SUPLICY: REAÇÃO DO GOVERNO A PRESSÕES POR ALCA É POSITIVA



A reação de alguns setores do governo às pressões americanas em favor da Área de Livre Comércio nas Américas (Alca) foi interpretada nesta quinta-feira (dia 14) pelo senador Eduardo Suplicy (PT-SP) como indicativas de que, após seguir passivamente as regras do jogo do comércio internacional formuladas pelas grandes potências ao longo de toda a década de 90, "o governo começa a se mobilizar para uma defesa um pouco mais consistente dos interesses comerciais externos do país". Para o senador, são preocupantes as pressões sofridas pelo Brasil por parte dos Estados Unidos e do Canadá, um, para forçar a criação da Alca, o outro, com ameaças de retaliação comercial por conta de disputas com a Embraer no mercado de aeronaves. "O Canadá conseguiu autorização da Organização Mundial do Comércio (OMC) para aplicar retaliações e a diplomacia brasileira está se preparando para responder à altura", disse o senador. No entanto, Suplicy considerou que semelhantes disputas devem ser encaradas com naturalidade, sem o catastrofismo que o ex-ministro das Telecomunicações, Luís Carlos Mendonça de Barros, teria revelado em entrevista publicada ontem no jornal O Estado de São Paulo, onde previu a derrota do Brasil frente aos Estados Unidos, com posterior dolarização das Américas. O que importa, na opinião do senador, é que a própria agressividade de alguns países desenvolvidos em relação ao Brasil parece refletir em mudança na postura passiva dos governos brasileiros. Suplicy fez questão de especificar que setores do governo reagiram corretamente, a seu ver, a declarações "extraordinariamente antidiplomáticas e grosseiras" do embaixador Richard Fischer, o número dois do escritório de representação comercial dos Estados Unidos.: os ministros do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Alcides Tápias, da Agricultura e do Abastecimento, Pratini de Moraes, das Relações Exteriores, Luiz Felipe Lampreia, e do embaixador Botafogo Gonçalves. E elogiou a resposta dada pelo representante brasileiro na OMC, Celso Amorim, às "grosserias" do embaixador canadense. "O Ministério da Fazenda e o Banco Central estão se mantendo estranhamente silenciosos e omissos", estranhou. Na avaliação do senador, o comportamento passivo do Brasil na década de 90 foi ingênuo e imprudente: concessões unilaterais feitas sem contrapartida, combinadas com persistente sobrevalorização cambial, sistema tributário inadequado e custos financeiros proibitivos impuseram dificuldades para as empresas brasileiras, que perderam mercados duramente conquistados no exterior. O desequilíbrio nas contas externas, o aumento recorde dos níveis de desemprego e a estagnação da economia interna foram, a seu ver, outros resultados da postura de passividade dos governos brasileiros recentes. Suplicy também pediu a transcrição, nos anais da Casa, da declaração do 2º Encontro Sindical do Mercosul, em que entidades sindicais de vários países propõem a realização de plebiscito antes da criação da Alca.

14/12/2000

Agência Senado


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