Sífilis pode se tornar epidemia no Brasil, adverte Augusto Botelho
O senador Augusto Botelho (sem partido-RR) advertiu nesta quinta-feira (7) que triplicou, nos consultórios médicos, o número de pacientes com sífilis em todo o Brasil. A maioria dos infectados, observou, é composta por jovens que, por acaso, se descobrem com a doença. Oficialmente, conforme dados citados pelo senador, há 1 milhão de doentes no país, "mas esse número pode ser muito maior".
A Sociedade Brasileira de Dermatologia informou à revista Veja que, em duas décadas, nunca se viu tantos casos de sífilis no país. De acordo com Augusto Botelho, que é médico, a principal causa do aumento de paciente com a doença está no descaso, principalmente com a resistência de parte da população ao uso de preservativo.
O senador citou pesquisa do Ministério da Saúde segundo a qual apenas 21% dos brasileiros usam preservativos - 31% menos que a média de países desenvolvidos.
Drama
Na Região Norte, o drama é ainda maior, como adverte Augusto Botelho: muitos ribeirinhos, indígenas e agricultores familiares, que vivem isolados na floresta, na beira dos rios, vão às cidades comprar alimentos e equipamentos necessários à sua manutenção e sobrevivência, entram em contato com a doença na cidade e a transmitem a suas companheiras em suas aldeias e comunidades.
O senador disse que, como o acesso ao atendimento médico nesses locais é bastante precário, a maioria dos infectados por doenças venéreas, moradores de região isolada na Região Norte, demora muito para diagnosticar a doença.
A sífilis, segundo afirmou, chama a atenção dos médicos por ser a única doença venérea a reunir duas características temerosas: altamente transmissível, seus sintomas podem passar despercebidos.
- Estamos correndo o risco de ver a sífilis virar, no Brasil, uma epidemia grave - afirmou.
Infecção
O processo infeccioso da sífilis, como explicou o senador, pode durar até dez anos e é interrompido com apenas uma dose de antibiótico. O cenário muda na etapa avançada, quando a bactéria começa a matar os neurônios e a atacar o sistema nervoso dos pacientes. Em tal fase, o tratamento nem sempre é eficaz. Cerca de 10% dos pacientes morrem em decorrência da doença.
Augusto Botelho recorreu à história para explicar as origens da sífilis: uma das primeiras notícias da infecção em massa causada pela doença data de 1494, ano em que o exército do rei da França, Carlos VIII, invadiu a Itália para conquistar Nápoles. O episódio ficou conhecido como Guerra da Fornicação. Metade dos 12 mil soldados foi vitimada pela doença, que recebeu até o apelido de mal francês.
O nome "sífilis" surgiu em 1530, quando o médico e poeta italiano Girolamo Fracastoro, ao descrever a enfermidade, fez referência ao mito grego do pastor Syphilus, que amaldiçoou Apolo e foi punido com o que seria uma doença venérea.
07/10/2010
Agência Senado
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