Simon: Brasil mudou repentinamente com a morte de Getúlio Vargas



Ao relembrar os 40 anos do Movimento da Legalidade e os 47 anos do suicídio de Getúlio Vargas, o senador Pedro Simon (PMDB-RS) ressaltou o "momento fantástico" vivido pelo Brasil após a morte trágica do então presidente.

- É difícil encontrar um instante em que a nação brasileira, em questão de um minuto, mudou tanto do ódio para o amor e do amor para o ódio - afirmou o parlamentar, em discurso proferido da tribuna nesta quarta-feira (dia 22).

O parlamentar lembrou que Getúlio Vargas foi a primeira vítima no Brasil de uma campanha orquestrada por toda grande imprensa para desmoralizar um presidente da República, campanha esta comandada pelo jornalista Carlos Lacerda.

Pedro Simon relatou que Getúlio Vargas se esforçou para mostrar sua inocência, mas quando resolveu se licenciar do governo para que as denúncias fossem apuradas, o ministro da Guerra - "que na verdade o estava traindo", ressaltou Simon - disse "com a maior franqueza e frieza: "não, agora os militares não aceitam mais sua licença, querem sua renúncia"".

O senador afirmou que Tancredo Neves, com pouco mais de 30 anos mas já ministro da Justiça, pediu que Getúlio Vargas o nomeasse ministro da Guerra, o que lhe permitiria demitir todos os que queriam sua saída. De acordo com Simon, Getúlio agradeceu, meditou e chegou a sua própria conclusão. Deu por encerrada a reunião, que durou toda a madrugada, e retirou-se para o seu quarto, onde se suicidou.

O parlamentar recordou que, quando o Reporter Esso - o radiojornal de maior audiência na época - noticiou a morte de Getúlio, foi impressionante a modificação que se iniciou no Brasil. Ele relatou que em Porto Alegre a população queimou o Diário de Notícias e a Rádio Farroupilha, contrários a Getúlio, numa "impressionante demonstração de mágoa, sentimento, dor e revolta". No Rio de Janeiro, lembrou, o povo prestou um tributo até hoje não comparável, carregando, a pé, seu caixão, do Palácio do Catete até o aeroporto".

Simon destacou que, quando se abriu o inventário de Getúlio, viu-se que ele deixava apenas uma fração de terras que ganhou do pai, em São Borja, ao passo que a imprensa mencionava uma "fortuna fantástica", um "mar de dinheiro" que ele teria acumulado nos 20 anos em que foi presidente da República.

O parlamentar finalizou seu discurso ressaltando a ironia de que os integrantes da União Democrática Nacional (UDN), que nunca conseguiram chegar ao poder pelo voto, queriam fazê-lo pelo golpe. Mas quando conseguiram, com a derrubada de João Goulart, "cinco generais se perpetuaram no poder, fazendo que velha UDN terminasse por desaparecer, sem nunca ter chegado ao poder".

22/08/2001

Agência Senado


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