SERRA:GOVERNO JOGA DURO NA DEFESA DOS GENÉRICOS



O ministro da Saúde, José Serra, garantiu em audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) que o governo está jogando todo o seu peso para a implantação dos remédios genéricos no país. Para ele, o Brasil não pode correr qualquer risco de ver os genéricos rejeitados pela população, a exemplo do ocorrido com o México, em que o produto não foi aceito por pressão de laboratórios e desconfiança de médicos e consumidores.

Por isso, o ministro disse que o governo resolveu, temporariamente, abrir a importação dos genéricos pelo período de um ano, como forma de aumentar a oferta dos medicamentos. Com a chegada dos remédios, avaliou José Serra, os preços tenderão a cair pela metade, beneficiando diretamente toda a população.

O ministro José Serra defendeu a importação de genéricos estrangeiros até que o mercado brasileiro seja estabilizado na oferta dos produtos. Serra informou que, hoje, os genéricos têm 5% do mercado brasileiro, mas podem chegar a 45%. Ele disse também que a abertura do mercado a empresas externas se justifica pela resistência dos nove maiores laboratórios brasileiros à fabricação de genéricos.

- Apesar de os fabricantes teimarem em não produzir os genéricos, ainda reclamam da política adotada pelo governo de importar genéricos. Isso é estranho e contraria os interessses de toda população, especialmente a mais pobre. Mas o governo não vai abrir mão de sua luta pelos genéricos - garantiu o ministro.

Mesmo com as dificuldades, José Serra revelou que, atualmente, os genéricos estão custando 40% a menos do que os medicamentos de marca. Ele espera que esta diferença cresça com a concorrêcia entre os fabricantes, incluindo aí os produtos importados.Disse também que o Ministério da Saúde está empenhado em esclarecer à população sobre os benefícios dos genéricos, que vão desde o menor preço até a qualidade comprovada do produto. Reconheceu que a introdução dos genéricos no cotidiano da vida das pessoas é tarefa difícil, mas lembrou que o governo vem fazendo de tudo para provar que o genérico é igual ao convencional, com uma vantagem: é mais barato.

Depois de informar que a implantação dos genéricos no país começou a ter início há dois anos, José Serra disse que a guerra ainda não está ganha, mas o governo vem obtendo vitórias em várias batalhas.Como exemplo informou que o país possui hoje 81 produtos genéricos, em classe terapêutica, e que 16 laboratórios já produzem medicamentos. Em fevereiro deste ano, o número de fabricantes era de quatro.

O ministro reconheceu, entretanto, que o Brasil está atrasado com relação aos remédios genéricos. Ele lembrou que este tipo de medicamento já é vendido nos Estados Unidos há mais de 50 anos, com excelentes resultados. E disse que a cultura dos genéricos passa pela prescrição dos próprios médicos, campanhas de conscientização da população e produção em massa de medicamentos.

12/12/2000

Agência Senado


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