SIMON NÃO ESTÁ SATISFEITO, MAS NÃO VÊ MOTIVO PARA "IMPEACHMENT" DE FHC
"Pedir renúncia do presidente é golpismo. Perdoem minha sinceridade, mas no presidencialismo não se pede renúncia, porque este é um ato que cabe só ao presidente." Esse foi o tom de discurso pronunciado nesta segunda-feira (dia 23) pelo senador Pedro Simon (PMDB-RS), destinado a comentar os 45 anos do suicídio de Getúlio Vargas e a marcha dos 100 mil a Brasília, na quinta-feira (dia 26).- Digo com todas as letras: não estou satisfeito com o governo do senhor Fernando Henrique Cardoso, mas não vejo razão para votar o seu impeachment. Não vejo razão de corrupção, de imoralidade. Que façam o movimento dos 100 mil, que digam as verdades. Mas não podem misturar esse movimento com a exigência de renúncia - afirmou Simon.Para o senador gaúcho, se os manifestantes quiserem tirar o presidente Fernando Henrique de seu cargo, "que o façam conforme a lei". Primeiro, que a Câmara conceda licença para processar o presidente. Depois, o Senado, que então se transforma em tribunal.Simon disse ter receio toda vez que se começa um movimento pedindo renúncia de presidente da República. "Há 45 anos, o povo, levado por Carlos Lacerda à frente do Palácio do Catete, pedia renúncia, enquanto os militares, por trás, tramavam o golpe contra Getúlio. Em 64, pedia-se a renúncia de Jango, mas atrás os militares tramavam o golpe. Graças a Deus não há ninguém tramando golpe no Brasil."Ao comentar a frase do presidente Fernando Henrique, segundo a qual a marcha dos 100 mil "é a caminhada dos sem-rumo", Pedro Simon a considerou infeliz. "Talvez o presidente da República tenha de puxar essa marcha, pois este país não possui um rumo."- Que o presidente da República entenda esse movimento e saia da sua grandeza, da sua majestade. Que medite sobre sua baixa popularidade. Que a Oposição faça a sua marcha, mas não atravesse o sinal, porque não é bom para todos - ponderou Simon. O senador falou nesta segunda-feira (dia 23) sobre Getúlio Vargas porque estará amanhã (terça, dia 24) no Rio Grande do Sul para as homenagens ao ex-presidente, "um estadista, uma figura impressionante que, durante toda a vida, preocupou-se com o social".
23/08/1999
Agência Senado
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