Simon diz que eleição e posterior renúncia de Jader foi jogada maquiavélica de FHC



O senador Pedro Simon (PMDB-RS) disse na tarde desta segunda-feira (dia 22) que a eleição para a presidência do Senado e o posterior processo de cassação que levou à renúncia de Jader Barbalho (PMDB-PA) foram passos de uma jogada metódica e maquiavélica executada pelo presidente da República Fernando Henrique Cardoso. Simon tratou dos bastidores da ascensão e queda de Jader em resposta a comentário do ex-ministro Ciro Gomes (PPS-CE), em palestra realizada na Câmara Brasileira de Construção Civil, em Recife. Na ocasião, Ciro teria dito que Simon votou em Jader para presidente do Senado.

Na véspera da eleição para a presidência do Senado, lembrou Simon, o PMDB ainda não tinha escolhido seu candidato. "Falavam no nome de Jader Barbalho, mas, por já ser presidente do partido e líder da bancada, era pouco provável". A indicação de José Sarney (PMDB-AP) pelo então presidente da Casa, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), e o veto a Jader, na avaliação do senador gaúcho, foram decisivos para o partido tomar uma posição.

- Na época, ACM era o vice-rei do Brasil, o dono do Congresso e do Senado, o presidente Fernando Henrique tremia diante das palavras dele. A bancada do PMDB ficou numa situação de aceitar o veto ou não. Numa reunião do partido, Jader fez um longo pronunciamento e entregou dois dossiês de ex-presidentes do Banco Central o inocentando. Resolvemos dar um voto de confiança para não aceitar o veto, mas achávamos que o nome dele não seria aceito pelo PSDB - revelou Simon.

Para surpresa da bancada do PMDB, segundo Simon, os senadores do PSDB foram orientados pelo Palácio do Planalto a votar em Jader, para que o deputado Aécio Neves (PSDB-MG) vencesse a disputa pela presidência da Câmara dos Deputados.

- Jader ganhou, mas FHC foi mais além: orientou o PSDB e o PFL a votarem pela cassação de ACM no episódio da violação do painel eletrônico, que estava sendo investigado pelo Conselho de Ética - disse.

Após a renúncia de Antonio Carlos, prosseguiu Pedro Simon, o Banco Central emitiu um terceiro parecer, desta vez com várias denúncias contra Jader Barbalho.

- Ninguém há de imaginar que o presidente do Banco Central (Armínio Fraga), de repente, sem mais nem menos, distribuiria um relatório novo, coisa que ele não fez durante todo o debate - afirmou, acrescentando que, historicamente, o Banco Central não se envolve, não cobra e sequer cumpre o seu papel de fiscalização.

Para o senador pelo Rio Grande do Sul, "talvez não tenha havido outra jogada tão maquiavélica de Fernando Henrique como essa":

- Primeiro apoiou Jader, que parecia o tal quando foi eleito presidente. Depois incentivou PFL e PSDB a votarem pela cassação de ACM no Conselho de Ética. Quando Jader parecia um herói, após a renúncia de Antonio Carlos, o Banco Central apresenta um relatório que termina por levar a sua renúncia - enumerou Simon.

22/10/2001

Agência Senado


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