Serys comemora fortalecimento das cotas para negros, índios e pobres em universidades



Primeira parlamentar a discursar no Plenário do Senado nesta segunda-feira (8), a senadora Serys Slhessarenko (PT-MT) comemorou o fortalecimento das chamadas cotas para negros, índios e população de baixa renda. Ela elogiou o projeto de lei da Câmara que reserva no mínimo 50% das vagas nas universidades públicas federais e escolas técnicas para estudantes que tenham cursado integralmente o ensino médio em escolas públicas.

De acordo com o projeto - PLC 180/08, que a senadora relata na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania -, metade dessas vagas são para estudantes de famílias com renda per capita de até 1,5 salário mínimo, sendo a outra metade preenchida por alunos negros, pardos e indígenas, na proporção da ocorrência dessas etnias no estado em que a instituição de ensino estiver localizada.

A senadora leu o manifesto "Fome de Saber: a escola pública, os negros e os indígenas pedem passagem para a universidade pública", elaborado por movimentos sociais, entidades, sindicatos, políticos e associações em defesa do projeto aprovado.

- Na dor do parto do Brasil, há o sangue do africano escravizado, da africana escravizada. Há sangue dos indígenas autóctones. Há o peso do poder de fogo, objetivo e subjetivo, do colonizador branco, barbudo, como diria Darcy Ribeiro. Nossa tradição cristã, como nos ensina Florestan Fernandes, nos fez tementes a Deus e ao pecado. Por causa do pecado, nunca foi de bom-tom falar em público das coisas feias dos mais de 350 anos de escravidão. Por isso o racismo das rodinhas privadas e das restrições públicas sempre quis se esconder. Impossível, porém, ser deixado embaixo do tapete pela razão - leu Serys.

A senadora também louvou os bons resultados do Programa Universidade para Todos (ProUni), do governo federal - um sistema público de bolsas de estudos em universidades privadas. De 2004 até 2008, disse Serys, algo em torno de 384 mil pessoas já foram beneficiadas pelo ProUni.

- Muitos talentos puseram os pés na universidade privada, não apenas para fazer a massa e pôr cimento, como entoa a canção, mas desta vez para estudar. A maioria era a primeira geração de suas respectivas famílias que ia para a universidade. Mais de cem mil negros e negras e indígenas entraram na universidade - afirmou Serys.

Escritora mato-grossense

Serys aproveitou para homenagear a escritora Nilza Queiroz, primeira mulher eleita para presidir a Academia Mato-Grossense de Letras. De acordo com a senadora, Nilza Queiroz é contadora e passou no vestibular quando tinha 50 anos, tornando-se escritora aos 65 e, aos 75 anos, assumiu a presidência da Academia Mato-Grossense de Letras, instituição que existe há mais de 90 anos.

- Nilza é uma lutadora; já escreveu mais de 500 crônicas e um livro, Crônicas da Cidade Verde, com crônicas de Cuiabá (chamada de Cidade Verde). Ela fala do cotidiano da cidade. Acabou, com muita luta, conseguindo publicar esse livro. Quer dizer, uma mulher lutadora, guerreira, batalhadora. É um exemplo a ser seguido pela perseverança e persistência na conquista de seus objetivos como mulher e como profissional - afirmou Serys.



08/12/2008

Agência Senado


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