Serra deixa ministério e assume Senado após recesso parlamentar









Serra deixa ministério e assume Senado após recesso parlamentar
O ministro da Saúde, José Serra, pré-candidato do PSDB à Presidência, informou ontem que pretende deixar o ministério e voltar ao Senado quando terminar o recesso do Congresso. O ministro explicou que pretende fazer isso para ter mais tempo de se dedicar a sua campanha eleitoral. O presidente nacional do PSDB, José Aníbal, disse que o desempenho do ministro nas pesquisas não preocupa o partido: "José Serra é candidato há apenas 10 dias. Antes, ele era apenas o candidato presumido. É impressionante, e as pessoas vão ver isso agora, a diferença que isso faz", afirmou Aníbal.

José Serra esteve reunido ontem pela manhã com o governador Jarbas Vasconcelos (PMDB), que desde o ano passado vem sendo cortejado como possível candidato a vice na chapa encabeçada pelo PSDB. Em entrevista depois do encontro, o ministro não poupou elogios ao governador peemedebista, mas disse que sua prioridade neste momento é unir as forças da aliança governista e conseguir o engajamento do PSDB em sua campanha. Serra menosprezou os resultado das pesquisas e afirmou que eleição se ganha no dia. Ao elogiar Jarbas, Serra disse que poderia até ser o vice numa chapa encabeçada pelo governador: "Jarbas é um grande nome, um grande administrador e um grande governador. É um nome habilitado a exercer qualquer cargo público no país. Se ele fosse candidato a presidente, poderia até ser o vice dele", afirmou o ministro.


Fórum de prefeitos abre semana de debates sociais
Na semana de abertura do II Fórum Social Mundial (FSM), a agenda de eventos internacionais programados para Porto Alegre começou a ficar agitada desde ontem, com a abertura do II Fórum de Autoridades Locais pela Inclusão Social (FAL). Mais de 200 prefeitos de 29 países confirmaram presença no fórum, que foi aberto às 19h no centro de eventos do Hotel Plaza São Rafael.

A segunda edição do FAL - feita pela primeira vez em 2001 em Porto Alegre - teve conferência de abertura e e terá outra de encerramento, amanhã. O ex-presidente de Portugal Mário Soares fez a palestra de abertura do fórum, com o tema "Globalização e inclusão social", ontem, a partir das 20h. Os prefeitos de Paris, Bertrand Delanoë, de Buenos Aires, Aníbal Ibarra, e de São Paulo, Marta Suplicy (PT), participaram desta primeira conferência, com a coordenação do anfitrião Tarso Genro (PT).

Hoje e amanhã, os debates do FAL serão feitos em oficinas. Há cem jornalistas credenciados para acompanhar o evento e mil participantes inscritos, número limitado pela capacidade do auditório. O juiz espanhol Baltazar Garzon, que ficou conhecido pelo processo contra o general chileno Augusto Pinochet, participará de uma palestra especial amanhã, às 11h, com o tema "Globalização, corrupção e crime organizado". O deputado italiano Pietro Folena será o debatedor deste painel.

Ao todo, 70 conferencistas devem falar no Fórum de Autoridades. Para evitar a coincidência com o FSM, que será entre 31 de janeiro e 5 de fevereiro, os organizadores do FAL agendaram seu encontro para os dias anteriores. Muitas autoridades que estarão participando do primeiro evento ficarão na cidade para acompanhar o Fórum Social Mundial. Os ministros franceses de Cooperação, Charles Josselin, e da Economia Solidária, Guy HascÔet, serão conferencistas do FAL.

Prefeito de Roma quer globalização solidária
O prefeito de Roma, Walter Veltroni, da Democracia Sinistra, antecipou, ontem, durante entrevista coletiva, que defenderá, no II Fórum de Autoridades Locais, que as cidades dos países que compõem o chamado Grupo dos 8 (G-8) solicitem aos seus governos que não participem mais das reuniões do grupo, até que sejam incluídos representantes da da África e da América Latina.

