Serra joga tudo na televisão
Serra joga tudo na televisão
Comando da campanha tucana se reúne e aposta que horário eleitoral vai reverter queda
As pesquisas mais recentes não são favoráveis ao presidenciável José Serra, candidato da Grande Aliança (PSDB-PMDB) à sucessão de Fernando Henrique Cardoso, mas o comando de campanha espera uma reviravolta a partir do dia 20 de agosto, quando começa o horário eleitoral gratuito na televisão e no rádio.
Ontem, Serra se reuniu com candidatos ao governo de 15 estados, que o apóiam nestas eleições. Um dos pontos discutidos foi o fortalecimento da campanha nacional. A aposta da coordenação do candidato é o tempo na TV, maior do que o dos outros candidatos. "Nosso sistema de forças é amplo e vai se traduzir na TV e numa campanha forte em todo o Brasil", afirmou Serra.
No encontro, ficou decidido que a partir de agora, os governadores deverão vincular suas campanhas com a do candidato à Presidência da República. Haverá material em conjunto e quem sair às ruas para pedir votos, pedirá também para Serra.
Segundo o coordenador político do candidato, Pimenta da Veiga, a mudança na estratégia de campanha não é tática para evitar dissidências a Serra. "Queremos mostrar força, nós não fazemos campanha oscilando de acordo com pesquisas", disse. "Até porque pesquisa não é eleição", afirmou.
O apoio a Serra deve se reverter em ajuda aos estados. Ele declarou que pretende dar atenção a todas as regiões brasileiras. "Sou um político nacional, o objetivo é desenvolver todos os estados, ninguém pode ficar para trás", comentou.
O candidato aproveitou a reunião para afirmar que seu governo vai ser uma continuação social do atual governo. "Aquilo que o Plano Real fez pela economia, nosso plano social vai fazer pelos brasileiros", disse. "Queremos um novo ciclo da vida econômica, social e política".
Roriz promete buscar apoio
Presente à reunião no Comitê do PSDB, o governador Joaquim Roriz (PMDB), candidato à reeleição no DF, se comprometeu a intensificar a campanha de José Serra.
Roriz afirmou que no corpo a corpo com a população do DF vai falar de Serra e pedir votos para o candidato à Presidência. "Vamos discutir com os eleitores e mostrar a vantagem da continuação desse governo", disse. "O crescimento da campanha tem de ser nacional".
O governador comentou sobre o apoio do candidato do PFL-DF ao Senado, Paulo Octávio, ao candidato à presidência pelo PPS, Ciro Gomes, principal concorrente de Serra. "Ele (Paulo Octávio) já voltou atrás"
Marqueteiro diz que queda é reversível
O publicitário Nizan Guanaes, que cuida da campanha do candidato José Serra, disse ontem que a situação do tucano (em baixa nas pesquisas, depois de perder o segundo lugar para Ciro Gomes, do PPS) não é irreversível, segundo relato do vice-governador de Pernambuco, Mendonça Filho (PFL), que participou da reunião de Serra com governadores e parlamentares, em Brasília.
O vice-governador disse que o sociólogo Antonio Lavareda, que trabalha para o PSDB e o PMDB, fez uma análise das diversas interpretações que podem ser feitas em relação às pesquisas de intenção de voto. "Ao meu ver, o Serra tenderá a reverter o quadro. É muito cedo para se fazer avaliações, e os números atuais refletem o momento", afirmou Mendonça Filho.
Serra, em discurso diante da platéia de 15 governadores, se comprometeu a fazer a reforma tributária, para dar mais competitividade à economia e gerar empregos no Brasil, a aumentar as exportações e a tirar do papel a reforma política. "Vamos acelerar o desenvolvimento da economia para que as exportações e as oportunidades de emprego melhorem", afirmou.
