disse que as criticas dirigidas a Lula pelos seus colegas eram "precipitadas".

- Não vi aqui nenhum protesto na condicional. Vi todos com postura afirmativa partindo do princípio de que Lula usou essa expressão. Digamos que ele não tenha se reportado a nenhum senador, nem à Casa? - indagou.

Durante o processo de votação da indicação de Pagnoccheschi, o líder do governo, senador Romero Jucá (PMDB-RR), solicitou ao senador Marconi Perillo (PSDB-GO), que presidia os trabalhos, o adiamento da votação de outras indicações de autoridades para agosto, em razão do pequeno número de senadores presentes.



15/07/2009

Agência Senado


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