Veltroni estava acompanhado do prefeito Tarso Genro e disse que a globalização injusta começa na exclusão de dois importantes continentes que necessitam de apoio para reduzir a pobreza e a disseminação de doenças. Ele definiu a inclusão como o começo de uma globalização justa e solidária.

Veltroni confirmou a criação do C-15, formado pelas 15 cidades mais populosas e de localização geopolítica do mundo, com representação de todos os continentes. Ele destacou que Porto Alegre foi convidada, juntamente com a Capital paulista, por estar a frente nas discussões voltadas a inclusão social, justiça e democracia. Sobre o Orçamento Participativo, Veltroni disse que a prefeitura de Roma realiza um projeto piloto em um bairro da cidade, adaptando a proposta as condições locais.

Logo em seguida, Tarso apresentou o prefeito de Paris, Bertrand Delanoë, do Partido Socialista Francês, aos jornalistas. Na oportunidade anunciou a assinatura de um protocolo de cooperação para implantar o Orçamento Participativo na Capital francesa. Em troca os franceses darão a Porto Alegre, o assessoramento técnico para projetos na área da descentralização cultural. Delanoë, que assumiu recentemente o comando da principal cidade da França, explicou que já está adotando lá a criação de conselhos de bairros e de estrangeiros, os últimos com direito a voz, mas sem direito a voto.

Socialismo ainda é solução, diz ex-presidente de Portugal
O ex-presidente de Portugal, Mário Soares, disse ontem, em Porto Alegre, que ainda acredita no socialismo como a grande solução para a injustiça social. Mário Soares abriu, ontem, na Capital gaúcha, a conferência do primeiro dia do II Fórum de Autoridades Locais, com um painel sobre Globalização e Inclusão Social.

Soares alertou que a pobreza é o grande problema do mundo atual e passível de solução, desde que o processo de globalização não seja excludente e tenha a preocupação de estar afinado com a inclusão social. "Temos tecnologia suficiente para acabar com a pobreza, mas se as grandes coorporações internacionais não perceberem essa necessidade os problemas não serão resolvidos", preconizou.

Socialista confesso, o ex-presidente de Portugal destacou que ainda acredita no socialismo como solução para os diversos problemas sociais e econômicos do mundo. Entretanto, ele salienta que, a partir do fim do comunismo, deve haver uma visão de socialismo compatível com a economia de mercado, com o cuidado para que não se transforme em uma sociedade mercantilista. "Hoje o socialismo é a justiça social, a preocupação com a igualdade das pessoas, com a liberdade e com o pluralismo", disse Soares.

Quando perguntado se via os governos petistas da Capital e do Estado gaúcho como socialistas, Mário Soares elogiou a iniciativa da prefeitura de Porto Alegre e da administração estadual, em sediar o Fórum Social Mundial pela segunda vez e disse que vê um esforço de ambas em buscar caminhos alternativos para a inclusão social. Sobre a proximidade que tem com o presidente Fernando Henrique Cardoso, Soares destacou que a amizade é antiga, inclusive com a publicação de um livro, onde ambos dialogam sobre vários temas sociais.

Ao se referir ao Mercosul, Mário Soares disse que os países da União Européia deveriam auxiliar a solidificação do bloco latinoamericano com a transferência de recursos e tecnologia. Ele vê com preocupação o quadro atual, a partir da crise argentina, mas destaca que acredita na ajuda internacional ao País do Prata. Soares afirmou ainda que as ações americanas de retaliação ao terrorismo são excessivas e a forma para tratar os prisioneiros, levados à base militar de Guantanamo, em Cuba, quebram todos os protocolos adotados pela convenção de Genebra.

Sobre o conflito entre israelenses e palestinos, Soares foi enfático ao conferir a necessidade de criação de um Estado Palestino, com o fim do que chamou "terrorismo de Estado" praticado por Israel.

Tarso garante segurança de participantes
De a cordo com o prefeito Tarso Genro, todos os participantes do II Fórum de Autoridades Locais que necessitarem terão acesso a um esquema de segurança montado em conjunto com a Polícia Federal, a Brigada Militar e os representantes da Guarda Municipal. Tarso informou que o juiz espanhol Baltazar Garzón, responsável pelas prisões do general Augusto Pinochet, de terroristas do ETA, e de grupos políticos ligados a corrupção na Espanha, será um dos visitantes que utilizará o esquema de proteção. "O esquema de segurança será normal para um evento dessa proporção", salvo exceções, disse Tarso.

