SIMON: ATITUDE DE MILITARES NO ENTERRO DE GOULART FOI "ESTRANHA"



 SIMON: ATITUDE DE MILITARES NO ENTERRO DE GOULAR FOI "ESTRANHA"

O senador Pedro Simon(PMDB-RS) fez nesta sexta-feira (dia 12) em plenário relato pormenorizado dascircunstâncias em que se deu o enterro do ex-presidente João Goulart, morto em 6 dedezembro de 1976, na Argentina. Simon manifestou estranheza com relação ao comportamentodos militares, que sequer permitiram a abertura do caixão pelos parentes de Goulart. Osenador contou o que presenciou na ocasião como forma de colaborar com as investigaçõessobre a morte do ex-presidente, iniciadas na quinta-feira pela Câmara dos Deputados.
Segundo Simon, as atitudes suspeitas por parte dos militares começaram já durante otraslado do corpo do ex-presidente, de sua fazenda, na Argentina, para o territóriobrasileiro. Ao cruzar a fronteira, o carro em que era transportado o caixão estava a 160quilômetros por hora e quase atropelou os brasileiros - moradores do Rio Grande do Sul -que tentavam prestar suas últimas homenagens a Goulart. Nascido na cidade gaúcha de SãoBorja, o político vivia exilado na província argentina de Corrientes.
Apesar das gestões de parlamentares como Simon e o então senador Tancredo Neves, osmilitares não permitiram homenagens ao presidente morto, concedendo-lhe apenas o enterropuro e simples em São Borja (RS). O caixão chegou ao centro da cidade cercado por forteesquema de segurança, mas foi levado pelo povo para dentro da igreja matriz, onde umcerimônia religiosa foi realizada sob a vigilância das Forças Armadas, e sem que ocaixão fosse aberto. Já no cemitério, foram ouvidos dois discursos, contrariando odesejo dos militares - um deles de Simon e o outro de Tancredo.
Para Pedro Simon, a pressa dos militares e sua recusa em deixar ver o corpo de Goulartreforçam as suspeitas de que a morte do ex-presidente pode ter sido provocada, e nãonatural, como anunciado pelos governos do Brasil e da Argentina. Segundo a versãooficial, Goulart teria sofrido um ataque do coração, mas há quem afirme que seusremédios foram trocados propositadamente.
- Foi uma injustiça e uma brutalidade o tratamento dado a Goulart, um homem que evitou aguerra civil e teve seu mandato roubado - disse Simon, que espera do governo FernandoHenrique as honras e as homenagens que o ex-presidente ainda não recebeu.



12/05/2000

Agência Senado


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