O coordenador político da campanha de Serra, Pimenta da Veiga, negou que o discurso do tucano em defesa de uma política de criação de oportunidades de emprego e adoção de medidas de segurança seja uma reação ao programa de governo divulgado terça-feira pelo candidato da coligação PT-PL, Luiz Inácio Lula da Silva, que prometeu criar 10 milhões de empregos em quatro anos. Pimenta disse que esses temas foram apresentados como prioridades desde o começo da campanha de Serra.
Segundo Serra, o atual sistema tributário favorece muito mais o emprego no exterior do que no Brasil. "A reforma tributária também é tarefa dos Estados e, por isso, vamos trabalhar em parceria com os governadores."
Defendeu a adoção do voto distrital misto e a fidelidade partidária.
Rollemberg critica Garotinho e pode oferecer palanque a Ciro
O candidato do PSB ao governo de Brasília, deputado distrital Rodrigo Rollemberg , está insatisfeito com o presidenciável do seu partido, Anthony Garotinho, e já dá sinais, sutilmente, de que poderá oferecer o seu palanque ao ex-ministro Ciro Gomes, candidato do PPS.
"Não sou eu que estou me afastando do Garotinho. É ele que está se distanciando do PSB", afirma Rollemberg.
O principal problema, segundo o deputado, é que a campanha de Garotinho vem sendo feito principalmente dentro de igrejas.
"Esse não é o estilo do PSB de Brasília. Aqui, nós temos uma forma diferente de ver as coisas, pois não vinculamos a política a questões religiosas", argumenta.
Rollemberg avalia que a sua campanha está sendo bem recebida pela sociedade com um todo. "O Garotinho, ao contrário, está se isolando num campo político muito restrito. Fica difícil permanecer ao lado de um candidato com essa filosofia", afirma.
Outro problema foi que, recentemente, Garotinho pediu votos para o candidato do PPB ao governo de Brasília, Benedito Domingos, durante um evento numa igreja evangélica.
"Isso também criou um certo constrangimento, mas é um fato que pode ser visto como uma cortesia dele ao Benedito", diz Rollemberg.
Perguntado sobre um possível apoio a Ciro Gomes (que também está sendo cortejado, em Brasília, pelo PFL), Rollemberg dá a entender que poderá ser feita uma aproximação. "A minha candidatura tem pontos em comum com a do Ciro", ressalta.
Em outros estados, Garotinho também corre o risco de perder palanques. A deputada Lídice da Mata (PSB), candidata ao governo da Bahia, fez coro com Rollemberg e criticou Garotinho por fazer uma campanha voltada apenas ao segmento religioso.
Também em São Paulo, o candidato Jacó Bittar ameaça desistir de sua candidatura ao governo. Além, a cúpula do PSB pressiona Garotinho, com receio de não conseguir eleger uma bancada forte.
O próprio Garotinho já deu a entender que poderá desistir da corrida sucessória. Ele também pediu, aos seus eleitores, que orem para que a sua candidatura sobreviva até o fim da campanha.
Entre os problemas de Garotinho (veja quadro), estão a queda nas pesquisas, o espaço conquistado por Ciro e a falta de dinheiro.
Garotinho perdeu assessores importantes, e, no auge do desânimo, afirmou até mesmo que já se arrependeu de ter lançado a sua candidatura, tendo em vista o "péssimo" governo que, segundo ele, vem sendo feito por Benedita da Silva (PT) no Rio de Janeiro.
Eleitores já são mais de 115 milhões
Nas eleições deste ano, 115,271 milhões de brasileiros poderão votar nos candidatos a presidente da República, governadores, senadores e deputados federais, estaduais e distritais.
Dados divulgados ontem pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) informam que o eleitorado nacional cresceu 4,9% desde a última eleição, ocorrida em 2000. Naquele ano, 109,8 milhões de pessoas estavam cadastradas na justiça eleitoral.
São Paulo continua sendo o estado com maior número de eleitores (25,6 milhões), seguido de Minas (12,6 milhões), Rio (10,2 milhões) e Bahia (8,5 milhões).