Quanto às críticas de que o Fórum seria um evento para manifestações político-ideológicas de apenas um segmento, o prefeito reagiu com naturalidade, considerando-as normais, vindas de setores que pensam diferente, mas que têm o direito de fazê-lo. O prefeito lembrou que os neoliberais realizam evento de contraponto ao Forum Social Mundial e que os seus participantes são igualmente benvindos a Porto Alegre. Disse que o município não colaborou na infraestrutra desse evento, justificando que não foi procurado para isso.


Simon diz que vai manter a sua pré-candidatura
O senador Pedro Simon vai manter sua pré-candidatura à presidência da República pelo PMDB até o fim, seja na prévia do dia 17 de março ou na convenção partidária, em junho, e não admite compor chapa como vice de qualquer coligação com outro partido. Em férias no balneário de Rainha do Mar, Simon sente-se traído pelas últimas atitudes do líder do PMDB na Câmara, Geddel Vieira Lima, que sugeriu apoio ao PSDB, e do presidente do partido, Michel Temer, que estaria "se insinuando" para a candidatura de José Serra. "Foram estas posturas que abriram espaço para o Serra oferecer a vice-presidência ao PMDB", avalia o senador, lembrando que o PSDB não teve coragem de fazer o mesmo com o PFL porque o partido de Roseana Sarney, ao contrário do seu, deixou muito claro que tem candidata à cabeça de chapa.

Simon lembra que a última convenção decidiu, com 98,7% dos votos, que o PMDB teria candidatura própria à presidência da República e vai cobrar isso de Geddel e Temer. O namoro do PMDB com o PSDB conduzido por Geddel e Temer magoou Simon e vai estar na pauta de seus contatos na semana que vem, quando volta a Brasília, depois de participar no Fórum Social Mundial, em Porto Alegre. "Nunca fui tão agredido, nem mesmo por adversários políticos", queixa-se, fazendo disso mais um motivo para manter-se na luta pela candidatura. "Tenho que ir até o fim. Com as ofensas que tenho recebido não sairia com dignidade se desistisse", ressalta.


OMC confirma ilegalidade de subsídios à Bombardier
A Organização Mundial do Comércio (OMC) divulgou ontem a decisão final sobre a disputa no setor de aeronaves envolvendo a Embraer e a Bombardier. O relatório confirma a ilegalidade dos subsídios à exportação do Canadá, alegando que prejudicam as vendas dos jatos brasileiros no mercado internacional.
No entanto, o governo de Ottawa, no Canadá, disse que continuará ajudando a fabricante de jatos. "Vamos prosseguir apoiando a Bombardier. Já afirmamos isso no passado e não vemos razão para abandonar essa prática", disse o embaixador do Canadá na OMC, Sérgio Marchi.

A explicação para a posição do Canadá é o fato de que Ottawa prefere considerar que o relatório da OMC apenas condenou operações específicas de exportação, garantindo que os programas de apoio do governo questionados pelo Brasil continuam dentro das regras da OMC. "O relatório confirma que os programas de financiamento de exportações do Canadá estão de acordo com nossas obrigações internacionais", afirmou o ministro do Comércio do Canadá, Pierre Pettigrew, em nota oficial.

O embaixador do Brasil em Genebra, Luís Felipe Seixas Correa, lembra, porém, que a OMC condenou cinco operações de vendas da Bombardier para a Air Winsconsin, Air Nostrum e Comair. "A OMC reconheceu nossas queixas", disse Seixas Correa, afirmando que o Brasil irá pedir a adoção imediata do relatório.
O embaixador Marchi afirma que o Canadá ainda se reserva o direito de apelar da sentença da OMC sobre essas vendas. Uma decisão sobre a apelação, porém, somente será tomada depois do dia oito de fevereiro, quando Brasil e Canadá se reúnem em Nova Iorque para tentar encontrar uma saída pacífica para a disputa.
Para o canadense, Ottawa ainda está em vantagem em relação ao Brasil na disputa, diante das decisões anteriores da OMC que exigiam uma reforma do Proex. "O placar marca 4 a 1 para o Canadá contra o Brasil. Seja no futebol, seja no hóquei ainda estamos liderando", afirma. Seixas Correa, não concorda com a avaliação de Marchi. "O jogo está empatado", diz.

