Sérgio Guerra cita artigo dizendo que mudanças no texto da reforma da previdência são "cosméticas"



O senador Sérgio Guerra (PSDB-PE) solicitou à Mesa a transcrição, nos anais do Senado, de artigo do professor e filósofo José Arthur Giannotti, intitulado "Carreiras atropeladas" e publicado no último dia 23 no jornal Folha de S. Paulo. Segundo o senador, o artigo é de extrema atualidade e a transcrição do texto "serve, inclusive, para alertar o presidente Lula sobre a maneira como o governo tem pressionado sua maioria no Congresso para impor a reforma previdenciária da forma como foi apresentada, evitando o diálogo e a negociação". No artigo, Giannotti afirma que o governo só pretende tolerar mudanças cosméticas no texto da reforma da Previdência.

O filósofo afirma que nada parece mais adequado do que o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, fazer convergirem no Congresso Nacional as negociações sobre a reforma da Previdência. "Basta, porém, atentar para a maneira como o governo tem cooptado sua maioria no Congresso para perceber que a manobra visa cercear o diálogo e impor a reforma tal como ela já está configurada".

Ainda no artigo citado por Sérgio Guerra, Giannotti comenta a questão da aposentadoria no setor público:

- É um abuso o funcionário se aposentar precocemente, o inativo receber mais do que o servidor da ativa, e que integre no seu salário vantagens temporárias e assim por diante. Mas, para corrigir essas distorções, não cabe esquecer que se está redesenhando o mapa do funcionalismo público, logo, do funcionamento do próprio Estado.

O filósofo citado pelo senador observa que, por mais escandalosa que seja a diferença entre os baixos e os altos salários pagos no Brasil, com salários medianos só haverá funcionários medianos, "os melhores talentos orientando-se para o setor privado". O professor destaca não haver dúvida de que os funcionários são trabalhadores como quaisquer outros, não podendo ser beneficiados com vantagens escandalosas, "mas também não há dúvida de que, num país dilacerado por uma distribuição de renda das mais injusta, eles não devem servir de alavanca para corrigir essa injustiça".

Giannotti conclui o artigo, afirmando ser fácil fazer aflorar o preconceito de que os funcionários públicos são "vagabundos e privilegiados" e se aproveitar dele para resolver problemas de caixa. "Fernando Henrique Cardoso pagou caro por uma frase infeliz; Lula nos fará pagar caro por seu próprio preconceito".



18/07/2003

Agência Senado


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