A capital de São Paulo é o município com maior número de eleitores, com 7,5 milhões de votantes. Em segundo lugar está o município do Rio de Janeiro, com 4,3 milhões; em terceiro, Belo Horizonte, com 1,6 milhão, e, em quarto, Brasília, com 1,5 milhão. O município goiano de Anhanguera é o que tem o menor número de eleitores, com 772 votantes.
Desemprego diminui e indica um segundo semestre melhor
O desemprego deu uma pequena trégua. A taxa média caiu de 7,7% em maio para 7,5% em junho, segundo a Pesquisa Mensal de Emprego, divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), realizada em seis regiões metropolitanas – Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre.
Em relação a igual período do ano passado, entretanto, houve aumento. Em junho de 2001, a taxa de desemprego aberto foi de 6,4%. A média do primeiro semestre (7,3%) também é maior do que a do ano passado (6,3%), mas houve queda quando comparado aos anos de 1998, 1999 e 2000 (7,8%).
Segundo o economista Márcio Pochmann, secretário de Trabalho da Prefeitura de São Paulo, os números mostram uma realidade bem diferente dos prognósticos feitos no final do passado. "A expectativa era de que este primeiro semestre fosse melhor para os trabalhadores", diz ele.
Pochmann, contudo, espera que o desemprego caia um pouco mais neste segundo semestre. "Isso deve ocorrer pela sazonalidade e não em função de um crescimento da economia", explica. Neste período, a indústria começa a se preparar para o movimento crescente do final de ano. Ou seja, mesmo que não haja novas contratações, não deverá haver demissões. Mais para final do ano é o comércio que deve começar a contratar, ajudando a reduzir as taxas de desemprego.
No Distrito Federal, o último levantamento também aponta queda no desemprego, de 21,1% em abril para 20,9% em maio. Estima-se o contingente de desempregados em 197,7 mil pessoas, com uma população economicamente ativa estimada em 947,6 mil pessoas. A pesquisa é da Secretaria de Trabalho, Fundação Seade e Dieese.
Ainda de acordo com a pesquisa do IBGE, houve crescimento no número de pessoas ocupadas no País, com aumento de 1,3% ante junho do ano passado. Essa expansão, porém, foi insuficiente para absorver a população desocupada, que cresceu 22,1% no período.
A relação desigual entre pessoas ocupadas e desocupadas se repete quando a referência é o semestre. Enquanto houve aumento de 1,5% no número de trabalhadores, houve crescimento de 20,2% entre aqueles que estão procurando trabalho.
Resultados positivos foram observados na indústria de transformação (0,6%), depois de oito meses de queda, quando comparado a 2001. O problema é que no acumulado do primeiro semestre continuou havendo queda da ocupação (-0,7%). A construção civil permanece como o setor mais afetado pelo desemprego, com redução de 10,7% em junho e de 7,4% no semestre no número de pessoas ocupadas. O melhor desempenho, por sua vez, continua sendo o dos setores de serviços e de comércio, com aumento no número de ocupados de 2,5% e 2,2%, respectivamente.
Enquanto as taxas de desemprego não caem de maneira mais expressiva, o trabalho informal cresce mais do que o número de empregos com carteira assinada, 2,9% e 1,6%, respectivamente, em junho sobre igual período do ano anterior.
Renda não pára de cair há 17 meses
Se houve alívio na taxa de desemprego, o mesmo não se pode dizer da renda do trabalhador, que caiu em maio pelo 17º mês consecutivo. O rendimento médio caiu, segundo o IBGE, 1,8% em relação a maio do ano passado, ficando em R$ 792,76 – aproximadamente quatro salários mínimos – nas seis regiões metropolitanas pesquisadas pelo instituto.
A queda na renda média real (deflacionada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor) se verifica desde janeiro de 2001. No acumulado do ano, a renda apresentou uma queda de 4,6% na comparação com os cinco primeiros meses do ano passado.