De fato, com a decisão de ontem, a OMC abre espaço para que o Brasil também peça autorização, no futuro, para retaliar o Canadá. Para que a retaliação ocorra, porém, terá de ficar provado que Ottawa não cumpriu o que foi determinado pela OMC. "O Brasil precisa expandir suas vendas ao exterior e o Canadá é um mercado relevante. "Se for necessário para proteger nossos interesses, nós faremos uma retaliação', admite o ministro das Relações Exteriores, Celso Lafer.


Desvalorização do peso estimula importações
A desvalorização do peso argentino frente ao dólar deverá estimular as importações de produtos do país vizinho. A estimativa do mercado gaúcho é aumentar o número de pedidos nas próximas semanas, assim que for anunciado o novo pacote econômico do governo de Eduardo Duhalde. "Ainda falta confiança para incrementar as compras, mas as expectativas são otimistas", afirma Juarez D'Ambros, diretor da Vinhos do Mundo.

A tendência, diz o empresário, é de uma redução substancial nos preços e, conseqüentemente, de retomada das compras. "Esperamos reforçar as relações com os parceiros da Argentina", revela D'Ambros. Segundo ele, os consumidores continuam mostrando interesse em adquirir produtos provenientes de países do Prata.

As três maiores redes de supermercados também poderão se beneficiar, diz o presidente da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), João Carlos de Oliveira. "Apesar de o dólar não ter apresentado oscilação significativa em sua cotação, existe a possibilidade de melhora nas próximas semanas", afirma. De acordo com Oliveira, as maiores encomendas devem começar a partir de março, e estarão concentradas em determinados produtos, como lácteos, vinhos, biscoitos e derivados de carne.

O grupo francês Carrefour, que tem cinco hipermercados no Estado, avalia as oportunidades de compra junto à Argentina. "Se encontrarmos preços atrativos e boas ofertas, vamos buscar", afirma a direção da empresa com base na política de observar tudo o que venha a beneficiar o cliente. O Carrefour reforça que, independente do aumento do número de pedidos, todos os contratos firmados com empresas nacionais serão respeitados.

A Sonae Distribuição Brasil, que detém as bandeiras Big e Nacional no Estado, comercializa vários produtos argentinos, entre eles frutas frescas (maçã e pêra), vinhos, fraldas descartáveis, óleo de milho e girassol e massas. O que vem mantendo o volume são as frutas e os vinhos, apesar de até o momento não ter havido nenhuma alteração significativa nos preços. No caso dos óleos comestíveis, que assim como as massas são comercializados com a marca própria, a quantidade de importação tem diminuído desde o ano passado, devido à desvalorização do real.

Desde 1999, quando a política cambial brasileira passou por profundas transformações, houve uma redução significativa de importados nas prateleiras de supermercados. As mercadorias provenientes de outros países, que já chegaram a representar 7% do total de vendas do auto-serviço no Rio Grande do Sul, hoje têm sua participação estimada em cerca de 1,5%.


