Simon homenageia memória de Celso Furtado, criador da Cepal e da Sudene



O senador Pedro Simon (PMDB-RS) homenageou a memória do economista Celso Furtado, que morreu no sábado (20), a quem classificou como o maior dos economistas brasileiros.

- É uma perda enorme, ficamos menores, mais pobres, mais humildes, e tenho a tristeza de constatar que o Brasil não aproveitou a grandeza de Celso Furtado como deveria - disse.

Simon, que foi companheiro de Celso Furtado no PMDB e no Ministério Sarney (Simon na Agricultura e Furtado na Cultura), pediu a transcrição nos anais do Senado da última entrevista de Furtado, em que ele não se mostrava otimista nem com o país, nem com o atual governo.

- Celso Furtado não ganhou o Prêmio Nobel porque nasceu em um país pobre, mas que mereceu, mereceu. Ele engrandeceu e honrou o governo Sarney, o PMDB, e o seu país - observou.

No histórico que fez da carreira de Celso Furtado, Simon destacou que ele foi um dos criadores da Comissão Econômica para a América Latina (Cepal), que elaborou o Plano de Metas do governo Juscelino Kubitschek, do qual foi executor, e que criou o Plano Trienal de João Goulart (depois da derrubada, por plebiscito, do parlamentarismo) e a Superintendência para o Desenvolvimento do Nordeste (Sudene).

- O ex-presidente Fernando Henrique, em vez de aprimorar a Sudene, corrigir-lhe os defeitos que surgiram com o tempo, preferiu acabar com a Sudene, o que foi um erro - comentou.

Simon lembrou que, depois do movimento militar de 1964, Celso Furtado exilou-se no Chile e depois na França. Em Paris, lecionava em duas universidades, a Sorbonne e a de Paris. Dizia que era da classe média alta francesa, porque tinha dois empregos, um apartamento de dois quartos e um automóvel. E comparava a classe média francesa com a brasileira, esbanjadora, com casas no litoral, apartamentos de quatro quartos, dois automóveis em cada família, contou o senador.

Ele contou ainda que a mulher de Celso Furtado, a jornalista Rosa Freire d'Aguiar, que também dava aulas em universidade, o levava de carro até o trabalho, de manhã. Depois da aula, Furtado tomava o metrô até a outra universidade e, no fim do dia, Rosa o pegava de carro para levá-lo para casa.

- Nesta época de globalização, de egoísmo, de internacionalização, é importante lembrar de Celso Furtado, um homem brilhante que falava nas crianças, em subdesenvolvimento, que se preocupava com o seu Nordeste - disse Simon, emocionado.



22/11/2004

Agência Senado


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