Para Márcio Pochmann, economista e secretário de Trabalho da Prefeitura de São Paulo, isso se explica pelo grande número de desempregados em relação ao número de vagas abertas. "Isso diminui o poder de barganha dos sindicatos. Além disso, o trabalhador individual, pressionado, acaba aceitando salários menores.
Para Pochmann, os trabalhadores já tiveram corroídos todos os ganhos salariais obtidos entre 1994 e 1997. Segundo o IBGE, os trabalhadores com carteira assinada foram os mais prejudicados. Eles tiveram sua renda diminuída em 3,2%.
Pochmann, porém, coloca a possibilidade de que a situação possa ser atenuada nos próximos meses em função do processo eleitoral. "Pode ser que alguns sindicatos consigam alguma coisa", afirma.
No Distrito Federal, o último levantamento se refere a abril. O que se registrou foi uma relativa estabilidade na renda média real da população ocupada, com queda de apenas 0,4% (R$ 1.119,00).
Gás de cozinha pode ser tabelado
Governo analisa margem de lucro das distribuidoras para decidir se fixa o preço do botijão
O preço do gás de cozinha poderá ser tabelado, caso a margem de lucro das distribuidoras seja considerada inadequada pelo governo federal. O aviso é do ministro das Minas e Energia, Francisco Gomide, que afirmou ontem à tarde, enquanto saía do ministério para uma reunião com o o presidente Fernando Henrique Cardoso e o chefe da Casa Civil, Pedro Parente, que o governo poderá fixar um preço máximo para o gás.
Na manhã de ontem, Fernando Henrique determinou ao Conselho Nacional de Política Energética, presidido por Gomide, a criação de diretrizes dando poder à Agência Nacional do Petróleo (ANP) para regulamentar o GLP (gás de cozinha).
O gás foi o produto que mais puxou a inflação no ano, até junho. Em conjunto com a gasolina, influenciou a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que serve de parâmetro para o sistema de metas de inflação do acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional). Desde janeiro, com os reajustes de preços dos combustíveis, a inflação está recebendo pressões de alta.
A principal alta no preço do gás de cozinha, de 18,8%, aconteceu em janeiro de 2002, quando o governo parou de subsidiar o produto e abriu as portas à concorrência. Em 1º de abril, o gás foi reajustado em 14,5% nas refinarias; em 1º de junho, em 9,2% e em 5 de julho, em 6,2%.
Neste primeiro semestre, o gás acumula alta de 34,37% no Brasil e de 44,29% no Distrito Federal, segundo dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), pesquisado pelo IBGE.
A Petrobras, responsável pela política de reajuste de preços, disse, em nota, que a decisão de política pública cabe ao governo. "Não cabe à Petrobras comentar".
Medida sai em agosto
A regulamentação sobre os preços do gás será discutida e, possivelmente, formalizada em reunião do CNPE (Conselho Nacional de Política Energética), prevista para acontecer na primeira ou segunda semana de agosto.
Mas o Comitê de Política Monetária (Copom) já aumentou a projeção para o reajuste do gás de cozinha neste ano para 42%. Em junho, a expectativa era de que o gás sofresse um reajuste de 28%, em todo ano de 2002.
Peso em dobro no bolso do povo
No bolso do consumidor, o impacto quase duplicou. Nos 188 postos de Brasília, o preço do gás de cozinha varia de R$ 26,50 a R$ 33, segundo pesquisas da ANP. Há exato um ano, o mesmo botijão de 13 kg, era comprado por 17,77. Pelo Brasil a diferença aumenta: nos 8.522 postos pesquisados pela agência, o preço varia entre R$ 19 e R$ 38, quando custava R$ 17 em julho de 2001. Segundo o IBGE, o gás representa 2,85% dos gastos mensais de uma família de renda entre 1 e 8 salários mínimos. Três anos antes, em 1999, eram 1,84%.