Artigos

Instalação de lombadas eletrônicas
Valdir Caetano

É lamentável que, nos últimos tempos, as autoridades tenham esquecido da orientação do Código de Trânsito, desconsiderando as regras da resolução nº 79/98 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), instituindo equipamentos eletrônicos de controle de trânsito, popularmente denominados de "pardais". Na maioria dos casos, os "pardais" são instalados em locais de difícil visualização e mal sinalizados, confundindo os motoristas e dando margem ao que podemos interpretar como a "indústria da multa", criando a impressão de que o objetivo principal é multar e arrecadar e não o de educar para o trânsito, não primando pela segurança dos cidadãos. Preocupado com o aumento excessivo das multas, apresentei, na Câmara Municipal de Porto Alegre, um projeto que regulamenta a instalação de controladores eletrônicos de velocidade na Capital. O controle de velocidade nos limites permitidos pela legislação seria feito, quando com equipamentos fixos, somente por meio de "lombadas eletrônicas", equipamentos de total visibilidade, em conformidade com a realidade democrática na qual vive o nosso País. As lombadas eletrônicas são de fácil visualização e possuem um display que denuncia a velocidade do veículo. Há quem imagine que ela não registra velocidades acima dos 99km/h, por possuir apenas dois dígitos, mas isso não é verdade, pois já foram feitos testes nos quais o registro superou a marca dos 200km/h, sem erro relevante, o que estimula ainda mais a sua implantação.
A causa da existência de apenas dois dígitos é de não estimular a desobediência da regra, pois três dígitos poderiam ser um estímulo à realização de "rachas" e "pegas". Nesse mesmo tipo de equipamento notamos que o suporte é perfurado, permitindo tanto ao pedestre ver os carros que se aproximam quanto aos motoristas perceberem que há pessoas próximas à pista, não ficando encobertas pelo suporte que o sustenta. Temos que tentar consertar a visão equivocada das autoridades municipais de trânsito, neste particular, restituindo a função educadora que deve ter a sinalização, enquadrando-a, assim, na norma federal. A sanção ou punição deve ser a exceção e não regra, e por isto não se deve buscar, como objetivo, punir aleatoriamente e, sim, normalizar condutas.


Colunistas

ADÃO OLIVEIRA

Enquanto a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não sai - se é possível o PMDB trocar com o PSDB o calendário do horário eleitoral -, o grupo oposicionista peemedebista ensaia uma reação ao que foi considerado mais um golpe da ala governista. Prevista para 3 de março, a convenção extraordinária do partido, além de reafirmar a candidatura própria, terá como objetivo regulamentar o uso do tempo das inserções da legenda em rádio e TV. Esse horário eleitoral gratuito passaria a ser, então, da responsabilidade exclusiva do candidato escolhido na prévia, marcada para 17 de março.

Reunião extra
O grupo oposicionista, que tem no ex-governador de São Paulo Orestes Quércia um dos líderes, dá como certa a realização da reunião extraordinária. Para convocar o encontro, são necessários votos de um terço dos 514 delegados partidários. Esse número estaria garantido e, a partir de agora, o grupo trabalha para conseguir a maioria absoluta (50% mais um) para votar o pacote de medidas que fortalecerá uma futura candidatura própria.

Dois caminhos
O grupo oposicionista, tem dois caminhos. Pode ir para a briga na prévia e, depois, em junho, na convenção. Seria a oficialização do racha da sigla, dividida entre as promessas de apoio ao PT e ao PSDB. Para os oposicionistas, antecipar para março uma decisão que só seria tomada em junho é o único modo de definir a posição do PMDB na eleição presidencial.

Michel Temer
Para o presidente nacional do partido, deputado federal Michel Temer (SP), que negocia com os tucanos a troca do horário eleitoral gratuito - o PSDB ficaria com as datas do PMDB em março, que faria as inserções em maio -, a ala de oposição "chove no molhado". "Basta ler o estatuto do partido. Ele estabelece que o candidato escolhido na prévia será, necessariamente, homologado na convenção. Eu cumpro as decisões do partido; se houver número necessário de assinaturas para convocar uma convenção extraordinária, ela será convocada", afirmou.

Falta unidade
Temer ressaltou, no entanto, que não há unidade na legenda em torno da candidatura própria nem de eventuais apoios aos candidatos do PT ou do PSDB. "É verdade; essa é uma peculiaridade do PMDB. Na presidência, tenho ouvido as várias correntes para, afinal, exprimir uma manifestação do partido, que virá na convenção, em junho."

