Senadores questionam Stiglitz sobre privatização de serviços públicos e acordos comerciais



A maior preocupação dos senadores que questionaram o economista Joseph Stiglitz girou em torno de privatização de serviços públicos e acordos de livre comércio entre os países. Rodolpho Tourinho (PFL-BA) perguntou ao economista -como conciliar privatização e interesse das populações pobres-. Como ex-ministro de Minas e Energia, Tourinho observou que o governo brasileiro privatizou parte da área de energia elétrica sem contar com -uma regulação consistente e clara- sobre o comportamento das empresas.

- Essa conciliação passa pelas normas que os Estados têm de definir para as áreas privatizadas. O mercado tem um papel importante, mas os governos também. O Estado é o juiz e tem de fixar regras de interesse dos dois lados - respondeu Stiglitz.

O professor da Universidade de Colúmbia ponderou que foi -a desregulação excessiva- nos Estados Unidos que propiciou casos como o da Arthur Andersen, empresa de auditoria norte-americana envolvida no escândalo e falência da empresa de energia Enron.

O senador Roberto Saturnino (PT-RJ) afirmou que acordos de livre comércio entre países tendem a manter forte o integrante mais rico do acordo e esse é o drama que a América Latina enfrenta nas negociação para criação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca). Stiglitz afirmou que, no caso da Alca, um acordo só será justo se beneficiar o Brasil e seus vizinhos.

- É preciso um tratamento diferenciado para o mais fraco - concordou.

Eduardo Suplicy (PT-SP) quis conhecer as idéias do Prêmio Nobel de Economia de 2001 sobre a liberdade de movimentação de pessoas, e não apenas de capitais, nos acordos de livre comércio. O economista disse que esse será um ponto de difícil aceitação por parte dos países ricos, que querem livre movimentação de capitais, mas sem a entrada de trabalhadores dos países pobres. Tião Viana (PT-AC) perguntou sobre propriedade intelectual e biotecnologia e ouviu de Stiglitz que os países com partes da floresta amazônica devem exigir compensação pelo uso de descobertas baseadas em seus recursos naturais.



27/08/2003

Agência Senado


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