Senadores se dizem satisfeitos com explicações de Arruda



Vários senadores apartearam o senador José Roberto Arruda (PSDB-DF) para prestar-lhe solidariedade e dizer que se sentiam satisfeitos com as explicações apresentadas por ele para as acusações de que teria sido a pedido dele que a ex-diretora do Centro de Informática e Processamento de Dados do Senado Federal (Prodasen), Regina Borges, providenciara a violação do painel eletrônico de votação no dia da cassação do mandato do então senador Luiz Estevão.

O senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), também envolvido no caso pela ex-diretora do Prodasen, disse que pretende tratar desse assunto nos "órgãos competentes". Para ele, Arruda apresentou provas que atestam a falsidade das declarações dadas por Regina Borges à comissão de inquérito e lembrou que ela também afirma jamais ter tratado desse assunto com ele. "Fica claro que não sei por que o painel foi violado e por quem. Continuo a desafiar qualquer pessoa a provar que eu tenha tratado disso com a dra. Regina", afirmou.

Os senadores Bernardo Cabral (PFL-AM) e Pedro Piva (PSDB-SP) confirmaram ter encontrado Arruda na solenidade de posse do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Fernando Neves. Cabral disse que é "rigorosamente verdadeira" a versão de Arruda e lamentou que haja no Brasil a inversão do ônus da prova. Piva lembrou ter apresentado a Arruda o tio do novo presidente do TSE, seu único primo-irmão.

Ressaltando a preocupação de todos os senadores com a descoberta da verdade sobre o caso, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) anunciou que acabara de falar ao telefone com Regina Borges e transmitiu a Arruda o que acabara de ouvir. Segundo ele, Regina jurou pela felicidade dos próprios filhos ser verdade tudo o que consta em seu depoimento. Segundo Suplicy, Regina disse que manteve contato telefônico com Arruda na noite do dia 27 de junho do ano passado, quando combinaram um encontro no apartamento do senador, localizado na SQS 114. Perguntada sobre detalhes, ela disse ter conversado com um dos filhos de Arruda, que estava tocando um instrumento de sopro.

Arruda respondeu pedindo a Suplicy que o respeitasse e à sua família. "Não vou mais ficar aqui tentando provar que o que ela diz é falso. Estão aqui as minhas provas. Não compete a mim provar que recebi alguém em minha casa", afirmou. O senador Romero Jucá (PSDB-RR) disse que a verdade vai prevalecer e se deu por satisfeito com as explicações de Arruda. O senador Roberto Requião (PMDB-PR) considerou que Arruda fez sua defesa com brilho e consistência, mas fez um alerta. "Não podemos admitir que os funcionários tenham sido os exclusivos responsáveis pela violação do painel e que isso fique sem uma apuração profunda do processo. O compromisso do Senado Federal é que a corda não arrebente do lado mais fraco", assinalou.

O senador Geraldo Melo (PSDB-RN) ressaltou a atitude exemplar "de quem acredita que tem o dever de mostrar respeito pela opinião pública" e esforçou-se por reconstituir o que fez no dia 27 de junho do ano passado. Ele disse esperar que a manifestação de Arruda esclareça todas as dúvidas e marque o início de um novo momento no Senado. O senador Hugo Napoleão (PFL-PI) disse que os homens públicos, às vezes, são forçados a fazer o que Arruda estava fazendo e lembrou que Duque de Caxias foi obrigado a apresentar na tribuna do Senado a sua declaração de bens por causa de denúncias.

Para o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), Arruda demonstrou ser um homem de muita fé "e é exatamente essa fé que leva à necessidade de aprofundar as investigações que vão definir as responsabilidades". O senador Osmar Dias (PSDB-PR) entendeu que houve uma precipitação da comissão de inquérito ao encerrar os trabalhos sem estabelecer o contraditório e ouvir as outras partes envolvidas a partir do depoimento de Regina Borges. O senador Sérgio Machado (PSDB-CE) ressaltou o sentimento de indignação com que Arruda expôs seus argumentos e cobrou a apuração da verdade.

Já a senadora Marluce Pinto (PMDB-RR) avocou sua condição de mãe de família para pedir o "fim das intrigas no Senado". Ela lembrou episódio ocorrido com o ex-senador Ronaldo Aragão e que o viu chorando na tribuna. Segundo disse, Aragão lhe contou que foi na noite em que sua filha lhe perguntou se ele era um ladrão, que ele teve um enfarte. Marluce também citou o caso envolvendo o ex-deputado Alceni Guerra e afirmou não estar nem a favor nem contra Arruda ou Regina. "Será que ninguém lembra que aquela pessoa tem uma família?", questionou.

18/04/2001

Agência Senado


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