Dois paulistas
Ele confirmou o convite à sigla para indicar o nome do candidato a vice-presidente na chapa encabeçada pelo ministro da Saúde, José Serra. "A hora é de diálogo e não de escolher nomes", disse, negando que poderia participar da chapa. "Seria difícil dois de São Paulo; não soma", disse Temer, sobre uma futura composição com Serra.


CARLOS BASTOS

Tucanos querem candidato próprio
O Conselho Político do PSDB esteve reunido ontem e decidiu investir numa candidatura própria ao governo do Estado. Esta tomada de posição não impede novos contatos com outros partidos para discutir hipóteses de alianças, inclusive na busca de apoios aos nomes tucanos que despontam, como os do ex-vice-governador Vicente Bogo e o da deputada federal Yeda Crusius. Um dos defensores mais intransigentes da candidatura própria foi o ex-deputado federal Adroaldo Streck. Ele entende que o partido não pode abrir mão do capital que representa o índice de 10% obtido numa das últimas pesquisas realizadas no Rio Grande do Sul pela deputada Yeda Crusius. Streck considera a pontuação de Yeda um cacife que nenhum partido abre mão num primeiro turno.

Diversas
O ex-vice-governador Vicente Bogo considera importante o PSDB apresentar um candidato alternativo ao Palácio Piratini, que dá suporte ao projeto nacional do partido.

Na área da oposição estadual há um bom entendimento dos tucanos com o PPB, mas há o sentimento de que o partido de Celso Bernardi hoje estaria mais próximo da candidatura de Roseana Sarney, do PFL, do que de José Serra, do PSDB.

Também não está fácil um diálogo do PSDB gaúcho com os peemedebistas de Pedro Simon, Germano Rigotto e César Schirmer. O afastamento se prende à candidatura José Serra, que se torna um complicador.

Outra aproximação complicada dos tucanos é com o PPS do ex-governador Antônio Britto, e com o PTB de Sérgio Zambiasi, pois ambos estão fechadíssimos com a candidatura de Ciro Gomes à Presidência da República.

Com o PFL de Germano Bonow é outra dificuldade, pois Roseana Sarney disputa com José Serra a predominância do eleitorado governista. Observa-se que resta pouco espaço de manobra para o PSDB do Rio Grande do Sul na sucessão estadual.

Com o PDT de Leonel Brizola, por suas posições críticas frontais ao governo do presidente Fernando Henrique Cardoso, é praticamente impossível qualquer negociação.

A deputada Iara Wortmann (PPS) participou ontem da aula inaugural do primeiro curso criado pela Escola do Legislativo. O curso de capacitação para recepcionistas marca o início das atividades para as estagiárias que atuam na Assembléia.

O ex-governador Antônio Britto esteve ontem em São Leopoldo, quando fez uma visita ao prefeito Waldir Schimidt, do PMDB, e abordou o tema "Repensando o Rio Grande, numa palestra na Associação Comercial e Industrial. Depois participou de uma reunião do PPS local no CTG Estância da Amizade.

A senadora Emília Fernandes esteve reunida ontem à tarde com a bancada do PT na Câmara de Vereadore s de Porto Alegre. Na oportunidade colocou seu pleito de ser indicada pelo partido para concorrer à reeleição para o Senado Federal.

Última
O ministro da Reforma Agrária, Raul Jungemann, estará amanhã em Santo Ângelo, onde reúne-se com prefeitos e presidentes de sindicatos rurais e de trabalhadores rurais dos municípios atingidos pela estiagem. A visita foi confirmada ontem pelo deputado federal Osmar Terra (PDMB) que acompanhará a visita do ministro. Ele informa que 80 mil das 180 mil famílias que utilizam recursos do Pronaf perderam a safra em consequência da estiagem no Estado.


FERNANDO ALBRECHT

De Não-Me-Toque...
O administrador de empresas José Mário Carvalho dos Santos, de Não-Me-Toque comenta a questão dos camelôs no Centro tocando em um nervo exposto: a falta de reação das entidades empresariais à balbúrdia. “Eu não entendo o que está acontecendo com os colegas de Porto Alegre (...) O mínimo que se espera dos prejudicados e suas entidades representativas é uma ação mais enérgica contra o prejuízo acarretado pela proliferação dos “ambulantes”.