Durante 20 anos, a benzendeira Anízia de Jesus, 57 anos, cozinhou em fogão a lenha, "para economizar". Só parou porque ficou quase cega de um olho, q uando um fio de palha de aço entrou no olho esquerdo. Mas garante que se precisar, cozinhará novamente no fogão. "É sofrido montar os tijolos e colocar carvão dentro. Fiz isto por vários anos na época do cruzeiro para criar meus seis filhos", lembra em lágrimas.
A diferença de R$ 10, no preço do gás aumentou entre janeiro e junho em Brasília, fazem falta no orçamento curto de dona Anízia, que recebe pensão de R$ 300. "Não passo fome porque meus filhos me ajudam. Graças a Deus não me falta nada, eu faço mingau e sopa para todo mundo", explica.
Mas confessa que já tentou comprar fiado por falta de dinheiro. "Eu dou uma nota de R$ 50 e eles me devolvem R$ 16. É um absurdo", reclama.
O diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Sebastião do Rego Barros, informou que enquanto aguarda a definição de novas diretrizes do CNPE, vai "aprofundar estudos para subsidiar a implementação de medidas que complementem a atuação da ANP na regulação do mercado de combustíveis". Atualmente cabe à agência a implementação da política nacional de petróleo e gás e a proteção dos consumidores.
Artigos
O último desafio de Roriz
Sylvio Guedes
Publicamos, há dias, corajosa e importante reportagem revelando que existem quadras em Ceilândia dominadas pelos traficantes, que atemorizam os moradores e tentam impor sua lei e sua vontade. O caso de Ceilândia é gravíssimo, porém não é único. Já foram identificados, em outras apurações jornalísticas, casos idênticos em diversas localidades do DF, como em Sobradinho e na Vila Estrututal.
A reportagem causou irritação em parte do alto escalão do GDF. Não tanto no governador Joaquim Roriz, porque este sabe mais, muito mais... Porém alguns auxiliares, mais reais que a realeza, correram a estabelecer uma comoção capaz de varrer para debaixo do tapete o cerne da questão: o GDF está quatro – aliás, minto... –, está bem mais que quatro anos atrasado na luta contra a violência.
A prometida segurança sem tolerância jamais saiu do papel. Atropelada por outras prioridades, virou letra morta no ideário do homem que encarou com coragem outros desafios igualmente grandes ao futuro do DF. E os venceu. Atacou a favelização; e venceu. Atacou a habitual conjunção de interesses de empresários e rodoviários para forçar aumento nas tarifas; e venceu. Atacou o mito de que Brasília não podia gerar empregos, ter indústrias e ser pujante economicamente; e venceu. Atacou até a incensada bolsa-escola, programa que só atendia a 5% das crianças matriculadas na rede pública, substituiu-a por outros projetos mais eficazes; e venceu. Mas não enfrentou suficientemente a questão da criminalidade.
Podem alguns conceber teorias da conspiração. Mas chame o governador, para ouvir e conversar, os delegados e agentes de polícia que investigam e combatem o crime nas ruas. Chame os soldados, cabos, sargentos, tenentes e capitães da PM a quem compete proteger e servir nossa comunidade. Eles vão lhe dizer que a luta é feroz, que o crime se arma e se prepara, que os cidadãos necessitam de mais segurança e a polícia de mais atenção e verbas.
Chame o governador, se preferir, os sérios e capazes repórteres do JBr que, durante dias e noites, estiveram em áreas da cidade onde sua presença só era garantida pela vontade imperiosa de informar à sociedade, e ao governo, sobre o que se passa com milhares de famílias.
Chame, por fim, os pais e mães de família, trabalhadores humildes e honestos que vêem a droga rondar suas casas, seus filhos. Vão lhe dizer que, em muitos conjuntos e quadras do DF, a presença do traficante é mais constante que a da polícia.
