Senegal pode ser 'porta de entrada' para empresários do Nordeste na África, diz embaixadora
O Senegal poderá ser uma "porta de entrada" para a atuação de empresários do Nordeste brasileiro na região da costa oeste da África, sugeriu a embaixadora designada para aquele país, ministra de segunda classe Maria Elisa Teófilo de Luna. A mensagem presidencial contendo a sua indicação recebeu nesta quinta-feira (11) parecer favorável da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), assim como a indicação do ministro de segunda classe Rudá Gonzales Seferin para exercer o cargo de embaixador brasileiro na Albânia.
Em sua exposição aos senadores, Maria Elisa - que também representará o Brasil junto à Gâmbia - defendeu a instalação de uma linha aérea direta entre o Nordeste e o Senegal. Ela informou que uma empresa aérea daquele país, Senegal Airlines, está comprando aviões da Embraer. E recebeu com satisfação a iniciativa do senador Eduardo Suplicy (PT-SP) de buscar um entendimento com empresas aéreas brasileiras para o estabelecimento de uma linha aérea direta entre os dois países.
- Podemos promover uma sinergia com o desenvolvimento do Nordeste brasileiro - disse Maria Elisa, cuja indicação teve como relator o senador Valdir Raupp (PMDB-RO).
A embaixadora relatou ter ouvido de empresários cearenses a informação de que o estabelecimento de uma linha entre Fortaleza e Cabo Verde, país próximo ao Senegal, ajudou a estimular a indústria têxtil no estado. Ela prometeu visitar empresários de outros estados nordestinos - como Rio Grande do Norte, Alagoas, Sergipe e Bahia - para estimular a aproximação com o oeste africano.
Maria Elisa ressaltou ainda que o Senegal tem demonstrado interesse em adotar o português como uma de suas línguas oficiais e de tornar-se membro permanente da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).
Albânia
Enquanto Maria Elisa foi aprovada pela comissão para ser a embaixadora brasileira no primeiro país da África onde o Brasil instalou uma embaixada, em 1961, Seferin será o primeiro embaixador residente brasileiro em Tirana, capital da Albânia. A mensagem presidencial contendo a sua indicação teve como relator o senador Heráclito Fortes (DEM-PI), para quem o posto pode ser considerado uma "fronteira da diplomacia brasileira, onde tudo resta por fazer".
Ao expor seu plano de trabalho aos senadores, Seferin afirmou que a Albânia ocupa uma "posição estratégica" nos Bálcãs, uma região muito importante, como ressaltou, para a estabilidade europeia. Após abandonar o regime comunista em 1989, relatou ainda o embaixador, a Albânia uniu-se à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), em 2009, e agora solicita o seu ingresso na União Europeia - o que pode acontecer, segundo a opinião de analistas citados pelo embaixador, nos próximos 15 anos.
O processo de modernização do porto de Durres, que deverá ser o mais importante porto de águas profundas no Adriático, foi citado pelo embaixador como uma oportunidade de ampliação das exportações brasileiras não só para a Albânia, mas para toda a região. Ele informou que pretende ainda explorar as possibilidades de exportação para aquele país de ônibus e equipamentos de automação bancária e comercial.
Durante o debate, o senador Romeu Tuma (PTB-SP) relatou que costumava ouvir a Rádio Tirana, nos anos 70, para conhecer detalhes da "pregação comunista". Por sua vez, o senador Inácio Arruda (PCdoB-CE) lembrou a "forte ligação" que a esquerda brasileira manteve com a Albânia e defendeu o fortalecimento das relações bilaterais, ainda que aquele país "tenha voltado ao liberalismo".
O senador Geraldo Mesquita Júnior (PMDB-AC) entregou a Maria Elisa, filha de mãe acreana, um livro sobre a história do Acre, enquanto Suplicy colocou-se à disposição dos dois embaixadores para expor seus planos de criação de programas de renda mínima. A reunião foi presidida pelo senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG).
10/06/2010
Agência Senado
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