Serra sobe e Ciro cai








Serra sobe e Ciro cai
O horário eleitoral gratuito dá novo ânimo à campanha do candidato do governo, que subiu cinco pontos. Já o representante da Frente Trabalhista amargou uma queda de sete pontos. Lula segue na frente

A sucessão presidencial vai esquentar. Depois de dez semanas amargando índices descrescentes nas pesquisas de intenção de voto, a candidatura de José Serra (PSDB-PMDB) reagiu e avançou significativamente sobre seu principal adversário na disputa, o candidato da Frente Trabalhista, Ciro Gomes (PPS-PTB-PDT). Segundo pesquisa do instituto Vox Populi realizada nos dias 25 e 26 de agosto, com exclusividade para o Correio Braziliense, a diferença de Ciro para Serra caiu de 22 para 10 pontos percentuais. A reação de Serra provocará, a partir de hoje, uma mudança radical na estratégia do candidato do PPS.

Essa é a primeira pesquisa feita no país após o início do horário eleitoral gratuito. O candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT-PL) continua liderando a disputa, com 34% das intenções de voto — contra 35% da pesquisa anterior. Ciro caiu de 32% para 25%, e Serra subiu de 10% para 15%. O candidato Anthony Garotinho (PSB) continua em quarto lugar, caindo de 10% para 8% das intenções de voto. Foram entrevistados 2.468 eleitores em 154 municípios. A margem de erro é de 2,2%.

‘‘Serra está retomando o tamanho que sempre teve’’, avalia o cientista político Marcos Coimbra, diretor do Vox Populi. Ele afirma que o candidato chegou a atingir 24% em março deste ano, e iniciou sua trajetória de queda no final de junho, quando tinha 21%. ‘‘A questão que se coloca agora é saber qual o tamanho e a velocidade dessa reação’’, diz Coimbra. Nas simulações de segundo turno, Lula vence Ciro (47% a 39%) e Serra (48% a 35%). Ciro só seria eleito presidente se concorresse com Serra. Nesse caso, o candidato da Frente Trabalhista teria 46% dos votos, contra 32% do seu adversário.

A pesquisa do Vox Populi capta as primeiras reações do eleitorado à propaganda eleitoral gratuita no rádio e na TV. Nos seus programas, a candidatura de Serra tem atacado o adversário Ciro Gomes, mostrando reações agressivas do candidato contra eleitores e explorando as críticas que ele fez no passado a seus aliados atuais, como o ex-senador Antonio Carlos Magalhães. ‘‘É possível que Serra continuará insistindo nessa estratégia’’, arrisca Marcos Coimbra. Para 19% dos eleitores entrevistados, o programa de Lula é o melhor. E os programas de Ciro e de Serra estão empatados na preferência dos eleitores: cada um é avaliado positivamente por 13% dos entrevistados.

O crescimento de Serra se deu quase que integralmente sobre a candidatura de Ciro Gomes, uma vez que Lula e Garotinho ficaram estáveis. O diretor do Vox Populi explica que Lula tem os votos mais consolidados entre os demais concorrentes à Presidência da República. Isso significa que qualquer crescimento de Serra se dará às custas dos votos de Ciro Gomes. Garotinho, por sua vez, está isolado no quarto lugar e não deverá apresentar alterações consideráveis.

Dos quatro principais candidatos à Presidência da República, Anthony Garotinho é o que possui maior rejeição. Entre os eleitores entrevistados, 27% disseram que não votaria nele de qualquer maneira. O segundo mais rejeitado é Lula, com 24% de rejeição, seguido de Serra (19%) e Ciro (14%). Além desse alto nível de rejeição, Serra também terá que enfrentar o descontentamento dos eleitores com o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso — seu principal cabo eleitoral — para avançar sobre Ciro Gomes. Para 38% dos eleitores, o futuro presidente da República deve mudar todas as políticas do atual governo.