Esse chamamento é, naturalmente, retórico. O governador é um bem informado. É, sobretudo, um homem ligado à família, um pai e avô preocupado e presente. Sabe que o futuro do DF não pode ser ameaçado pelo estabelecimento do crime organizado, em sua face mais sórdida, o narcotráfico. Busca mais quatro anos de serviço público, como amplo favorito.
As pesquisas lhe fazem justiça à boa administração em outras áreas. Terá, provavelmente, a chance de resgatar essa dívida do GDF com a população. Dívida que Roriz não contraiu sozinho nem tampouco foi seu maior criador (só neste governo já contratou mais de 5 mil novos policiais), mas é a dívida que deverá, eleito, pagar aos brasilienses.
Colunistas
CLÁUDIO HUMBERTO
FhC torce por Garotinho
Além do declínio de José Serra, outro fato preocupa Fernando Henrique: a possível desistência de Anthony Garotinho. O temor de FhC baseia-se em pesquisa: o único beneficiado seria seu inimigo nº 1, Ciro Gomes, segundo simulações do Ibope a pedido do Planalto. Garotinho pode trocar a corrida presidencial pela candidatura ao governo do Rio. A legislação permite que o partido substitua a candidata Rosinha Mateus, sua mulher, caso ela desista. Pelo sim, pelo não, Garotinho concentra sua campanha no Estado do Rio.
Náufrago ao mar
Em quarto nas pesquisas, Anthony Garotinho optou por expor publicamente a penúria de sua campanha, na esperança de que alguém se compadeça. Ou o socorra, interessado na manutenção de sua candidatura a presidente, que divide o eleitorado de oposição - principalmente o de Ciro Gomes.
Mala vida boa
Habituada a jornadas, até 18 horas diárias, a equipe de Duda Mendonça (marqueteiro do PT) está impressionada com a disposição para o trabalho do mala argentino Felipe Belisario Wermus ("Luiz Favre"). Imposto à campanha de Lula pela poderosa namorada Marta Suplicy, ele nunca chega ao trabalho antes do meio-dia e sempre vai embora antes do pôr-do-sol.
Gros ministro
Ciro Gomes já tem na cabeça o nome da primeira pessoa que vai convidar para ocupar cargo importante no seu eventual governo, provavelmente o de ministro da área econômica: Francisco Gros, atual presidente da Petrobras.
A última de Itamar
Ciro Gomes encontrou Itamar Franco, ontem, no aeroporto da Pampulha, em Belo Horizonte. Conversaram amistosamente e, nas despedidas, o governador de Minas - que prometeu apoio a Lula do PT - apontou sua numerosa comitiva de secretários e assessores e afirmou:
- Todos esses aqui são seus soldados. Use-os.
Desmancha no ar
A insustentável leveza do balão de patrulhamento, criado pelo secretário de Segurança do Rio, é alvo de chacota. Alguns policiais temem não só o ridículo da idéia, como também vigiar os morros cariocas naquele charuto. Em Londres, Paris, Nova York etc, a polícia está nas ruas, de carro ou a pé 24h, visível, e não risível. Pelo visto, maluco não é só o Elias.
Questão de coerência
Depois da idéia do secretário de Segurança do Rio de um dirigível inflável vigiar traficantes, as piadas de português ficam proibidas por uma semana.
Chovendo na horta
O vice de Ciro almoçou ontem em São Paulo com dez grandes empresários do comércio, que ofereceram apoio material à campanha. Desconfiado, Paulinho quis saber o que queriam em troca. O porta-voz do grupo explicou:
- Nada. Apenas que você façam uma boa administração. Ao contrário de banqueiros e empreiteiros, não fazemos negócios com o governo.
Anne, a feia
E a vice-diretora do FMI que andou pelo Brasil, hein? Anne Krueger é a cara da atual conjuntura.
