SENADORES SE DIVIDEM EM RELAÇÃO A MENDONÇA DE BARROS



Em aparte ao pronunciamento do senador Sérgio Machado (PSDB-CE), O senador Hugo Napoleão (PFL-PI) lembrou nesta terça-feira (dia 17) que o ministro das Comunicações, Luiz Carlos Mendonça de Barros, tomou a iniciativa de solicitar sua vinda ao Senado para prestar esclarecimentos sobre o processo de privatização. "Com isso, o ministro vai dar conhecimento a esta Casa de fatores ligados àquilo que V. Exª tão bem delineia", disse Napoleão.O líder do Governo no Senado, Elcio Alvares (PFL-ES), destacou que a fala de Sérgio Machado representa o pensamento da Liderança do Governo. Elcio Alvares revelou que, em encontro entre as lideranças e o presidente da República ocorrido nesta terça-feira (dia 17), Fernando Henrique reiterou a firme determinação no sentido do comparecimento do ministro das Comunicações ao Senado. Para Elcio, o depoimento do ministro representa a conjunção de vontades daqueles que defendem o governo no Senado.Já o senador José Eduardo Dutra (PT-SE) reiterou que a oposição defende a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar as denúncias. Segundo o senador, não é verdade que o modelo de privatização do governo obteve o respaldo da população em duas eleições, como afirmou o senador Sérgio Machado. Dutra leu trechos do livro distribuído em 1994, quando da primeira candidatura de Fernando Henrique à Presidência da República, onde se referia à privatização. "No que dizia respeito a telecomunicações, o que foi feito não é o que estava no programa de governo de 94", afirmou o senador.O senador Ernandes Amorim (PPB-RO) lembrou que ele próprio foi vítima de acusações de corrupção logo que assumiu o mandato de senador. "Naquela época, criaram-se inquéritos e comissões. O relator foi o senador Romeu Tuma. Apurou-se tudo contra mim. Por que não se apurar tudo contra o presidente da República? Por que não se apurarem os fatos contra o presidente do Banco Central, contra o presidente do BNDES ou contra qualquer ministro? Alguém aqui é estrela maior, ou são todos iguais perante a lei? Por esse motivo, já disse ao senador Eduardo Suplicy que vou assinar requerimento pedindo a criação de comissão de inquérito porque, assim como fui investigado, quero que todos o sejam nesta Casa", afirmou Amorim. O senador Romeu Tuma (PFL-SP) disse que a investigação sobre as denúncias contra o senador Ernandes Amorim foi realizada a pedido da Presidência do Senado e que acredita ter sido citado no aparte de Amorim apenas por ter sido o autor do relatório final. Tuma também avaliou que, do ponto de vista profissional, a entrega dos documentos e da incumbência de investigar o caso ao ministro-chefe da Casa Militar e da Agência Brasileira de Informação (Abin), general Cardoso, não foi um erro. "É claro que alguém da Agência de Inteligência deveria analisar a documentação que surgiu como extorsão, com fatos criminosos. Ninguém pode criticar por ter passado por lá", afirmou. Romeu Tuma explicou que depois os documentos foram encaminhados ao Ministério Público e à Polícia Federal. O senador Geraldo Melo (PSDB-RN) ressaltou que gostaria de entender em que consiste a crítica, a dúvida levantada contra um ministro que preside um processo de privatização, envolvendo quantias de grande vulto. Para Geraldo Melo, a estimativa do ex-ministro Sérgio Mota foi "um palpite, uma opinião do ministro". Melo disse ainda que o preço mínimo não foi estabelecido por decreto, mas que foi fruto de procedimento de avaliação. "Negar a existência do ágio é considerar que uma opinião pessoal, por mais balizada que seja, vale mais do que um procedimento de avaliação técnica", explicou.Para o senador Gilvam Borges (PMDB-AP), na questão do "grampo", as empresas interessadas na privatização deveriam ser investigadas. Para ele, a discussão em torno da questão está permeada por "resquícios ideológicos dos que possuem mentalidade estatizante e dos liberais, de mentalidade privatizante". Segundo Gilvam, o presidente da República cumpriu um plano de governo justamente para evitar a evasão de dinheiro público, uma vez que, no seu entender, 99,9% das empresas estatais estavam sendo constantemente socorridas com dinheiro público.

17/11/1998

Agência Senado


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