Serys culpa também a Justiça por chacina de sem-terras



A senadora Serys Slhessarenko (PT-MT) disse nesta segunda-feira (22) que a Justiça também é culpada pelo assassinato de cinco trabalhadores sem terra, ocorrido no último final de semana, no acampamento Terra Prometida, localizado no Vale do Jequitinhonha, município de Felisburgo (MG). O acampamento foi instalado na Fazenda Nova Alegria, que se encontra em processo de desapropriação. A senadora disse que a morosidade e a postura de determinadas instâncias têm colaborado para esse tipo de violência contra o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

Serys pediu a prisão imediata do proprietário da Fazenda Nova Alegria, Adriano Chafik, pois existem indícios de que foi ele o mandante dos assassinatos.

- Os trabalhadores sem terra vinham sofrendo ameaças há muito tempo. É a chacina anunciada. Para quem vinha falando em novembro vermelho, é o sangue desses trabalhadores que está sendo brutalmente derramado pelo latifúndio lá de Minas Gerais - afirmou. Segundo ela, metade das terras dessa fazenda é grilada e pertence ao governo de Minas Gerais.

A senadora ainda explicou que em Mato Grosso os grileiros se apropriaram de cerca de 3,2 milhões de hectares de terras públicas. Se elas fossem retomadas, a reforma agrária seria feita "com folga", sem precisar fazer nenhuma desapropriação, disse ela, para quem o governo gasta fortunas para desapropriar terras públicas e a Justiça contribui para isso com morosidade nos processos.

O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) sugeriu que a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da Terra se empenhe para que esses assassinatos sejam esclarecidos e a justiça seja feita. O senador Pedro Simon (PMDB-RS) disse não entender por que a reforma agrária não sai, uma vez que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou durante a campanha eleitoral que seria o único habilitado para fazê-la. "E eu acreditei", frisou.

O senador Mão Santa (PMDB-PI) disse que a terra é de Deus e tem que ser dividida entre todos. "Esse Lula não quer conversar. Só fica com aqueles puxa-sacos. Os ricos desse país não querem dividir", assinalou. O senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) observou que, apesar das promessas, o governo Lula está fazendo menos assentamentos que o governo Fernando Henrique Cardoso. Ele acrescentou que não há conivência do governo de Minas Gerais com o crime e que o governador Aécio Neves determinou esclarecimento o mais rápido possível.

Serys ainda registrou a notícia de que foi aprovado, pelo Comitê Internacional para o Comércio de Créditos de Carbono, em Bonn, na Alemanha, o primeiro projeto de venda desse tipo de créditos no mercado. "E é brasileiro", comemorou.



22/11/2004

Agência Senado


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