...direto ao ponto
E prossegue: “Ora, não sendo suficientemente forte para fazer valer seus direitos, uma empresa deve recorrer a outras, que deverão recorrer às suas entidades, que deverão tomar providências inclusive judiciais se for o caso, no sentido de defender seus interesses. Como ex-dirigente da Associação Comercial de minha cidade, causa-me espanto essa inércia dos empresários, que só fazem queixar-se e chorar, sem a tomada de ações firmes.

A reação gay
Morador das imediações da sauna gay na Cristóvão com Pernambuco acha que não é justo caçar os gays divulgando as fotos das placas dos carros na Internet. “Os clientes não incomodam. É até divertido ver aqueles senhores de idade desfilando com aquele ar tipo Gloria Gaynor. O problema são os garotões. A gerência da casa garante que controla rigorosamente seus garotos, e que não existe nenhuma reclamação. Enfim, a casa está OK, o problema é o entorno.

Dia D na colenda
O barulho do FSM abafa a sucessão na Câmara Municipal de Porto Alegre, que tem hoje um dia decisivo de negociações. Pelo andar da carruagem, pode acontecer que só o presidente Fernando Záchia venha a renunciar, salvo se a carta-manifesto do vereador João Dib for realmente encarada a sério. Há quem diga que se o resumo ficar na renúncia de Záchia, o acordo se resumirá tão somente em divisão de cargos.

O PDT segundo Tarso
Antes da coletiva com os prefeitos de Roma Walter Veltroni e de Paris Beltrand Delanoë (D), os jornalistas perguntaram ao prefeito Tarso Genro qual partido brasileiro se assemelhava o Partido Socialista Francês de Delanoë. Tarso respondeu que estava entre o PSDB e o PT, explicando que lá o PSDB tem uma imagem ligada à social democracia, respeitada internacionalmente. Aí o jornalista arriscou: “Então fica mais para o PDT?”. E Tarso: “Não. Eles lá não são populistas.”

Protesto em inglês
Os agentes penitenciários acampados na Praça da Matriz, na frente do Palácio Piratini, fizeram um trocadilho com o slogan do Fórum Social Mundial. A turma dos presídios foi rápida no gatilho e aproveitou a presença dos estrangeiros que visitam a sede do governo para deixar sua mensagem de protesto. Os apenados assinam embaixo, sem dúvida.

Acidente de trabalho
O presidente da Juventude do PPB e assessor do ministro Pratini de Moraes, Jerônimo Goergen, fica no estaleiro pelos próximos 60 dias. Domingo, seu Gol chocou-se contra um poste em Santo Augusto, sua terra natal, e Goergen sofreu fratura da bacia. Está internado no hospital da cidade.

Fórum paralelo
Os organizadoras do Ciclo de Colóquios para Entender o Brasil, contraponto do FSM, colocarão uma cadeira no plenário para os petistas que foram convidados. Os organizadores se disseram perplexos pelo fato de o secretário Adão Villaverde ter dito que não houve convite a ele, Eduardo Suplicy e Marcos Rolim.

Os bilíngües
A EPTC está dando um curso rápido de inglês elementar para os taxistas de Porto Alegre, para que os visitantes do FSM possam pelo menos se comunicar no trivial. Os taxistas que fizeram o cursinho gostaram tanto que passam se cumprimentando uns aos outros na língua do Bardo. É um tal de godymorni e godynaite que não acaba mais.

Miúdas
E atenção: Procurador-Geral de Justiça Cláudio Barros Silva dá hoje às 17h a posição do MP sobre a CPI da Segurança.

Dia do Pajador, iniciativa do deputado João Luiz Vargas (PDT), será comemorado amanhã no Recanto Gaúcho da Assembléia.

ATM retoma suas atividades hoje, normalizando o atendimento depois do incêndio que atingiu seu prédio.

Tumelero lança amanhã, em parceria com a Visa, seu cartão de crédito, um produto inédito no varejo gaúcho.

Site realmente útil é www.aondepoa.com.br, que deixa obsoletos os velhos mapas da Capital dos guias telefônicos.


