Simon condena cobertura jornalística do golpe na Venezuela



O senador Pedro Simon (PMDB-RS) criticou nesta segunda feira (15) o desempenho da mídia na cobertura da destituição e posterior retorno ao poder do presidente da Venezuela, Hugo Chavez. Segundo o senador, o que houve na Venezuela foi um golpe executado pelos empresários, com o apoio de militares e da própria mídia. Posteriormente, destacou, o presidente eleito democraticamente retornou ao governo por pressão de setores das Forças Armadas apoiados por amplos segmentos da população pobre daquele país.

- Que a grande mídia nacional e internacional veja o escândalo que ela fez na Venezuela. Em primeiro lugar, ela apoiou o golpe, abriu suas baterias para desmoralizar o governo democrático e deu apoio a todos os atos, rápidos mas cruéis, praticados pelos golpistas, como fechar o Congresso e o Supremo Tribunal - criticou Simon.

Pedro Simon também condenou a forma como a mídia, "dominada pelas grandes empresas de comunicação norte-americanas", escondeu os fatos que marcaram o processo político depois que o empresário Pedro Carmona, presidente da Federação dos Empresários, assumiu o poder por 48 horas. Conforme o senador, os meios de comunicação "não deixaram aparecer nenhum fato ou indício de que as coisas estavam andando, que o golpe estava caindo e o governo democrático estava voltando".

O senador acusou o presidente norte-americano George Bush de fazer coro com a mídia. "Numa alegria incontida, Bush saudou o novo governo dizendo que estava tudo ótimo", disse Simon, para quem a posição do presidente Fernando Henrique em relação ao episódio foi ambígua.

- Primeiro, ele lamentou o que aconteceu, e essa foi uma boa atitude. Mas, em seguida, ele pediu a realização de eleições o mais breve possível, indicando haver aceito o golpe que fechou o Legislativo e a Corte Suprema - observou o senador. Para Simon, os fatos ocorridos durante o último fim de semana na Venezuela são exemplo do que a mídia pode fazer com a vida política de um país. "A América Latina caminha em um fio de arame para consolidar a democracia", afirmou o senador, para quem o continente viveu, neste fim de semana, um dos acontecimentos mais importantes da sua história.

- O que aconteceu na Venezuela é um fato marcante que merece a nossa admiração. Por isso, envio daqui o meu abraço muito fraterno aos seus líderes que restabeleceram o processo democrático, especialmente ao presidente Chavez, que reassumiu com um pronunciamento de bom senso, onde não fala em retaliação, mas em entendimento com toda sociedade - observou Simon.

Os senadores Luiz Otávio (PPB-PA) e Lindberg Cury (PFL-DF) apoiaram o pronunciamento de Simon.



15/04/2002

Agência Senado


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