SIMON QUER AUSTERIDADE NA LEGISLAÇÃO ELEITORAL



O senador Pedro Simon (PMDB-RS), dizendo-se espantado com os debates travados na Câmara dos Deputados em torno da nova lei eleitoral, sustentou hoje (dia 28) que esse assunto não pode ser decidido de acordo com os interesses de cada parlamentar, mas conforme a transparência que deve presidir as eleições. Ele defendeu a proibição de inaugurações nos 60 dias anteriores ao pleito e a utilização exclusiva de dinheiro público na campanha.

Simon afirmou que a reeleição não faz parte da tradição política brasileira e considerou "uma parcialidade, um exagero" permitir-se que governantes candidatos a permanecer no cargo possam participar de inaugurações nos 60 dias anteriores ao pleito. Como exemplo de isenção no trato desse assunto, o senador lembrou que o governador do seu Estado poderia perfeitamente beneficiar-se de inaugurações em sua campanha eleitoral, mas ressalvou que nem assim defende a tese.

Ao defender a exigência de utilização de dinheiro público nas campanhas eleitorais, ele sustentou que essa fórmula sai muito mais econômica para o país que a utilização de recursos particulares. Na análise de Simon, o escândalo PC Farias nasceu na campanha eleitoral de Collor, visto que as irregularidades praticadas depois da eleição tinham relação com dívidas contraídas na campanha.

- Tenho recebido muito telegrama desaforado contra essa idéia de fazer campanha eleitoral com dinheiro público. Mas a verdade é que o candidato, depois de eleito, vai pagar com correção monetária o dinheiro que arrecadou na campanha. Ninguém dá dinheiro de graça, esclareceu o senador.

Simon anunciou que, se vier para o Senado da forma como se encontra na Câmara, ele tentará emendar o projeto de lei eleitoral. Explicou também que 70% dos gastos de uma campanha eleitoral no Brasil são aplicados na propaganda transmitida por rádio e televisão, onde normalmente predomina o propósito de envernizar candidatos despreparados. "Mascara-se a campanha, tentando impedir que o eleitor saiba o que o candidato pensa. É um escândalo permitir isso", afirmou o parlamentar.

Conforme Simon, o que mais o surpreendeu no comportamento da Câmara ao deliberar sobre a lei eleitoral foi a falta de paixão na defesa de exigências que lhe dariam mais austeridade. "O que se vê na Câmara é profundamente deplorável. Não há nem o fingimento de que os parlamentares estão em busca do que é melhor para o país. Todos, com a mesma cara de pau, estão buscando atender seus próprios interesses", criticou o senador. Em apartes, Júlio Campos (PFL-MT) e Lauro Campos (PT-DF) o apoiaram.

28/08/1997

Agência Senado


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