TSE pune baixarias no horário eleitoral
José Serra e Ciro Gomes terão de mudar estratégias nos programas gratuitos na TV e no rádio. Tribunal Superior Eleitoral não vai permitir abusos

Os candidatos a presidente da República José Serra (PSDB) e Ciro Gomes (PPS) tiveram ontem motivos para lamentar e comemorar decisões do Tribunal Superior Eleitoral. No início da tarde, o ministro Caputo Bastos puniu o senador tucano pelo uso das imagens em que Ciro xinga o ouvinte de uma rádio baiana. À noite, o ministro José Gerardo Grossi proibiu o candidato do PPS de repetir nos próximos programas o trecho em que o locutor diz que ‘‘acabaram as baixarias’’.

O primeiro a tomar uma decisão foi Caputo Bastos. O ministro puniu Serra com a perda do dobro dos minutos que usou para veicular as imagens de Ciro chamando o ouvinte de ‘‘burro’’. O juiz criticou a forma como a cena foi ao ar, sem a divulgação da pergunta do ouvinte, que seria ofensiva. Agora, a Rede Minas, responsável pela geração do programa gratuito, identificará o tempo exato em blocos e comerciais que a imagem foi divulgada.

O TSE, então, multiplicará o número por dois para calcular os minutos que o programa do candidato tucano perderá. ‘‘Não posso admitir que a propaganda sirva para atender a práticas desleais’’, destaca o ministro, em seu relatório. O advogado de Serra, Eduardo Alckmin, tem até a tarde de hoje para entrar com recurso. Em seguida, o caso deve ser levado ao plenário do Tribunal, que tomará a decisão final. Se os juízes concordarem com Caputo Bastos, uma tarja preta aparecerá na tela durante o tempo da punição.

O senador Roberto Freire (PE), presidente nacional do PPS, partido de Ciro, comemorou a decisão. ‘‘Foi bom que se decidisse assim. Agora, nós poderemos ver o programa de Serra com discussão de idéias e propostas’’, disse. ‘‘Não entendo isso não. O sujeito falou e nós apenas divulgamos as imagens. Não há mentira alguma’’, rebateu o deputado José Aníbal (PSDB-SP), presidente do partido.

Depois foi a vez de Gerardo Grossi divulgar nova decisão. O ministro proibiu a coligação de Ciro Gomes de repetir a imagem em que o locutor do programa diz que ‘‘acabaram aqui as baixarias’’. A cena foi ao ar no último sábado. A propaganda de Ciro, na ordem do horário eleitoral daquele dia e da próxima semana, é veiculada após a de Serra. ‘‘A reclamação de Serra não tem razão de ser. A própria Justiça o puniu por manipular uma imagem para denegrir a imagem de Ciro. Como se vê, não somos só nós que dizemos que o programa dele contém baixarias’’, reclamou o senador Roberto Freire.


Assédio eleitoral
Cooperativa que promete lotes e pede votos para candidato a distrital atua em outras cidades do DF. Polícia Federal investigará ofertas de vantagens a eleitores. PFL pediu explicações a Avenir Rosa

A promessa de venda de lotes para atrair eleitores é uma prática comum em várias localidades do Distrito Federal. Moradores do Paranoá, Samambaia, Santa Maria, Ceilândia e Recanto das Emas são alvo de integrantes da Cooperativa Rural de Trabalho e Habitação do Distrito Federal e Região Metropolitana (Coohapro). Na segunda-feira, o Correio revelou a ação da Coohapro no Combinado Agrourbano de Brasília II (Caub II), região de chácaras que fica entre o Gama e Recanto das Emas.

Há duas semanas, a Coohapro está cadastrando eleitores em escritórios e cobrando taxa de R$ 100 de adesão. Nas reuniões, faz propaganda política para o candidato a deputado distrital Avenir Rosa (PFL) e exige cópia do título de eleitor de todos os interessados nos lotes. Avenir Rosa promete ‘‘apoio aos assentamentos’’. Até agora, os líderes do movimento não revelaram aos associados onde ficam os lotes.

No Caub II, os eleitores receberam a proposta de adesão à Coohapro em troca de lotes a preços baixos (R$ 1.000). Cinco mil pessoas se reuniram no local para ouvir a oferta. Avenir Rosa, que é advogado, estava lá e distribuiu adesivos e jornais com propaganda eleitoral. Ele nega que tenha participaç


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