Simon pede renúncia de Mendonça de Barros
Para surpresa do plenário do Senado, o senador Pedro Simon (PMDB-RS) instou o ministro das Comunicações, Luiz Carlos Mendonça de Barros, a renunciar ao cargo. "O presidente Fernando Henrique Cardoso não poderá demiti-lo, porque seria acusá-lo de atos desonestos mas, diante de um fato político tão grave como a divulgação das fitas, o senhor deveria renunciar. Esse noticiário vai continuar e não lhe dará paz", disse o senador, durante depoimento do ministro ao plenário, nesta quinta-feira (dia 19). Mendonça de Barros garantiu que "na hora em que houver consenso no Senado sobre a necessidade de minha renúncia, assim o farei, mas não posso deixar o governo sob acusações ilícitas". Simon afirmou haver uma "quase unanimidade" entre os senadores de que a renúncia seria a melhor saída para o episódio, mas destacou não haver dúvidas quanto à honestidade ou honradez do ministro. Simon lembrou o caso do ex-ministro Rubens Ricupero, para ilustrar sua tese de renúncia. "Ele foi um ministro excepcional, mas foi traído por uma frase infeliz e renunciou. Ao fazê-lo, engrandeceu-se. Nem antes nem depois, nunca surgiu qualquer acusação contra a honra de Ricupero, mas suas palavras inviabilizaram sua permanência no governo", explicou, contestando a tese de Mendonça de Barros de que não poderia ser condenado por suas palavras, apenas por seus atos, se fossem ilícitos. O senador pelo Rio Grande do Sul disse que não era importante saber quem gravou as fitas. "Foi um vigarista qualquer e deve ser preso. O fato grave de tudo isto foi a violação flagrante das regras de licitação pública, que também devem ser cumpridas, rigorosamente, no caso dos leilões. As fitas demonstram isso", disse Simon, concluindo que "na política, as palavras contam tanto quanto os atos". Ao final do depoimento de Mendonça de Barros, o líder do PSDB no Senado, senador Sérgio Machado (CE), fez questão de dizer que "não há consenso entre os senadores sobre a oportunidade ou necessidade de renúncia do ministro, conforme garantiu Pedro Simon".
19/11/1998
Agência Senado
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