Editorial

A FEROZ CONCORRÊNCIA PELOS MERCADOS GLOBALIZADOS

O Canadá perdeu contra o Brasil, sua condenação foi confirmada pela OMC. Antes, nos acusou de ter o Mal da Vaca Louca e, na OMC, gritou geral e injustamente, outras pendengas sucederam-se, em vão, apesar de ser uma entidade criada e manipulada pelas nações ricas. O governo canadense deu, diretamente, dinheiro para que a Bombardier derrubasse o preço dos seus jatos regionais e ganhasse bilionária concorrência de 150 aeronaves contra a brasileira Embraer. Mesmo com produtos mais modernos, leves, econômicos e baratos, a Empresa Brasileira de Aeronáutica perdeu a disputa. O Brasil recorreu, em mais um lance na briga comercial que dura seis anos, e a OMC, pressionada e sem argumentos, foi obrigada, como antes fizera ao Brasil e seu Proex, a também dizer que o escancarado financiamento do governo de Ottawa contraria as normas do comércio internacional. Na verdade, os países periféricos economicamente foram condenados a apenas fornecerem matérias-primas, deixando a tecnologia, especialmente a de ponta, para quem estava na frente, EUA, Canadá, Japão, Inglaterra e a França. Mas alguns ousaram, como o Brasil e a Embraer, que abriu nichos de mercado e seus produtos são um sucesso, como os jatos ERJ-145 e, agora, as versões maiores, para 70, 90 e 108 assentos, as que têm maior procura, após os atentados de 11 de setembro. A hipocrisia no mundo dos negócios corre solta e o Canadá foi o exemplo acabado. A decisão da OMC permite ao Brasil retaliações de US$ 4 bilhões, antes foi o Canadá que recebeu licença da OMC para nos prejudicar em até US$ 1,7 bilhão. Como não haviam sido condenados, os canadenses fizeram pouco caso das tentativas de acordo propostas pelo Itamaraty.

A situação inverteu-se e, hoje, descaradamente, são eles a querer o fim das discussões. Têm mais a perder, afinal a balança é altamente superavitária nas trocas comerciais com o Brasil. Em verdade, o fato é que aqueles que despontam incomodam e não podemos cair na esparrela de atitudes politicamente corretas, bonitas, e ficarmos parados, olhando o mundo desenvolver-se e, depois, trocarmos centenas de sacos ou quilos de carnes, soja, milho e café por apenas um microcomputador portátil importado. Tem muita gente da esquerda infantil que faz justamente o jogo das potências. É o caso das pesquisas com transgênicos, da propulsão nuclear da Marinha e do programa aeroespacial da Aeronáutica, todos combatidos em nome do pacifismo e de alimentos sadios, quando o que está em discussão é o progresso, os transgênicos estão sendo pesquisados inclusive em Cuba. O Fórum Social Mundial pinça somente os movimentos onde a esquerda parece mais simpática em suas guerrilhas e terrorismo, casos de Chiapas, da Palestina, País Basco e na Colômbia, mas esquece da Chechênia, onde a Rússia combate há cinco anos, matando sem dó nem piedade os que almejam a independência. A França é a grande presença no Fórum, mas é ela dá vultosos subsídios aos seus agricultores e não permite a importação de produtos da América Latina. Quando abre uma brecha aos estrangeiros, o seu José Bové fica contrariado, briga e sai pelo mundo criando confusão, inclusive em Porto Alegre, onde está, recebido com pompas. Também é a França que continua devendo explicações sobre a guerra suja na Argélia colonizada, nos anos 60, quando torturou e massacrou como antes só Hitler e Stalin haviam feito, bem como pelo fato de ser ela a maior beneficiária das dívidas dos pobres países africanos, ex-colônias. Sejamos solidários e interessados, mas não ignorantes ou ingênuos, o que está em disputa são os apetitosos mercados latinos e o predomínio pelas melhores fatias da globalização, assumidos apenas pelos EUA, para inveja tardia da França, Inglaterra, Alemanha e Japão.


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01/29/2002


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