Separadas no berço
Elas gostam de tailleurs discretos, cabelo curto, pouquíssima maquiagem e, no máximo, um colarzinho de pérolas. Separadas no berço, Anne Krueger, do FMI, e a ex-prefeita de São Paulo, felizmente, só têm isso em comum.
Sobras do almoço
Depois do acidentado almoço no jornal Folha de S. Paulo, quando se atritou com o diretor de redação Otávio Frias Filho, conforme revelou esta coluna, Lula decidiu que tão cedo não come folhas para não entrar em fria s. Quanto aos donos do jornal, já avisaram no restaurante: lula, nunca mais.
O gato comeu
Para se fazer idéia da bagunça que impera na Caixa, o correntista A.B.V. ainda não viu a cor de R$ 50 mil a que tem direito, provenientes da venda de imóvel em Maceió com uso do FGTS do comprador. Todas as exigências foram atendidas, o imóvel já foi até transferido em cartório e a CEF, que faz a transação, sumiu com a grana. Ninguém sabe, ninguém viu.
Propaganda celestial
Depois das santas nas janelas em São Paulo, surge o Cristo numa placa de zinco em Maceió. Eles são candidatos a quê?
Belo bate-boca
Terça-feira o tempo esquentou no Tribunal de Justiça do Rio: Eduardo Mayr, o desembargador do estacionamento proibido, deu-se por impedido no julgamento de processos do pagodeiro Belo. Decisão que cabia ao relator, desembargador Motta Moraes, que, descontente com a atitude do colega, soltou os cachorros. Mayr também não economizou mordida.
Notícia boa
O SUS dará gratuitamente o remédio Interferon Peguilado para portadores de hepatite C. Vitória do Grupo Otimismo, de prevenção e combate à doença, que enviou mais de 1.500 e-mails para FhC e autoridades da Saúde. Cerca de 1.200 pacientes poderão ser beneficiados com a medida, de Primeiro Mundo. Tomara.
Poder sem Pudor
Onde não ser visto
Candidato ao governo da Paraíba, em 1990, o poeta Ronaldo Cunha Lima começou a subir nas pesquisas e passou a receber adesões até de adversários. Um vereador do interior, filiado ao partido adversário, telefonou a Cunha Lima para dizer que estava disposto a votar nele, mas precisa conversar. O candidato agradeceu e pediu que o vereador fosse à sua casa, em Campina Grande, mas ele insistiu que o encontro se desse "em local onde ninguém nos veja". Cunha Lima deu a solução, na lata:
- Então vamos nos encontrar no Instituto dos Cegos da Paraíba!
Editorial
INSISTÊNCIA NA SUJEIRA
Mesmo com as denúncias de cidadãos e alertas pela imprensa, alguns candidatos às próximas eleições continuam insistindo em sujar a cidade com faixas e cartazes. Brasília não merece agressões desse tipo, que em nada melhoram o andamento da democracia.
O último argumento dos candidatos sujões é que as faixas, cartazes e banners foram liberados pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) em determinados locais. A justificativa não é válida. O TRE cuida apenas do bom andamento das eleições, mas não trata do dia-a-dia da cidade.
Não são permitidas faixas em Brasília, onde quer que seja. Elas ferem o conceito de Brasília como patrimônio histórico. O que esperar de um visitante que vem ao Distrito Federal e, em vez de ver monumentos, percebe apenas faixas? É ruim para o turismo e para a economia da cidade.
Para agravar o problema, a propaganda eleitoral atrapalha o trânsito, desviando a atenção dos motoristas em locais de tráfego perigoso. Isso sem falar nas faixas mal-amarradas, que se soltam e ficam voando pelas ruas, pondo a vida de motoristas e pedestres em risco.
O eleitor brasiliense quer propostas, que serão discutidas nas comunidades e no horário eleitoral. Pendurar o nome nas ruas pode atrapalhar mais do que ajudar os candidatos.
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07/25/2002
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