SIMON: "CLÓVIS CARVALHO FOI IRRESPONSÁVEL"



O senador Pedro Simon (PMDB-RS) cobrou do presidente da República uma ação enérgica diante do fato de, em recente seminário do PSDB, o ministro do Desenvolvimento, da Indústria e do Comércio, Clóvis Carvalho, ter criticado a política econômica conduzida pelo ministro da Fazenda, Pedro Malan, com a afirmação de que "o excesso de cautela, a essas alturas, será o outro nome para covardia". Na avaliação do senador, Clóvis Carvalho "foi irresponsável ao acusar Malan", cabendo a Fernando Henrique tomar uma decisão "sob pena de o presidente perder a autoridade no governo".- O presidente Fernando Henrique Cardoso tem que dar uma resposta à altura. O que ele não pode é assistir a tudo isso e ficar calado, porque o que está em jogo é a sua própria autoridade - disse Simon, que considerou as declarações de Clóvis Carvalho "demagógicas". Na avaliação do senador, "as afirmações irresponsáveis do ministro do Desenvolvimento desmoralizaram o próprio código de ética do governo, colocando o presidente numa situação difícil". Para Simon, os ministros podem até divergir das políticas adotadas, mas não podem agredir com linguagem grosseira e desrespeitosa os seus colegas de Ministério - o que, em sua avaliação, requer a intervenção do presidente da República.- Do contrário, isso poderá abrir caminho para novas crises, envolvendo outros setores do governo - previu o senador.Depois de deixar claro não acreditar que o ministro do Desenvolvimento tenha falado em nome de Fernando Henrique, Simon estranhou que Clóvis Carvalho tenha criticado duramente a política econômica do governo no momento em que o presidente dava "uma resposta à altura dos reclamos das oposições" e anunciava um plano de investimentos da ordem de um trilhão de reais, destinados principalmente a atender a área social e promover o desenvolvimento sustentado.Na opinião de Simon, o ministro Pedro Malan não demonstra ser um covarde na condução da economia. O senador reconheceu que Malan faz de tudo para conter a inflação, conservar a estabilidade da moeda e manter o orçamento equilibrado. O parlamentar gaúcho lembrou, no entanto, sua posição crítica em relação a aspectos da atual política econômica e à privatização de setores considerados básicos.Ao enfatizar que não estava fazendo críticas a Fernando Henrique e sim solidarizando-se com o presidente diante do "triste" episódio envolvendo as declarações do ministro do Desenvolvimento, Pedro Simon garantiu que existe no seio do governo uma unanimidade: ninguém gosta de Clóvis Carvalho. O senador Bernardo Cabral (PFL-AM), em aparte, disse que as críticas de Simon eram construtivas e que a sua análise tinha por objetivo contribuir para a superação do que chamou de momento difícil por que passa o presidente da República. Também em aparte, a senadora Marina Silva (PT-AC) afirmou que o incidente entre os ministros demonstra a ausência de propostas de governo para o país.

03/09/1999

Agência Senado


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