Simon apela a FHC: resista às pressões dos EUA pela Alca
O senador Pedro Simon (PMDB-RS) fez um apelo ao presidente Fernando Henrique Cardoso, em pronunciamento no plenário, nesta sexta-feira (20), para que o chefe do governo brasileiro resista "às pressões" dos Estados Unidos em favor da criação da Aliança de Livre Comércio das Américas (Alca) durante a reunião de chefes de governo na cidade de Quebec, no Canadá.
No entender do parlamentar gaúcho, os norte-americanos querem transformar "todos os países latino-americanos em colônias". Ele também manifestou apoio à proposta lançada pelo senador Roberto Saturnino (PSB-RJ) de realização de um plebiscito no país, para que o povo brasileiro "diga se quer entrar na Alca, quando e como".
A possibilidade de isolamento do Brasil dentro das negociações da Alca não deve assustar ou impressionar o governo, acrescentou Simon, que lamentou declarações do ministro argentino da Economia, Domingo Cavallo, dizendo preferir negociar diretamente com os norte-americaos ao invés de encaminhar os entendimentos por meio do Mercosul.
Simon fez a defesa da proposta integracionista representada pelo mercado comum do Cone Sul e lembrou o sucesso da Comunidade Econômica Européia, que depois de séculos de divergências e guerras construiu ao longo de meio século de entendimentos um mercado comum, uma moeda comum, um parlamento supranacional e um bloco econômico que, no mundo de hoje, é o único em condições de equiparar-se ao poderio dos Estados Unidos.
O senador gaúcho também destacou os exemplos do Japão e dos "tigres asiáticos" na busca de caminhos próprios para seu desenvolvimento e integração regional, lamentando a pressa brasileira em adotar a globalização e a abertura de suas fronteiras. Simon lembrou que essa abertura começou no governo Collor e prosseguiu no governo de Fernando Henrique Cardoso. Ele repudiou a política de privatizações que vendeu, "de forma suspeita, que precisará ser esclarecida por uma CPI no futuro", estatais que foram fundamentais para alavancar o crescimento nacional.
Para Simon, o governo brasileiro deve persistir na implantação do Mercosul e na criação de um grande e integrado mercado latino-americano, antes de concluir qualquer entendimento com os Estados Unidos em torno da Alca. Do contrário, concluiu, a economia norte-americana dominará todo o continente, a exemplo do que a sociedade norte-americana já faz com o mundo, por meio da música, do cinema e da língua. "Uma dominação que resulta superior ao próprio domínio do Império Romano na Antigüidade", destacou.
20/04/2001
Agência Senado
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